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Por O Globo e agências internacionais — Tel Aviv

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tem sido pressionado a aceitar um acordo de cessar-fogo com o grupo terrorista Hamas para pôr fim à guerra na Faixa de Gaza, que já dura mais de nove meses. De um lado, manifestantes israelenses têm tomado as ruas do país, e familiares dos reféns têm implorado por uma solução que garanta a segurança das vítimas sequestradas. De outro, líderes mundiais reforçam os apelos pelo encerramento do conflito.

Negociadores israelenses foram enviados ao Catar na semana passada para novas reuniões sobre um acordo que libertaria cerca de 120 reféns vivos e mortos mantidos em Gaza. Mas nenhuma reunião de alto nível foi anunciada desde então, o que parece indicar que as negociações ficaram travadas em um impasse. Muitos em Israel, especialmente familiares dos reféns, têm cada vez mais culpado Netanyahu por não fazer o suficiente para chegar a um acordo para acabar com a guerra.

Essas são apenas algumas das tensões que se acumulam sobre o premier antes de sua visita agendada a Washington, nos Estados Unidos, na próxima semana. O discurso dele diante de um Congresso dividido promete ser contencioso, especialmente se ele não conseguir fechar um acordo com o Hamas para encerrar a guerra antes de viajar.

Nesta quarta-feira, Netanyahu disse ao Knesset, o Parlamento israelense, que aplicar mais pressão militar sobre o Hamas resultaria em mais concessões nas negociações, sugerindo que um acordo não era iminente. No mesmo dia, Yair Lapid, líder da oposição parlamentar de Israel, pediu que o primeiro-ministro cancelasse seu discurso no Congresso, previsto para a próxima quarta-feira, a menos que planejasse anunciar o acordo.

— Ele precisa declarar um acordo de reféns, sem inventar condições ou levantar obstáculos a cada 10 minutos — disse Lapid, aludindo a relatos de que Netanyahu havia complicado as negociações ao adicionar condições que o Hamas provavelmente resistiria.

A manutenção de Netanyahu no poder depende do apoio de dois partidos de extrema direita que se opõem a qualquer acordo que mantenha o Hamas na liderança em Gaza. Críticos dizem que isso torna o premier mais cauteloso e relutante em se comprometer com um acordo que poderia levar ao colapso de seu governo e provocar eleições antecipadas que, segundo as pesquisas, ele perderia.

Outros em seu bloco, porém, pedem que ele ignore as ameaças políticas. O partido religioso ultraortodoxo Shas enviou uma carta a Netanyahu nesta quarta-feira oferecendo apoio e dizendo para ele “não temer as vozes dentro da coalizão que se opõem ao acordo”.

Algumas das pressões mais persistentes vêm de líderes mundiais, organizações de saúde e grupos de direitos humanos. A guerra já matou mais de 38 mil pessoas e levou à fome generalizada, de acordo com autoridades de saúde de Gaza. Em entrevista coletiva do Departamento de Estado em Washington, o porta-voz Matthew Miller disse aos repórteres nesta quarta que, dada a escala do sofrimento no enclave, chegar a um acordo de cessar-fogo era uma “prioridade urgente”.

O próprio Netanyahu, porém, disse ontem que resistiu aos apelos (inclusive dos Estados Unidos) para não invadir a cidade de Rafah, no sul de Gaza. Israel entrou na região no início de maio, levando mais de um milhão de pessoas a fugir do local. O premier afirmou, ainda, que Tel Aviv tem enfrentado pressão para se retirar da área de fronteira entre Gaza e Egito, mas sugeriu que desafiaria esses apelos, ainda que autoridades israelenses tenham mantido conversas sobre uma possível retirada da área em troca de garantias de segurança.

— Pressão sobre mim não vai funcionar — enfatizou Netanyahu.

O acordo proposto sugere um cessar-fogo de três estágios. A primeira fase duraria seis semanas, durante as quais uma trégua permanente seria negociada. Israel, porém, quer reservar a opção de continuar lutando até a destruição do grupo terrorista, embora o porta-voz do Exército, Daniel Hagari, já tenha declarado não ser possível eliminar o grupo “por se tratar de uma ideologia”. O Hamas insiste que Israel garanta o caminho para um cessar-fogo permanente antes da libertação dos reféns.

Alguns legisladores democratas disseram que planejam faltar ao discurso de Netanyahu no Congresso, sinalizando descontentamento com as políticas de seu governo de extrema direita e a condução da guerra. Um grupo de 500 acadêmicos israelenses enviou uma carta ao presidente da Câmara, Mike Johnson, pedindo que ele “desconvide” o premier. Nela, eles afirmam que Netanyahu “demonstrou sua indiferença ao inferno contínuo suportado pelos reféns”. Alguns parentes dos reféns planejam viajar aos EUA para protestar contra o discurso.

Acúmulo de tensões

O ministro da Segurança Nacional de Israel, o linha-dura Itamar Ben-Gvir, visitou o local sagrado mais contestado de Jerusalém nesta quinta-feira, provocando indignação palestina. O topo da colina, reverenciado pelos muçulmanos como o complexo da Mesquita al-Aqsa e pelos judeus como o Monte do Templo, há muito é motivo de tensões entre israelenses e palestinos. Ben-Gvir disse ter ido até lá para rezar para que os reféns voltassem para casa “sem um mau acordo, sem rendição” ao Hamas.

Localizada na Jerusalém Oriental ocupada por Israel, a Esplanada das Mesquitas é o terceiro lugar mais sagrado do islã — e está construída sobre o que os judeus consideram o local mais sagrado do judaísmo. Desde sua chegada ao governo, em dezembro de 2022, Ben-Gvir visitou a região diversas vezes. A passagem do político pelo local, contudo, foram sempre denunciadas como “sacrílegas” pelos palestinos e por estrangeiros que interpretam a ação do ministro como uma provocação.

— Rezo e faço esforços para que o primeiro-ministro mantenha a determinação de não ceder e continue até o fim reforçando a pressão militar, privando [o Hamas] de combustível, e que vençamos — declarou o ministro em vídeo nesta quinta-feira, enquanto a comunidade internacional continua a chamar Israel para suavizar o cerco que impõe a Gaza, que enfrenta uma catástrofe humanitária.

Devido à falta de eletricidade, a escassez de combustível não permite alimentar os geradores necessários para o bom funcionamento dos hospitais do pequeno território palestino devastado pela guerra desencadeada após o ataque sem precedentes lançado pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro. (Com AFP e New York Times)

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