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Por — São Paulo

RESUMO

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GERADO EM: 05/07/2024 - 13:52

Keir Starmer: Nova liderança trabalhista no Reino Unido

O novo premier britânico, Keir Starmer, busca uma mudança estável e moderação após vitória trabalhista. Ele promete um governo de serviço público impessoal, enquanto os conservadores enfrentam uma derrota histórica e incertezas sobre o futuro do partido.

O novo primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, posicionou-se no púlpito colocado em frente à sede do governo britânico, no nº 10 de Downing Street, com duas mensagens-chave. Em seu primeiro discurso como premier, após ser incumbido pelo rei Charles III de formar o novo Gabinete de governo, Starmer transitou entre as promessas de mudança e de um trabalho imediato para implantar seu plano de governo, e acenos à moderação e à institucionalidade, em um tom que sugere uma preocupação com uma transição de poder sem grandes instabilidades, mesmo após a vitória esmagadora na quinta-feira.

A imagem do líder trabalhista fazendo um agradecimento público ao ex-premier Rishi Sunak no início do seu discurso — logo após cumprimentar os apoiadores e informá-los de que havia aceitado a missão designada pelo monarca, meras formalidades — pelos serviços prestados e por sua trajetória política, contrasta com aquela que os conservadores tentaram alardear na reta final da campanha, de que uma vitória trabalhista com grande maioria seria o sinal para um avanço sem freios da extrema esquerda.

As palavras inaugurais de Starmer não deram nenhum indício de que o governo esteja preparando uma estratégia disruptiva. O novo premier falou sobre o desejo do país por uma "renovação nacional" e de como pretendia começar essa mudança de maneira imediata — um tema inescapável após a maior vitória do Partido Trabalhista desde 1997, e maior derrota dos rivais conservadores — mas não indicou que usaria a maioria das cadeiras para impor pautas identitárias ou vontades pessoais.

Pelo contrário, pareceu apresentar intenções sobre sua ideia de um serviço público impessoal.

— Se você votou ontem [quinta-feira] no [Partido] Trabalhista, assumiremos a responsabilidade de sua confiança, enquanto reconstruímos nosso país. Mas quer você tenha votado no Partido Trabalhista ou não — na verdade, especialmente se não tiver votado — eu lhe digo, diretamente: meu governo irá servi-lo. A política pode ser uma força para o bem, vamos mostrar isso. E é assim que governaremos. O país primeiro, o partido depois — disse o premier.

Uma de suas primeiras medidas, segundo o jornal The Telegraph, foi acabar com a polêmica política de deportação para Ruanda de requisitantes de asilo que entram ilegalmente no Reino Unido, enquanto seus pedidos são avaliados. Fontes trabalhistas disseram ao jornal que o plano está “efetivamente morto”.

Strarmer, de 61 anos, entrou na vida política tarde, depois dos 50, após uma carreira de destaque no Ministério Público britânico, que lhe rendeu o título de "sir". Ele assumiu o partido após a pesada derrota nas eleições de 2019, ainda sob a liderança de Jeremy Corbyn — mais tarde expulso da legenda — e é apontado por analistas políticos como o grande responsável por uma reforma da sigla em direção ao centro, afastando a ala mais ideológica da cúpula tomadora de decisões.

A primeira reação do mercado à vitória trabalhista demonstrou tranquilidade e até certo otimismo. A libra subiu nesta sexta-feira, pelo 7º dia consecutivo, em um efeito que investidores explicam parcialmente como uma expectativa de estabilização do país, após anos turbulentos sob os conservadores, incluindo na questão fiscal — apontada como um calo por Sunak e seus aliados, que disseram que os adversários aumentariam impostos indiscriminadamente para executar seu plano de governo.

— Após a reviravolta política dos últimos anos, este resultado deverá proporcionar aos investidores o grau de certeza e a estabilidade que têm desejado — disse Adam Montanaro, gestor de fundos da Montanaro Asset Management, em entrevista à Bloomberg.

Entre as primeiras nomeações do novo Gabinete de governo, Starmer confirmou como secretária do Tesouro a economista Rachel Reeves, uma figura respeitada por seu trabalho no Banco da Inglaterra (o Banco Central do Reino Unido), que o trabalhista já havia anunciado como uma espécie de garantia de que manteria uma política de responsabilidade fiscal.

