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Por O Globo — Caracas

Foi encerrada a votação nas eleições presidenciais na Venezuela às 19h (20h em Brasília) deste domingo, uma hora depois do horário oficial, devido a atrasos em algumas sessões eleitorais. Nesta eleição histórica, que pode pôr fim a 25 anos de chavismo, disputam o presidente Nicolás Maduro, em busca de um terceiro mandato, e o diplomata Edmundo González, principal nome da oposição que substituiu a líder María Corina Machado, impedida de concorrer pela Justiça, na coalizão Plataforma Unitária.

Em coletiva logo após o encerramento da votação, María Corina, ao lado de González, pediu aos eleitores para não deixarem as seções eleitores e acompanharem a contagem dos votos, um direito assegurado por lei. Segundo ela, a coalizão já está recebendo as atas de votação das urnas e "todos os estados estão batendo recorde" de comparecimento.

— Venezuelanos, continuem em seus centros de votação em vigília. Lutamos todos estes anos para este dia, estes são os minutos crucias, as horas decisivas. Necessitamos que todos os venezuelanos estejam nos seus centros de votação acompanhando — destacou María Corina. — Você, cidadão eleitor, tem direito de participar da apuração, que é publica. Ninguém saia da seção sem o boletim [de votos].

María Corina classificou o processo eleitoral como uma "jornada cívica única", elogiando o fato de ter havido poucos casos de violência ao longo do dia.

— Esta tem sido uma jornada cívica única. Lutamos e trabalhamos por um momento que chegou, apesar dos obstáculos. Tivemos muitos poucos casos de violência — destacou. — Este é o momento mais crítico e a melhor forma de passarmos por ele é mantermos a presença física nas seções. Não estamos sozinhos. O mundo está conosco.

González também pediu que os eleitores acompanhassem a apuração e manifestou otimismo diante das parciais.

— Tivemos uma jornada de participação em massa, jamais vista nos últimos anos. Pedimos as testemunhas que fiquem nos centros de votação até que recebam as atas de votação — disse o presidenciável. — Estamos mais do que satisfeitos com as expectativas que temos em relação aos resultados.

'Queremos contar'

Atendendo aos pedidos da oposição, muitos venezuelanos estão do lado de fora das seções eleitorais após o fechamento das urnas cantando o hino nacional e protestando para acompanhar a apuração.

— Queremos contar, queremos contar — gritam grupos em Caracas.

Durante anos, o chavismo aplicou sua chamada “operación remate” (operação leilão, em tradução livre) no limite do horário de encerramento, prolongando os dias de votação até muito tarde, o que abriu espaço para várias irregularidades denunciadas no passado.

Em alguns centros nos estados de Bolívar, Táchira e Zulia, esquadrões de choque da Guarda Nacional Bolivariana foram mobilizados para conter os protestos que já estão começando a ocorrer.

O comparecimento às urnas é fundamental para a legitimidade de um pleito marcado por denúncias de perseguição a opositores e falta de transparência. Testemunhas da oposição reclamaram que lhes foram negadas as atas da contagem de votos a que têm direito.

Chavismo indica vitória

Em coletiva, Jorge Rodríguez, ex-vice-presidente e coordenador da campanha de Maduro, também manifestou otimismo em relação ao resultado, indicando uma vitória do grupo governista.

— Não podemos anunciar os resultados, mas podemos mostrar nossa cara — disse, sorrindo. — Pacientemente esperaremos o boletim do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), mas imediatamente após ser emitido o boletim, nós os esperaremos onde vocês sabem para encontrar quem vocês conhecem (apontou para o boné com o símbolo de "Gallo Pinto", usado pela campanha de Maduro).

Rodríguez agradeceu ao CNE pela "tranquilidade e paz" no decorrer do dia de votação, enfatizando a legitimidade do sistema venezuelano, além do próprio Maduro, que, segundo ele, evitou supostas "ameaças" contra o Estado venezuelano, sem especificar quais.

— Também queremos agradecer ao CNE, que hoje deu novas demonstração de um sistema eleitoral que funciona cabalmente e que há permitido que a festa democrática tenha ocorrido em absoluta tranquilidade e paz. A Venezuela é um exemplo para os países do mundo em realização de eventos eleitorais em completa paz — disse Rodríguez, que presidiu o CNE no passado. — Queremos agradecer também ao presidente da República, que garantiu a paz. Nos últimos dias, recebemos ameaças contra o Estado venezuelano e essas ameaças foram encerradas pelo presidente venezuelano.

Bocas de urna

Segundo a campanha opositora, mais de 11 milhões dos 21 milhões eleitores convocadas haviam votado até as 16h do horário local, cerca de 54% do eleitorado. Tanto González quanto Maduro convocaram eleitores para votar por meio das redes sociais faltando uma hora para o fim da votação. Um comparecimento abaixo dos 60% era visto como preocupante para os candidatos, sobretudo para a oposição. Em 2013, cerca de 80% do eleitorado foi às urnas.

Paira a incerteza em relação ao resultado, com pesquisas de boca de urna, que são proibidas no país, apontando diferentes vencedores. Nas últimas horas, partidários da oposição e do governo divulgaram nas redes sociais levantamentos cujas porcentagens variam de acordo com o grau de sintonia dos institutos com determinada sigla.

Segundo o último boletim da empresa Edison Research, divulgado às 18h, Edmundo González lidera com 65% contra 31% a favor de Nicolás Maduro. O instituto fez a pesquisa com 6.846 eleitores entrevistados em 100 seções eleitorais.

Ao meio-dia, a agência Hinterlaces informou que 61,5% dos eleitores haviam votado e que o presidente Nicolás Maduro estava à frente do oposicionista Edmundo González por quase 12 pontos percentuais — 54,6% a 42,8%.

Pouco depois, o instituto de pesquisas Meganalisis questionou o resultado apresentando um quadro completamente diferente: de acordo com seus relatórios, às 11 horas da manhã, 41% dos eleitores haviam votado e González estava à frente de Maduro por mais de 50 pontos — 65,3% a 13,1%.

Mais recente Próxima Eleição na Venezuela: Após fechamento das urnas, Kamala Harris diz que 'vontade do povo venezuelano deve ser respeitada'

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