O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota nesta quarta-feira para condenar a tentativa de golpe militar na Bolívia. A ameaça de tomada do poder, denunciado pelo presidente do país vizinho, Luis Arce, é tema de uma reunião de reunião de emergência no Palácio do Planalto entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o assessor para assuntos internacionais, Celso Amorim, e o chanceler Mauro Vieira. A situação preocupa o governo brasileiro.
Em nota, o governo brasileiro condenou, "nos mais firmes termos", a tentativa de golpe de Estado em curso na Bolívia. O cenário envolve mobilização irregular de tropas do Exército, "em clara ameaça ao Estado democrático de Direito no país".
No comunicado divulgado pelo Itamaraty, o governo brasileiro manifesta seu apoio e solidariedade ao presidente Luis Arce. A nota destaca que há interlução permanente com as autoridades "legítimas" bolivianas e com os governos dos demais países da América do Sul. A ideia é rechaçar o que é considerado uma "grave violação da ordem constitucional" no país vizinho.
"Esses fatos são incompatíveis com os compromissos da Bolívia perante o Mercosul sob a égide do Protocolo de Ushuaia", diz a nota, referindo-se à possibilidade de o país ser punido por violar a ordem democrática.
Viagem de Lula à Bolívia pode ser adiada
A situação política na Bolívia pode interferir na agenda de viagens internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois de participar da reunião de presidentes do Mercosul, no dia 8 de julho, a previsão é que Lula vá àquele país, para um encontro com o presidente Luís Arce.
Os bolivianos estão a um passo de se tornarem membros plenos do Mercosul. Seu ingresso no bloco foi aprovado, no fim do ano passado, pelo Senado brasileiro. Porém, o país pode ser suspenso por violação da democracia.
Pelas redes sociais, Lula também declarou apoio a Arce. "A posição do Brasil é clara. Sou um amante da democracia e quero que ela prevaleça em toda a América Latina. Condenamos qualquer forma de golpe de Estado na Bolívia e reafirmamos nosso compromisso com o povo e a democracia no país irmão, presidido por @LuchoXBolivia (Luis Arce)", diz o presidente brasileiro.
Agenda bilateral
O plantão consular do Itamaraty permanece disponível no número +55 61 98260-0610 (inclusive WhatsApp).
Lula e Arce mantêm boas relações, não apenas por afinidade política — ambos são da esquerda latino-americana. Há uma agenda estratégica, da qual a Bolívia depende mais do Brasil do que o inverso.
Com pouco dinheiro em caixa, a Bolívia quer que a Petrobras invista na prospecção de petróleo e gás no país. O país exporta gás natural para o Brasil, mas o produto está acabando,, enquanto o dinheiro da exportação, que já chegou a US$ 1 bilhão, é importante para fechar as contas dos cofres públicos bolivianos.
O país também é um importante produtor de fertilizantes e gostaria de vender seu produto aos produtores agrícolas brasileiros. Já o Brasil é depende das importações de adubos e fertilizantes.
Há, ainda, projetos de infraestrutura. São exemplos a construção da ponte que vai ligar Guajará-Mirim (RO), no Brasil, a Guayaramerín, na Bolívia, com previsão de ser concluída em 2027; e a hidrovia Ichilo – Mamoré, que prevê uma rota mais vantajosa para os bolivianos exportarem produtos para a Europa e cujo caminho passa pela Amazônia brasileira.
Brasileiros na Bolívia
O Itamaraty informou que permanece atento à situação dos brasileiros no país. Em caso de emergência, os nacionais podem contatar os telefones de plantão do setor consular da Embaixada em La Paz (+591 7061-2897), dos Consulados-Gerais em Cochabamba (+591 7593-8885) e em Santa Cruz de la Sierra (+591 7 856 4465) e dos Consulados em Cobija (+591 7291-6683), Guayaramerin (+591 7218 3344) e Puerto Quijarro (+591 7732-1334).
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