Rachael Reeves, nova encarregada do Tesouro britânico, chegando em Downing Street, em Londres — Foto: Paul ELLIS / AFP
Rachael Reeves, nova encarregada do Tesouro britânico, chegando em Downing Street, em Londres — Foto: Paul ELLIS / AFP

Vitória no Parlamento, divisão nas urnas

Starmer assume o governo com uma maioria esmagadora para os trabalhistas. O partido conquistou mais de 410 das 650 cadeiras no Parlamento, aumentando sua representação em mais de 200 deputados, em comparação a 2019. Mas, embora a maioria ofereça ao líder trabalhista um cenário tranquilo para governar neste começo de mandato, antes de qualquer divergência interna, Starmer está ciente de que, nas ruas, o respaldo ao partido é consideravelmente inferior.

O número superior a 60% das cadeiras do Parlamento foi conquistado com apenas cerca de 35% dos votos, de acordo com uma estimativa da rede britânica BBC. Segundo John Curtice, um importante especialista em pesquisas eleitorais britânico, se o dado se confirmar, essa será "a menor quantidade de votos obtida por qualquer governo de maioria unipartidária".

A matemática eleitoral só foi possível em razão das regras do sistema político britânico, que não exige do candidato uma quantidade de votos superior a 50%. Em cada uma das circunscrições eleitorais, o deputado precisa apenas acabar a frente dos rivais regionais, sem possibilidade de 2º turno.

O cenário foi digno de nota do populista Nigel Farage, líder do Partido Reformista (Reform UK), que pela primeira vez chegou ao Parlamento por meio do voto (tinha um deputado que bandeou para suas fileiras após ser eleito pelo Partido Conservador em 2019), com cinco cadeiras. Em um discurso na manhã desta sexta, Farage afirmou que o número de votos mostrava que não havia "entusiasmo" pelos trabalhistas. Em comentários à BBC, disse que pretendia tornar o partido mais profissional e ir atrás dos votos que os trabalhistas conquistaram neste pleito.

A relação entre Starmer e Farage no Parlamento é algo a ser observado, uma vez que, no discurso de abertura, o líder trabalhista conhecido por seu pouco carisma e tecnicidade afirmou que "acabou a era das performances barulhentas".

Embora o partido tenha conquistado 14% dos votos — o que rendeu até mesmo uma mensagem nas redes sociais de Donal Trump, classificando a participação como uma "grande vitória" — a votação não teve um impacto expressivo em termos de sua representação no Parlamento, onde ficou com 0,8% das cadeiras. A sigla de Farage ficou atrás até mesmo da "bancada" de ex-parlamentares trabalhistas, expulsos do partido após declarações antissemitas, no ano passado, e que concorreram como independentes. O bloco inclui Jeremy Corbyn, ex-líder da sigla.

Nigel Farage e reformistas conquistaram quatro cadeiras no Parlamento — Foto: Oli Scarff/AFP
Nigel Farage e reformistas conquistaram quatro cadeiras no Parlamento — Foto: Oli Scarff/AFP

Derretimento conservador

Ao fim de uma campanha marcada por escândalos e trocas de ofensa, o agora ex-premier Rishi Sunak se despediu do cargo e da liderança do partido de uma forma mais institucional, com uma deferência a Starmer, a quem chamou de "homem decente e de espírito público". Sunak assumiu a responsabilidade e se desculpou pela derrota — o que, em termos práticos, não diminuíram o impacto do desastre eleitoral.

Em discurso na manhã desta sexta, Sunak reconhece derrota e entrega liderança do Partido Conservador — Foto: Henry Nicholls/AFP
Em discurso na manhã desta sexta, Sunak reconhece derrota e entrega liderança do Partido Conservador — Foto: Henry Nicholls/AFP

Os conservadores perderam votos e assentos para quase todo o espectro político britânico. O partido perdeu cadeiras para os trabalhistas, sobretudo no norte do Reino Unido, enquanto viram o Partido Liberal Democrata avançar em alguns de seus territórios considerados seguros no sul do país. Os liberais, assim como Os Verdes, conquistaram resultados históricos à sombra da queda conservadora. A debandada de eleitores do partido também é apontada como responsável pelo desempenho eleitoral dos reformistas de Farage.

O futuro da sigla é incerto. Sunak conseguiu manter seu lugar no Parlamento, mas entregou o cargo após ser a figura central na maior derrota da história do conservadorismo inglês. Figuras do primeiro escalão do seu governo e do partido sequer conseguiram voltar à Câmara dos Comuns, incluindo a ex-premier Liz Truss, e o ministro da Defesa Grant Shapps. (Com NYT e Bloomberg)

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