Quatro acadêmicos de uma universidade de Iowa, nos Estados Unidos, foram atacados com uma faca enquanto visitavam um parque público na China nesta segunda-feira. A polícia local deteve um suspeito de ter cometido o crime contra os americanos, que estavam no país para lecionar numa instituição de ensino superior chinesa, anunciaram as autoridades locais nesta terça-feira.
De acordo com a polícia de Jilin, um homem de 55 anos caminhava no parque quando esbarrou num estrangeiro. Na sequência, o suspeito, identificado apenas pelo sobrenome Cui, teria esfaqueado o americano e os outros três acadêmicos que o acompanhavam, além de um chinês que se aproximou tentando intervir. Os feridos foram levados às pressas para um hospital, e nenhum estava em estado crítico.
Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian afirmou em entrevista coletiva que a polícia acredita que o ataque foi um “incidente isolado”, embora a investigação ainda esteja em andamento. Ele também disse que o caso “não interromperá os intercâmbios culturais e interpessoais normais entre os dois países”.
O presidente da universidade americana Cornell College, Jonathan Brand, disse nesta segunda-feira que os professores foram atacados num “incidente grave”. Ele confirmou que os americanos participavam de um programa em parceria com a Universidade de Beihua, localizada no nordeste da China, numa cidade industrial a cerca de mil quilômetros de Pequim, e acrescentou que nenhum estudante foi enviado ao país.
![Quatro professores de faculdade dos EUA são esfaqueados na China — Foto: Reprodução Maps](https://s2-oglobo.glbimg.com/GMwArVTrAmBEqUFVOhRDyzleq3c=/0x0:729x483/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/u/O/klRhkySFWQqUDSMmxYew/china1.png)
O Departamento de Estado americano disse, em comunicado, que estava ciente dos relatos do ataque e que monitorava a situação. O crime ocorreu enquanto Pequim e Washington buscam expandir os intercâmbios interpessoais para ajudar a fortalecer as relações em meio a tensões sobre comércio e questões internacionais — caso da posição americana sobre Taiwan, o Mar do Sul da China e a guerra na Ucrânia.
De acordo com a Associated Press, um legislador do estado de Iowa publicou nas redes sociais uma declaração afirmando que seu irmão, David Zabner, foi ferido no ataque. Adam Zabner disse que David é um estudante de doutorado na Universidade Tufts e que está na China como parte do relacionamento Cornell-Beihua.
“Conversei com David há alguns minutos, ele está se recuperando dos ferimentos e está bem”, escreveu Adam, acrescentando que seu irmão estava grato pelo atendimento que recebeu no hospital.
Intercâmbio cultural
A notícia do incidente foi suprimida na China, onde o governo mantém controle sobre informações consideradas sensíveis. Veículos de mídia não noticiaram o caso. Algumas contas de redes sociais postaram relatos da mídia estrangeira sobre o ataque, mas uma hashtag sobre o assunto foi bloqueada em um portal popular, e fotos e vídeos do incidente foram rapidamente removidos.
A porta-voz do Cornell, Jen Visser, disse por e-mail à Associated Press que a faculdade ainda reunia informações sobre o que aconteceu. Em 2018, quando o programa entre as instituições começou, um comunicado da faculdade chinesa dizia que a Beihua fornece financiamento para que professores do Cornell viajem para a China para ensinar parte dos cursos em ciência da computação, matemática e física por duas semanas.
De acordo com uma postagem de 2020 no site da Beihua, a universidade chinesa utiliza métodos e recursos de ensino americanos para dar aos alunos de engenharia uma perspectiva internacional e habilidade no inglês. Cerca de um terço dos cursos principais do programa usam livros didáticos americanos e são ministrados por professores dos Estados Unidos, segundo a mesma fonte.
O presidente chinês, Xi Jinping, revelou um plano para convidar 50 mil jovens americanos para a China nos próximos cinco anos, embora diplomatas chineses digam que um aviso de viagem do Departamento de Estado dos EUA tenha desencorajado americanos de visitar o país. Citando detenções arbitrárias e proibições de saída do território, o órgão emitiu um aviso de viagem de Nível 3 (o segundo mais alto), recomendando que americanos “reconsiderem a viagem” para a China. (Com AFP)
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