Economia
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Por — Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa nesta quinta-feira da conferência da Organização Mundial do Trabalho (OIT) na Suíça. Em seu discurso, Lula criticou a arquitetura financeira, chamada de "disfuncional", e o baixo investimento pelos bancos do desenvolvimento. O presidente disse também afirmou que o sistema financeiro atual "alimenta desigualdades":

— Temos uma arquitetura financeira disfuncional que alimenta a desigualdade. Os bancos de desenvolvimento investem muito pouco.

O presidente aproveitou a oportunidade para defender a taxação dos super-ricos, proposta pelo Brasil em sua presidência do G20.

— O Brasil está impulsionando a proposta de taxação dos super-ricos nos debates do G20. Nunca antes o mundo teve tantos bilionários. Estamos falando de 3 mil pessoas que detêm quase US$ 15 trilhões em patrimônio. Isso representa a soma dos PIBs de Japão, Alemanha, Índia e Reino Unido. É mais do que se estima ser necessário para os países em desenvolvimento lidarem com a mudança climática — afirmou o chefe do Executivo.

Lula chamou a concentração de renda de "absurda" e voltou a criticar "indivíduos que possuem seus próprios programas espaciais". Em seguida, defendeu a preservação do meio ambiente citando a tragédia climática no Rio Grande do Sul. Lula afirmou que "o planeta já não aguenta mais".

A declaração é uma indireta ao bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), que protagonizou recentemente um embate com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, pelas redes sociais.

— A concentração de renda é tão absurda que alguns indivíduos possuem seus próprios programas espaciais, para não ficar na Terra, no meio dos trabalhadores que são responsáveis pela riqueza deles. Não precisamos buscar soluções em Marte. É a Terra que precisa do nosso cuidado. As enchentes que levaram destruição ao Sul do Brasil, ao Quênia e à China, e as secas na Amazônia, na Europa e no continente africano mostram que o planeta já não aguenta mais.

Em 2021, bilionários entraram em uma corrida espacial para levar pessoas à órbita da Terra por pelo menos três dias. Entre eles, estava Elon Musk, dono da Space X, que construiu um dos foguetes mais potentes, o Starship.

Trabalho digno

Lula afirmou que o "contexto global é muito complexo" e que a OIT é "ainda mais relevante" já que a "justiça social foi tão crucial para a humanidade".

— Vivemos um contexto global muito mais complexo. Nossas sociedades ainda se recuperam dos efeitos da pandemia de COVID-19 em ritmos muito desiguais. Novas tensões geopolíticas se somam a conflitos existentes em diferentes partes do planeta — disse.

— As transições energética e digital já impactam trabalhadores de todos os países. Os efeitos da mudança climática têm deteriorado a qualidade de vida ao redor do mundo. 2,4 bilhões de trabalhadores são afetados diretamente pelo calor excessivo. O papel da OIT e de seu arranjo tripartite é ainda mais relevante hoje do que quando foi fundada. Nunca a justiça social foi tão crucial para a humanidade — afirmou.

A participação do presidente no Fórum Inaugural da Coalizão para Justiça Social trata do enfrentamento das desigualdades sociais, da concretização de direitos trabalhistas integrados a direitos humanos, da expansão da capacidade e acesso aos meios produtivos e da promoção do trabalho decente.

Lula foi convidado pelo diretor-geral Gilbert Houngbo da OIT para copresidir a Coalizão, aceito durante seu discurso.

— Como afirmou o Papa Francisco, não há democracia com fome, nem desenvolvimento com pobreza, nem justiça na desigualdade. Por isso, aceitei o convite do diretor-geral Gilbert Houngbo da OIT para copresidir a Coalizão Global para a Justiça Social. Ela será instrumental para implementar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

O fórum é iniciativa do diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Gilbert Houngbo, ao lado de quem Lula exercerá a co-presidência da coalizão

Em seu discurso, o presidente também citou as eleições municipais marcadas para este ano e defendeu que "democracia e a participação social são essenciais para a conquista de direitos trabalhistas":

— O mundo precisa de paz e prosperidade. Em 2024, o maior número de eleitores da História se dirigirá às urnas. Quase metade da população mundial participará de processos eleitorais, renovando as esperanças de um futuro melhor. A democracia e a participação social são essenciais para a conquista de direitos trabalhistas. Sem a democracia, um torneiro mecânico jamais teria chegado à Presidência da República de um país como o Brasil. Ataques à democracia historicamente implicaram a perda de direitos.

Lula lembrou a iniciativa lançada no ano passado com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pelo trabalho decente, regras justas e respeito aos direitos dos trabalhadores, e citou a lei que determina a igualdade salarial entre homens e mulheres sancionada em seu governo, assim como a valorização do salário mínimo.

— O presidente Biden mostrou-se um grande aliado na construção de um novo marco para a relação entre capital e trabalho. Esse é o sentido da Parceria para o Direito dos Trabalhadores que lançamos na ONU, no ano passado, ao lado do Diretor-Geral Houngbo. Em meu 3º mandato, tenho renovado o compromisso com o mundo do trabalho. Retomamos as políticas de valorização do salário mínimo, de erradicação do trabalho infantil e de combate a formas contemporâneas de escravidão. — disse, afirmando que aprovou uma lei sobre igualdade de remuneração entre homens e mulheres.

— Nos somamos ao chamado da OIT para que mais países, sindicatos e empresas integrem a Coalizão Internacional pela Igualdade Salarial — afirmou.

O presidente, no entanto, afirmou que a igualdade salarial ainda é uma "utopia" e que em todo o mundo das mulheres são "um dos elos mais vulneráveis da cadeia de mercado".

— As desigualdades de gênero, raça, orientação sexual e origem geográfica são agravantes desse cenário. Em todo o mundo, as mulheres são um dos elos mais vulneráveis da cadeia do trabalho. A máxima “salário igual para trabalho igual” ainda é uma utopia.

O presidente ainda criticou a "mão invisível do mercado", afirmando que "agrava as desigualdades":

— A mão invisível do mercado só agrava desigualdades. O crescimento da produtividade não tem sido acompanhado pelo aumento dos salários, gerando insatisfação e muita polarização. Não se pode discutir economia e finanças sem discutir emprego e renda. Precisamos de uma nova globalização - uma globalização de face humana.

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