Mundo
PUBLICIDADE

Por O Globo com agências internacionais — Nairóbi

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 26/06/2024 - 09:43

Protestos no Quênia: 13 mortes e intervenção militar

Protestos no Quênia contra aumento de impostos resultam em pelo menos 13 mortes. Manifestantes invadem Parlamento e confrontam agentes de segurança. Presidente mobiliza Exército para conter violência. Preocupação internacional com a situação no país.

A Associação Médica do Quênia afirmou nesta quarta-feira que subiu para 13 o número de mortos durante as manifestações contra um controverso projeto de lei que pretende aumentar os impostos no país na terça-feira, quando um grupo de manifestantes invadiu o Parlamento à força pela primeira vez na História do país, independente desde 1963. Ao fazer o anúncio, Simon Kingondu, presidente da associação, advertiu que "este não é o número final" — na terça-feira, um comunicado conjunto da Anistia Internacional e organizações cívicas quenianas falava em ao menos cinco mortos.

Já a Comissão Nacional de Direitos Humanos do Quênia anunciou 22 mortes, incluindo 19 na capital Nairóbi, onde manifestantes entraram em confronto com agentes de segurança, que reprimiram os atos com gás lacrimogêneo e disparos com munição real. Segundo a presidente da comissão, Roseline Odede, houve também "mais de 300 feridos e mais de 50 detenções". Na terça, as organizações de direitos civis e a Anistia Internacional haviam apontado 31 feridos e 21 sequestrados ou desaparecidos — alguns dos quais foram já libertados.

A jornalista e ativista Hanifa Adan, uma das líderes dos protestos, convocou novas manifestações pacíficas para quinta-feira em memória dos mortos: "Amanhã (quinta-feira), nós vamos marchar pacificamente, novamente vestidos de branco, por todos os nossos caídos na batalha. Não os esqueceremos!!!", escreveu na rede social X.

Inicialmente liderado por jovens da geração Z (nascidos após 1997) que se organizam por redes sociais como TikTok e Instagram, os protestos começaram de maneira pacífica na semana passada em Nairóbi e em outras cidades, abalando o país de 54 milhões de habitantes que, motor econômico da África Oriental, sempre foi uma âncora de estabilidade em uma região tumultuada.

Os manifestantes protestavam contra o Projeto de Lei Financeira 2024, criticado pelos quenianos por acrescentar novas taxas vistas como punitivas, com potencial de ampliar ainda mais os custos de vida.

Por causa da pressão, o governo abandonou alguns trechos controversos, como um imposto sobre itens básicos como o pão e óleo de cozinha, além de uma taxa anual de 2,5% sobre veículos particulares. Mas a medida não foi o suficiente para a aplacar os manifestantes, que passaram a exigir que todo o texto fosse abandonado.

Multidão nas ruas

A tensão explodiu na tarde de terça-feira em Nairóbi, após os parlamentares aprovarem um projeto de lei alterado. Milhares de manifestantes lotaram as ruas ao redor do Parlamento, alguns envoltos na bandeira queniana e assoprando apitos ou bradando gritos de guerra para pedir a renúncia do presidente William Ruto, eleito em 2022 com a promessa de melhorar a vida dos mais pobres.

Segundo várias ONGs, a polícia abriu fogo para tentar conter a multidão que avançava em uma área que abriga vários prédios governamentais, incluindo, além do Parlamento, a prefeitura de Nairóbi, que também foi invadida. Segundo a imprensa local, alguns dos deputados que estavam no prédio do Legislativo fugiram por um túnel subterrâneo.

O interior do Congresso foi vandalizado, e os manifestantes puseram fogo em parte do complexo. Também foi roubado o bastão cerimonial, que simboliza a autoridade da Casa. Do lado de fora, veículos foram incendiados nos arredores da Suprema Corte.

O presidente William Ruto mobilizou o Exército para reprimir o que chamou de manifestações "traiçoeiras".

