Um dos montanhistas mais experientes do Brasil, Marcelo Motta Delvaux, natural de Juiz de Fora e que estava desaparecido desde o dia 30 de junho, morreu enquanto escalava o Nevado Coropuna, a quarta montanha mais alta do Peru com 6,377 metros. Com a atividade cada vez mais popular — provocando até engarrafamento humano nas trilhas para subir o monte Everest — o número de acidentes também vem crescendo em diversas partes do mundo.
As trilhas listadas a seguir fazem parte das “acima dos 8 mil metros”, consideradas algumas das montanhas mais altas do mundo. Mas, a altura não é o único desafio e variável importante a ser considerada pelos aventureiros. Para chegar ao cume dessas montanhas, são necessários equipamentos especializados, acompanhamento de profissionais e treinamento apropriado. Sem contar a disposição, condicionamento físico e planejamento correto.
Veja a lista das montanhas mais perigosas do mundo, ordenadas pelo número de mortes:
Shishapangma (China) – 35 mortes registradas
Última montanha com mais de 8 mil metros a ser escalada, apenas em 1964, o monte Shishapangma é considerado um dos mais perigosos do mundo por conta do grande número de avalanches e ventos fortes. Com seus 8.027 metros de altitude, a montanha na China atrai alpinistas que buscam completar os "14 Oito Milers", os 14 picos com mais de 8.000 metros de altitude.
No entanto, o acesso à montanha é complicado devido à sua localização remota e à necessidade de permissões especiais do governo chinês. A montanha não só oferece desafios físicos e técnicos, mas também requer considerações ambientais devido à sensibilidade de seu ecossistema.
Gasherbrum I (China e Paquistão) – 41 mortes registradas
Localizada na fronteira da China e Paquistão e com altura de 8068 metros, o “Hidden Peak” é o 11º pico mais alto do mundo. Localizado na cordilheira do Karakoram, no Paquistão, o Gasherbrum I é considerada uma montanha desafiadora e técnica, por conta dos terrenos variados, desde geleiras até encostas íngremes de gelo e rocha.
Alpinistas enfrentam desafios como crevasses perigosos, condições climáticas severas com ventos extremos e baixas temperaturas que podem chegar a níveis extremos mesmo durante o verão. A temporada de escalada ideal é durante os meses de junho e julho, quando as condições climáticas no Karakoram tendem a ser mais estáveis. A montanha foi escalada pela primeira vez em 1958 por uma expedição liderada por um alpinista austríaco.
Makalu (Nepal e China) – 48 mortes registradas
A montanha Makalu fica a pouco mais de 22 km de distância do Everest e a dificuldade em chegar ao seu cume se dá principalmente pelas subidas íngremes. Quinto pico mais alto do mundo, elevando-se a 8.485 metros acima do nível do mar, a montanha é conhecida por seu formato de pirâmide. A montanha foi escalada pela primeira vez em 1955 por uma expedição francesa liderada por Jean Franco e Lionel Terray, após várias tentativas anteriores, mas foi apenas em 2002 que o primeiro alpinista conseguiu escalá-la por completo.
O clima no Makalu é extremamente variável e pode mudar rapidamente, com ventos fortes e temperaturas que frequentemente caem bem abaixo de zero, mesmo durante a temporada de escalada ideal, que geralmente ocorre na primavera (abril e maio) e no outono (setembro e outubro).
Kangchenjunga (Nepal e Índia) – 52 mortes registradas
Um dos picos mais fatais e terceiro mais alto de todo o mundo, com 8.586 metros, na fronteira entre o Nepal e o estado de Sikkim, na Índia, o Kangchenjunga é conhecido não apenas por sua imponência, mas também por sua importância cultural e espiritual para as comunidades locais.
A montanha apresenta uma série de desafios como trechos de escalada em gelo e rocha, assim como a ameaça constante de avalanches. A rota de escalada para o Kangchenjunga é considerada uma das mais difíceis entre os picos de alta altitude, exigindo habilidades técnicas avançadas, resistência física excepcional e uma capacidade de enfrentar condições climáticas extremas. A temporada de escalada no Kangchenjunga ocorre principalmente durante a primavera (abril e maio) e o outono (setembro e outubro), quando as condições climáticas no Himalaia tendem a ser mais estáveis.
