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Por O Globo e agências internacionais — Kiev

As forças ucranianas afirmaram, nesta segunda-feira, ter atingido com sucesso um sistema de mísseis S-300 de Moscou dentro do território russo usando armas fornecidas pelo Ocidente. O anúncio ocorre dias após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, dar permissão à Ucrânia para realizar ataques limitados com armamentos americanos nas proximidades de Kharkiv, segunda maior cidade ucraniana e onde as tropas russas tiveram avanços significativos nas últimas semanas.

“Queima lindamente. É um S-300 russo. Em território russo. Os primeiros dias após a permissão para usar armas ocidentais em território inimigo”, postou no Facebook a ministra ucraniana Iryna Vereshchuk junto a uma foto que supostamente mostra o ataque.

Ainda não está claro se as armas utilizadas no ataque divulgado por Vereshcuk foram fornecidas pelos EUA. Quando a permissão para o uso das armas foi anunciada, na semana passada, autoridades americanas afirmaram que o Pentágono estava encarregado de dar a Kiev as diretrizes exatas do que poderia ser atacado na Rússia. Embora inovadora e ousada, a permissão concedida pelos Estados Unidos foi provisória e altamente condicionada, publicou a CNN nesta terça-feira.

A Ucrânia só teria autorização para atingir alvos ao redor de Kharkiv, e os EUA estariam firmes na decisão de não permitir que Kiev use a munição mais potente recebida para disparar na Rússia: os mísseis de longo alcance conhecidos como ATACMS (Sistemas de Mísseis Táticos do Exército), que podem atingir alvos a 300 quilômetros de distância. Os equipamentos foram “discretamente” incluídos no pacote de ajuda de US$ 300 milhões (R$ 1,5 bilhão) anunciado em 12 de março e repassado a Kiev no início e abril, explicou Garron Garn, porta-voz do Pentágono.

Segundo a CNN, Biden resistiu ao envio de mísseis de longo alcance por preocupação com a agilidade da produção do armamento, que precisa de “componentes complexos” para ser feito. A empresa que o fabrica faz cerca de 500 unidades por ano. A reavaliação da decisão ocorreu, porém, após a aquisição e uso de mísseis balísticos norte-coreanos pela Rússia contra a Ucrânia, além dos ataques à infraestrutura civil ucraniana. Diante disso, os EUA passaram a trabalhar nos bastidores para comprar mais mísseis e preencher os estoques dos militares americanos.

— Fomos capazes de avançar com a disposição do ATACMS ao mesmo tempo em que mantivemos a atual prontidão das nossas forças armadas — afirmou o major Charlie Dietz, também porta-voz do Pentágono. — Nós tínhamos alertado a Rússia contra a aquisição de mísseis balísticos norte-coreanos e contra ataques à infraestrutura civil na Ucrânia. Com as nossas preocupações de prontidão resolvidas, conseguimos cumprir o nosso alerta e fornecer esta capacidade de longo alcance à Ucrânia.

Apesar disso, o Exército ucraniano só teria permissão para usar mísseis de curto alcance conhecidos como GMLRS, que percorrem cerca de 70 quilômetros — decisão que foi elogiada por analistas militares ouvidos pela CNN. Franz-Stefan Gady, pesquisador do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, disse que os ataques transfronteiriços com GMLRS permitirão à Ucrânia “atingir áreas de preparação russas, centros de comando e controle, bem como depósitos de suprimentos”.

Para Gady, o uso do armamento não interromperá completamente, mas “complicará as operações militares russas em Kharkiv”. O entendimento ainda é compartilhado por Mathieu Boulegue, pesquisador consultor da Chatham House, no Reino Unido. Segundo o especialista, que foi ouvido pela CNN, a mudança de política não é um divisor de águas por si só, mas “um impulso extra para a Ucrânia se defender.”

Nesta terça-feira, o chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que o uso de armas fornecidas pelo Ocidente pela Ucrânia não contribuirá para a escalada da guerra. Um porta-voz do governo alemão disse à Deutsche Welle na última sexta-feira que Kiev poderia utilizar armas fornecidas pela Alemanha para atingir alvos legítimos na Rússia. Mais tarde, conforme a Sky News, o ministro da Defesa de Berlim, Boris Pistorius, esclareceu que a decisão se aplicava à área em torno de Kharkiv.

— Estamos certos de que [o uso de armas ocidentais] não contribuirá para uma escalada porque, como Joe Biden também descreveu, é apenas uma questão de sermos capazes de defender uma grande cidade como Kharkiv — disse Scholz, que no passado citou o receio de uma escalada como uma das principais razões para limitar o apoio da Alemanha à Ucrânia. — Acho que está claro para todos que isso (a escalada) deve ser possível. De acordo com o direito internacional, isso sempre foi possível.

Esta não é a primeira vez que a Rússia recebe ataques ucranianos com armas ocidentais em território que reivindica. Ainda segundo a CNN, a Ucrânia tem frequentemente alvejado a Crimeia, anexada por Moscou em 2014, usando mísseis “Storm Shadow” fornecidos pelo Reino Unido. As forças ucranianas também lançaram ataques em Kharkiv e Kherson no final de 2022, enquanto buscavam libertar as regiões ocupadas pela Rússia nas primeiras semanas da guerra.

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