— Daremos uma resposta completa, eficaz e rápida aos eventos traiçoeiros de hoje, que marcam um ponto de inflexão sobre como responderemos às graves ameaças à nossa segurança nacional — disse Ruto em um breve discurso na TV. — O governo mobilizou todos os recursos para garantir que isso não ocorra novamente, a qualquer custo.

Repórteres da rede britânica BBC e da agência francesa AFP relataram ter vistos corpos caídos em poças de sangue nas ruas das proximidades do complexo que reúne os prédios governamentais. A rede britânica também descreveu que uma tenda médica chegou a ser montada para atender os manifestantes feridos, mas um de seus repórteres testemunhou soldados forçando médicos a sair do local.

A Cruz Vermelha queniana afirmou que alguns de seus veículos foram atacados, com voluntários tendo ficado feridos, mas não especificou de que lado teriam partido as agressões. A ativista e meia-irmã do ex-presidente dos EUA Barack Obama, Auma Obama, chegou a ser atingida por gás lacrimogêneo enquanto dava uma entrevista a uma afiliada da rede CNN em Nairóbi.

Em meio à tensão nas ruas, o site de monitoramento de internet NetBlocks registrou uma "grande interrupção" na rede do país, que também teria afetado vizinhos como Burundi, Uganda e Ruanda. As duas maiores empresas de telecomunicações do Quênia, Safaricom e Airtel, corroboram a informação, alegando que uma obstrução nos cabos submarinos teria afetado o tráfego de internet.

Em um comunicado conjunto, os embaixadores de 13 representações diplomáticas ocidentais no país, incluindo os EUA, disseram estar "chocados" com as cenas de violência. As missões diplomáticas também disseram estar "profundamente preocupadas" com as alegações de sequestro pelas forças de segurança e pediram "contenção de todos os lados". Diversas autoridades globais também manifestaram preocupação com o cenário no país.

Essa não foi a primeira vez que um projeto orçamentário mobilizou os quenianos. No passado, o governo de Ruto incluiu na proposta de Orçamento um novo imposto sobre moradias e o aumento da alíquota máxima do Imposto de Renda para pessoa física, alimentando uma onda de distúrbios nas ruas e contestações na Justiça. (Com AFP e New York Times)

Mais recente Próxima Biden indultará ex-militares condenados sob lei que reprimia homossexualidade: 'Erro histórico'
Mais do Globo

Atriz vai estrelar primeira série brasileira de melodrama do serviço de streaming

'A grande beleza são as reflexões que a história promove', diz Juliana Paes sobre 'Pedaço de mim', nova série da Netflix

Ucrânia intensificou ataques em território russo neste ano, visando instalações de energia

Ataque de drone ucraniano deixa cinco mortos na Rússia, incluindo duas crianças

Camisa 10 é a grande referência de uma equipe que sonha em fazer história

Da 'quase morte' ao retorno triunfal: Eriksen é a esperança da Dinamarca diante da favorita Alemanha na Eurocopa

Clarisse dos Santos disse estar sendo atacada nas redes sociais: 'Entram em foto do meu sobrinho e falam para abortar esse também'

Jogadora da seleção feminina de basquete afirma que não houve pedido pela demissão do preparador físico

Atriz será uma das protagonistas da trama e fará par com Nicolas Prattes

Agatha Moreira fez aulas de culinária para viver Luma em 'Mania de você': 'É um ambiente super tenso'

Proposta apresentada pela vereadora Rosa Fernandes abrange as regiões de Vista Alegre, Irajá, Vila da Penha, Brás de Pina, Cordovil e Parada de Lucas

Projeto de lei aprovado na Câmara pode alterar limites de bairros da Zona Norte do Rio

Solução jurídica é considerada em caso de pena por tentativa de fraude em exame antidoping ser mantida

De saída do Flamengo, Gabigol admite cláusula para proteger clubes interessados em caso de punição no CAS

Terra Afefé, como foi chamada a microcidade, também inspirou exposição em cartaz no Rio

Conheça Rose Afefé: A mulher que construiu sozinha uma cidade na Bahia