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Por O Globo e agências internacionais — Berna

Líderes de dezenas de países se reuniram neste sábado na Suíça para a primeira cúpula que visa traçar os passos inicias em direção à paz na Ucrânia, em guerra com a Rússia desde fevereiro de 2022. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, liderou a conferência, que também busca fortalecer o apoio às posições de negociação de seu país com o respaldo do maior número possível de nações. Especialistas e críticos, contudo, avaliam que a iniciativa deverá ter poucos avanços práticos, uma vez que a Rússia não participa do encontro.

Na véspera da cúpula, Moscou exigiu a rendição de Kiev antes de qualquer discussão. Em discurso televisionado, o dirigente do Kremlin disse que ordenará um cessar-fogo e iniciará as negociações “tão logo” a Ucrânia inicie a retirada de suas tropas das áreas parcialmente anexadas pela Rússia e renuncie a entrar na Otan, a aliança militar do Ocidente. Zelensky, por sua vez, rejeitou o “ultimato” de Putin e afirmou que as exigências lhe lembravam o estilo do ditador nazista Adolf Hitler. A Otan e os Estados Unidos também repudiaram as condições de Moscou para terminar a guerra, iniciada após a invasão da Ucrânia.

Em uma breve declaração aos repórteres ao lado da presidente da Suíça, Viola Amherd, Zelensky procurou apresentar a reunião como um sucesso: ao todo, segundo funcionários que organizaram o evento, mais de 50 chefes de Estado e governo se juntaram à conferência, realizada em dois dias num resort de luxo. Cerca de 100 delegações, incluindo órgãos europeus e a ONU, compareceram, e o ucraniano afirmou ter conseguido “trazer de volta ao mundo a ideia de que esforços conjuntos podem parar a guerra e estabelecer uma paz justa”. Ele ainda disse acreditar que “testemunharemos a História sendo feita aqui na cúpula”.

Países como Brasil e China, no entanto, criticaram a iniciativa e afirmaram que a Rússia e a Ucrânia precisam negociar diretamente. Em entrevista, o assessor especial da Presidência do Brasil, Celso Amorim, chegou a afirmar que “não se negocia com amigos, mas com adversários”. Zelensky expõe que a intenção é negociar com Moscou coletivamente, mas somente após construir um consenso entre aliados de Kiev e o maior número possível de nações neutras. O plano de paz de 10 pontos do líder ucraniano envolve a retirada completa da Rússia da Ucrânia, pagamento de reparações e enfrentamento da Justiça por crimes de guerra.

A administração ucraniana responsável por organizar a cúpula, contudo, posteriormente reduziu seus pontos para três principais: segurança nuclear, como no complexo de Zaporíjia controlado pela Rússia; assistência humanitária, com troca de prisioneiros de guerra e o retorno de crianças ucranianas levadas ilegalmente para a Rússia; e segurança alimentar – que foi interrompida algumas vezes devido ao impedimento de embarques pelo Mar Negro. A ideia era atrair países que relutavam em endossar os pontos considerados menos viáveis.

— Nós nos afastamos de coisas difíceis que podem dividir países e indicamos apenas três pontos para a primeira cúpula — disse Zelensky em entrevista no mês passado.

O presidente ucraniano disse que espera consenso sobre os três pontos, e a conferência deve produzir pelo menos um esboço sobre esses assuntos. Uma vez que eles sejam acordados pelas nações participantes da reunião, explicou, os tópicos serão passados para a Rússia, possivelmente com as Nações Unidas como intermediária. A questão de como os dois países em conflito poderiam se resolver em futuras conversas também deverá ser um dos temas de discussão, segundo fontes envolvidas no evento.

Defesa e reconstrução

Após quase um ano de estagnação e diante da ofensiva das tropas russas, mais numerosas e melhor equipadas, a Ucrânia foi forçada a abandonar dezenas de posições na linha de frente nos últimos meses. Desde meados de maio, porém, o progresso da Rússia desacelerou, e Zelensky confia que é capaz de reverter a tendência com esta cúpula pela paz – além da reunião do G7 na Itália, que terminou com um empréstimo de US$ 50 bilhões (R$ 267 bilhões, na cotação atual) a Kiev financiado com os juros dos ativos russos congelados. Putin, por sua vez, classificou a medida como “roubo” e disse que não ficará sem punição.

Nesse mesmo fórum, Zelensky assinou com seu homólogo estadunidense, Joe Biden, um acordo bilateral de segurança que implicará o fornecimento de ajuda militar e treinamento às tropas de Kiev. A medida garante o apoio contínuo dos EUA à Ucrânia pelos próximos dez anos, algo visto como uma “ponte” para a adesão do país à Otan. No final do mês passado, Biden também suspendeu as restrições para que Kiev use armas fornecidas por Washington contra alvos em território russo – embora tenha condicionado o uso à defesa da região de Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana, sob disputa na região.

Biden é o único líder do G7 que não tem previsão de deslocar-se da Itália para a vizinha Suíça, onde enviou sua vice-presidente Kamala Harris. A cúpula contou com uma representação latino-americana substancial, com os presidentes argentino Javier Milei, o chileno Gabriel Boric, o colombiano Gustavo Petro e o equatoriano Daniel Noboa. Por outro lado, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva declinou participar apesar de uma tentativa da líder suíça para convencê-lo. Outros aliados da Rússia no grupo dos BRICS, como África do Sul e Índia, enviarão representantes de segundo escalão e a China declinou participar. (Com AFP e New York Times)

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