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Por O Globo e AFP — Paris

A líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen, disse em entrevista nesta terça-feira que o Reagrupamento Nacional (RN), favorito no segundo turno das eleições legislativas, apenas aceitaria formar uma coalizão no Parlamento se pudesse "governar", garantindo que a legenda trabalhará para convencer deputados de outros partidos a se unirem ao grupo. A declaração acontece após o eurodeputado Jordan Bardella, principal cotado para primeiro-ministro em um eventual governo do RN, condicionar sua ascensão ao cargo à conquista da maioria absoluta dos assentos no pleito — cenário visto como improvável, apesar das projeções indicarem que o partido terá a maior bancada.

— É evidente que não podemos aceitar ir para o governo se não pudermos agir — disse. —Queremos governar.

Segundo Le Pen, caso o RN tenha um pouco menos de votos para obter a maioria de 289 necessária para governar — pesquisas apontam que o partido poderá levar de 240 a 270 cadeiras —, tentaria convencer "vários deputados de direita, de esquerda e alguns republicanos" a formar uma coalizão.

— A desistência é o pior tipo de desrespeito aos eleitores — enfatizou. — Esse governo será completo, será competente, será composto por pessoas do Reagrupamento Nacional, por pessoas que participaram conosco da batalha eleitoral e por pessoas da sociedade civil. Essa maioria absoluta é viável.

200 candidatos se retiram

A tarefa, de fato, pode não ser tão difícil quanto seria no passado — apesar do histórico "cordão sanitário" formado pelas forças democráticas para isolar a extrema direita francesa já ter começado. Após o resultado de domingo, ao menos 200 candidatos a deputado que passaram para o segundo turno retiraram suas candidaturas, em sua maioria para tentar impedir uma maioria absoluta da extrema direita, de acordo com uma contagem da AFP.

O alto comparecimento nas urnas do primeiro turno fez com que 306 distritos eleitorais tivessem três candidatos ou mais qualificados para o segundo turno, levando os partidos de centro e de esquerda classificados em terceiro lugar a abdicaram das suas candidaturas para que o nome "republicano" mais competitivo enfrentasse o RN, líder no maior número de regiões. Em 2022, este tipo de votação triangulada ocorreu em apenas 7 locais. Em 2017, em somente um.

Até agora, 118 postulantes da frente de esquerda se retiraram, assim como 78 da aliança de Macron, três do partido de direita Os Republicanos (LR) e uma candidata independente. O movimento foi denunciado por Jordan Bardella como "alianças de desonra". O eurodeputado, que também é presidente do RN, pediu aos eleitores uma maioria absoluta "frente à ameaça existencial para a nação francesa".

Diante a possibilidade de que algum dos outros blocos consiga a maioria absoluta na Assembleia Nacional (Câmara Baixa), caso o RN não consiga, a ideia de uma "grande coalizão" também começa a surgir no debate público na segunda economia da União Europeia.

A França Insubmissa (LFI, esquerda radical) — partido considerado "extremista" por parte do governismo e membro da coalizão de esquerda — porém, descartou nesta terça-feira participar de uma eventual grande coalizão.

Racha na direita

Depois que o presidente Emmanuel Macron anunciou a antecipação das eleições, Eric Ciotti, presidente dos Republicanos — partido da direita tradicional que já elegeu quadros como Nicolas Sarkozy e Jacques Chirac —, surpreendeu a todos ao anunciar uma aliança com o RN. Ciotti foi expulso do partido e depois readmitido temporariamente por determinação da Justiça, causando um racha que incentivou parte dos candidatos republicanos a se unirem à ultradireita em alguns distritos. Uma ampla vitória do Reagrupamento Nacional no segundo turno poderia atrair ainda mais deputados da legenda.

Na entrevista, Le Pen também assegurou que não tem intenções de ser premier. Ela foi reeleita ao Parlamento no primeiro turno pelo distrito de Pas-de-Calais com 58% dos votos. Antes do pleito, era líder da bancada do RN na Casa, função que pretende continuar exercendo.

— Estarei à frente do grupo de deputados — afirmou.

A líder extremista avaliou a decisão do presidente Macron de dissolver a Assembleia Nacional como um "impulso democrático", mas disse que os esforços do centrista para bloquear o RN indicavam que ele teria voltado atrás.

— [Macron] está fazendo de tudo hoje para tentar frustrar o processo democrático — afirmou. — [Ele] planeja, mesmo que o povo se expresse enviando uma maioria de deputados do RN, impedir o RN de governar.

Le Pen também foi questionada sobre como o partido agiria caso Macron decidisse renunciar à Presidência — devido ao sistema semipresidencialista, o mandato do centrista pode seguir até 2027 mesmo com um primeiro-ministro de outra legenda, formando o que na França se conhece como governo de coabitação.

— Se ele decidir renunciar, entraremos nessa batalha presidencial com grande entusiasmo — disse Le Pen, afirmando esperar que haja uma eleição presidencial no país "o mais rapidamente possível".

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