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Por — Buenos Aires

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GERADO EM: 08/07/2024 - 12:54

Tensão entre Lula e Milei no Mercosul

Lula envia recado direto a Milei durante discurso no Mercosul, defendendo instituições do bloco e criticando propostas argentinas. Tensão entre os presidentes evidencia divergências políticas e dificulta diálogo. A crise nas relações bilaterais parece irreversível.

O discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul foi um recado ao governo do argentino Javier Milei, que não esteve presente na primeira reunião de presidentes realizada desde que assumiu o poder, em 10 de dezembro passado. Em sua fala, Lula defendeu o fortalecimento do Instituto Social e do Instituto de Políticas Públicas e Direitos Humanos do bloco, questionou tentativas de “apagar” a palavra gênero de acordos e iniciativas regionais, e de implementar um “pseudo aggiornamento” do Mercosul, entre outros pontos destacados do discurso. Estes e outros trechos do texto lido pelo presidente foram, segundo confirmaram fontes do governo brasileiro, mensagens diretas para a Casa Rosada.

O estremecimento das relações bilaterais parece ser um caminho sem volta. Como se não bastasse a tensão entre os dois presidentes, as agendas de seus governos são notoriamente antagônicas. Uma aproximação é hoje difícil de imaginar.

Nas últimas semanas, o governo Lula começou a ficar incomodado com posicionamentos e atitudes da Argentina dentro do Mercosul, faltando poucas semanas para o encontro de presidentes no Paraguai. As divergências se tornaram evidentes e impossíveis de superar na cúpula de Assunção e, finalmente, Lula destinou grande parte de seu discurso a enfatizar as posições do Brasil em seus embates com os argentinos.

— Um pseudo “aggiornamento” [atualização] que afasta o Mercosul de suas bases sociais nos enfraquece. Apagar a palavra gênero de documentos só agrava a violência cotidiana sofrida por mulheres e meninas — disse Lula, respondendo a propostas da Argentina que o Brasil rechaça taxativamente.

Outra delas é, confirmaram fontes brasileiras, bloquear a criação de um grupo de trabalho sobre comércio e mulheres.

— Para superar flagelos como a fome, a pobreza e as desigualdades, é importante contar com um Instituto Social forte, com meios para estabelecer metas e ações concretas. O Instituto de Políticas Públicas de Direitos Humanos deve dispor dos recursos necessários para apoiar nossos países na complexa tarefa de garantir diretos e dignidade — declarou o presidente brasileiro, referindo-se a dois institutos que a Argentina de Milei não considera prioritários dentro do bloco, segundo já expressaram representantes de seus governos.

A sensação entre membros do governo brasileiro é de que Milei pretende usar sua serra elétrica também no Mercosul. "O presidente argentino quer reduzir o tamanho do bloco, tirar tudo o que seja política social, de direitos humanos, direitos das mulheres e temas de gênero", disse uma das fontes consultadas.

Os dois governos também divergem totalmente em temas internacionais, entre eles a atual situação política na Bolívia e o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Para Milei, o governo de Luis Arce não foi vítima de uma tentativa de golpe de Estado, como denunciou, entre outros, o governo do Brasil. No Oriente Médio, a Casa Rosada está totalmente alinhada com Israel. Já Lula tem feito duros questionamentos ao governo israelense, mencionados, inclusive, em seu discurso em Assunção.

Em momentos de extrema tensão entre Lula e Milei, depois de um fim de semana no qual o argentino participou de uma reunião da extrema-direita internacional em Camboriú ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro, o chefe de Estado brasileiro também marcou as diferenças entre ambos em matéria de visão sobre o papel do Estado na Economia. Em Santa Catarina, Milei voltou a pregar um Estado enxuto e uma economia totalmente aberta ao mundo.

— Quem conhece a história da América Latina reconhece o valor do Estado como planejador e indutor do desenvolvimento. No mundo globalizado não faz sentido recorrer ao nacionalismo arcaico e isolacionista. Tampouco há justificativa para resgatar as experiências ultraliberais que apenas agravaram as desigualdades em nossa região — alfinetou Lula.

Quem tem acompanhando ultimamente os debates no Mercosul e o conflito entre os dois chefes de Estado, entendeu para quem estava destinado o recado do presidente brasileiro.

Capa do audio - Panorama CBN
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