Nanga Parbat (Paquistão) – 64 mortes registradas
Conhecida como "A Montanha Assassina", a Nanga Parbat é o nono pico mais alto do mundo, com uma altura de 8.126 metros. Localizada no extremo ocidental do Himalaia, no Paquistão, esta montanha é famosa por sua beleza imponente, encostas íngremes e perigosas, frequentemente afetadas por avalanches e deslizamentos de pedras.
O clima é severo mesmo no verão, período ideal para fazer a ascensão. Ela foi a última montanha dos "Oito Milers" a ser escalada pela primeira vez, em 1953, por uma expedição liderada por Hermann Buhl. A montanha tinha o percentual de mortalidade em 70% durante os anos 90. Atualmente esse índice caiu para 5% mas a subida continua sendo uma das mais cansativas, pois conta com uma parede vertical de mais de quatro quilômetros.
Annapurna (Nepal) – 73 mortes registradas
Com 8.091 metros, é o décimo pico mais alto do mundo, e considerado um dos mais perigosos do mundo. A primeira pessoa conseguiu chegar ao cume em 1950 e menos de 200 pessoas já conseguiram repetir o feito. A subida é cheia de encostas íngremes cobertas de gelo e rochas instáveis. O clima em Annapurna é conhecido por sua imprevisibilidade, com ventos fortes e temperaturas que podem cair drasticamente.
A montanha foi escalada pela primeira vez em 1950 por uma expedição francesa liderada por Maurice Herzog, sendo a primeira ascensão bem-sucedida a um pico de mais de 8.000 metros. A reputação trágica do monte se dá pela alta taxa de mortalidade entre os alpinistas.
Dhaulagiri (Nepal) – 85 mortes registradas
Também localizada no Nepal, a montanha Dhaulagiri, de 8.167 metros, não pode ser acessada facilmente por montanhistas inexperientes. A escalada é complexa e técnica, com a temporada de subida ideal na primavera (abril e maio) e no outono (setembro e outubro).
A montanha foi escalada pela primeira vez em 1960 por uma expedição suíço-nepalesa liderada por Max Eiselin.
Manaslu (Nepal) – 88 mortes registradas
O Manaslu é o oitavo pico mais alto do mundo, com uma altitude de 8.163 metros, localizado na região central do Nepal, na cordilheira do Himalaia. Ela é uma das mais famosas entre alpinistas por ser uma das mais fáceis de escalar, mesmo sendo muito alta e perigosa. A escalada ao Manaslu envolve uma variedade de desafios, como passagens estreitas e encostas íngremes.
O monte foi escalado pela primeira vez em 1956 por uma expedição liderada por Toshio Imanishi e Gyalzen Norbu. Desde então, tornou-se um destino popular para alpinistas em busca de desafios técnicos e paisagens deslumbrantes.
K2 (Paquistão e China) – 96 mortes registradas
O K2 é o segundo pico mais alto do mundo, com uma altitude de 8.611 metros, localizado na fronteira entre o Paquistão, a China e a Índia. Conhecido como "Monte Godwin-Austen" em homenagem a dois exploradores britânicos, o K2 é conhecido pela extrema dificuldade técnica e perigos dos delicados pilares de gelo e superfícies íngremes e rochosas.
Em média, um a cada cinco alpinistas que tentaram chegar ao seu cume faleceu. O K2 foi escalado pela primeira vez em 1954 por uma expedição italiana liderada por Achille Compagnoni e Lino Lacedelli.
Everest (Nepal e China) – 332 mortes registradas
Montanha mais famosa do mundo, o Everest tem altura de 8.848 metros e aparece no topo da lista por conta de sua popularidade — nos últimos anos, cenas de engarrafamentos de pessoas na reta final para chegar ao cume se tornaram comuns. Localizado na cordilheira do Himalaia, na fronteira entre o Nepal e o Tibete (região autônoma da China), o Everest é uma montanha icônica que atrai alpinistas e exploradores de todo o mundo.
A rota padrão de ascensão, conhecida como Rota Sul, começa no Nepal e envolve trechos técnicos de escalada em gelo e rocha, passagens perigosas por crevasses e seracs, além de enfrentar condições climáticas severas, como temperaturas extremamente baixas, ventos violentos e a ameaça constante de avalanches. O Everest foi pela primeira vez alcançado com sucesso em 1953 por Sir Edmund Hillary, da Nova Zelândia, e Tenzing Norgay, do Nepal, em uma expedição britânica liderada por John Hunt.
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