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Por — São Paulo

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GERADO EM: 09/07/2024 - 04:30

75 anos da Otan: desafios com Trump e guerra na Ucrânia.

A Otan completa 75 anos sob a sombra da guerra na Ucrânia e possíveis mudanças com a volta de Trump. Cúpula discute apoio a Kiev, desafios da aliança e a pressão sobre Biden.

O plano era uma grande celebração da longeva aliança de defesa coletiva, criada cinco anos após o fim da Segunda Guerra. Mas, um dia após o bombardeio russo que atingiu o maior hospital infantil da Ucrânia, matando 37 pessoas na capital do país, a Cúpula da Otan, que acontece desta terça a quinta-feira, deve dar menos ênfase ao papel de fiadora da paz nos dois lados do Atlântico Norte nos últimos 75 anos e mais à busca de alternativas para a continuação do apoio dos países-membros a Kiev, ainda que individualmente, se o anfitrião Joe Biden deixar a Casa Branca em janeiro. Em Washington, os tapas nas costas deram lugar às preparações para o cada vez mais provável cenário dos EUA comandados novamente por Donald Trump.

Debate mudou tudo

Há 15 dias, no debate com Trump que virou de cabeça para baixo a disputa eleitoral, um dos poucos momentos assertivos de Biden foi quando o presidente pressionou o antecessor a comprometer-se a seguir na Otan. O republicano deu de ombros. De forma reservada, autoridades das delegações de países aliados já em Washington dizem não esperar algo tão abrupto, apesar das seguidas ameaças públicas nesse sentido do republicano. Com o flanco isolacionista do partido mais influente do que em 2016, o termo usado na campanha é “reorientação radical” em caso de vitória em novembro. E há crença interna de que Trump firmará “rapidamente” um acordo com o presidente russo, Vladimir Putin, para encerrar a guerra com a Ucrânia.

— Uma segunda Presidência de Trump enfraquecerá a unidade dos países-membros da Otan na resposta à invasão da Ucrânia. O grosso dos republicanos no Congresso não quer mais ajuda a Kiev. A direita americana vive em estado de fascínio pelo autoritarismo de Putin — afirma o cientista político Jonathan K. Hanson, professor emérito da Universidade de Michigan.

Conselheiros da campanha republicana conversaram sob sigilo sobre o tema com o site Politico. Afirmaram que a Otan “não sairá intacta do segundo governo Trump”. Adiantada em artigo publicado em fevereiro pelo centro de estudos conservador Center for Renewing America, presidido por Russell Vought, diretor da Convenção Nacional do Partido Republicano, que acontece na semana que vem, a doutrina trumpista para a Otan inclui, além do mantra de sua primeira campanha — aumento da contribuição dos demais países nos gastos com segurança —, a não obrigatoriedade de socorro militar aos que falharem em contribuir ao menos 2% de seu PIB com a aliança e a gradual retirada militar de parte da força americana do Velho Continente.

Balança desequilibrada

Em artigo recente no New York Times, a veterana correspondente e colunista Farah Stockman apresentou números que escancaram a balança desigual da Otan. Há 90 mil militares americanos em bases, notadamente em Alemanha, Itália e Reino Unido. Dos US$ 206 bilhões de ajuda da Otan à Ucrânia, quase 40% saem dos cofres de Washington — que, desde 1960, arca, em média, com 61% dos custos militares da aliança.

Republicanos e democratas disputam o bônus de terem sido os responsáveis por 23 países-membros hoje cumprirem a regra, estabelecida em 2014, quando o democrata Barack Obama estava na Casa Branca, de que 2% do PIB devem ser destinados à Otan (há uma década, eram só três). Os primeiros afirmam que, antes da invasão russa da Ucrânia em 2022, foram as ameaças de Trump contra a “mamata dos caloteiros” que garantiram o aumento da contribuição dos europeus. Já os democratas apresentam o fato como prova do protagonismo internacional de Joe Biden, “que recuperou a imagem do país após as pontes queimadas com os aliados pelo antecessor”.

“De todo jeito, é consenso que os europeus precisam ser mais responsáveis por sua defesa. Não só pelo isolacionismo trumpista a gritar que os EUA financiam países ricos enquanto eles bancam Estados-modelo de bem-estar social, com benefícios não desfrutados pelos americanos. Mas também pelos desafios representados pela China, e os recursos necessários para enfrentá-los nos próximos anos, com a crescente cooperação de Pequim com Rússia, Coreia do Norte e Irã”, escreve Stockman.

A Ucrânia, por sua vez, não vê coincidência na destruição do hospital para crianças em Kiev ter ocorrido um dia antes da cúpula. O ataque fez o presidente Volodymyr Zelensky enfatizar que precisa de mais ajuda da Otan. Um antídoto para o efeito Trump, creem diplomatas europeus, seria a assinatura de mais acordos bilaterais com os países-membros, alguns deles já previstos para os próximos dois dias em Washington. O secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, afirmou, sem detalhar, que durante a cúpula “serão anunciadas medidas para assegurar nosso apoio a Kiev”.

Zelensky, no entanto, disputará atenção com o próprio Biden. O presidente quer usar a cúpula para convencer eleitores e caciques do Partido Democrata de que sua reeleição é viável e dar peso ao protagonismo que afirma ter tido na resistência da Otan a Putin. Também deve enfatizar sua afinidade com o novo premier britânico, o trabalhista Keir Starmer, em sua estreia de fato no palco global. As eleições recentes no Reino Unido e na França, com derrota dos conservadores e da extrema direita, injetaram ânimo na militância democrata e na campanha de Biden.

Recado aos senadores

Na segunda-feira, após reunião de deputados governistas a portas fechadas, em que muitas vozes clamaram pela substituição do presidente na disputa com Trump, ele enviou carta aos aliados, enfatizando que não sairá. O gesto foi lido como um recado aos senadores do partido, que se reúnem hoje para avaliar o estado da campanha. No documento, escreveu que “a decisão sobre como seguiremos em frente (após o debate) foi discutida por uma semana e é hora de encerrá-la. Temos apenas uma missão: derrotar Donald Trump”.

Ele também ligou para o programa Morning Joe, da rede MSNBC, para afirmar que não se importava com nenhum dos “grandes nomes” que o pressionavam.

— Se algum desses caras acha que eu não deveria concorrer, concorra contra mim — afirmou, desafiando: — Anuncie sua candidatura a presidente. Desafiem-me na convenção.

Mas a pressão para sua retirada voltou a aumentar com a revelação de que um especialista em doença de Parkinson visitou a residência oficial do governo oito vezes e se reuniu em uma ocasião com o médico do presidente de 81 anos, como mostram os registros oficiais de visitantes. A Casa Branca negou que Biden esteja em tratamento para a doença.

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