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Por — Caracas

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GERADO EM: 29/07/2024 - 09:05

Reeleição de Maduro na Venezuela: Crise Profunda e Sanções em Pauta

A reeleição de Maduro na Venezuela aprofundará a crise. A narrativa chavista enfatiza o combate ao imperialismo, mas as sanções devem aumentar. O país enfrenta hiperinflação, recessão e êxodo de milhões. A oposição apoia as sanções. A comunidade internacional não reconhece a vitória de Maduro. A população, incluindo chavistas descontentes, clama por mudanças diante do cenário de tragédia e isolamento. As consequências da eleição indicam que a crise no país persistirá.

Antes mesmo do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter divulgado o resultado da eleição presidencial na Venezuela, o ministro das Relações Exteriores do país, Iván Gil, se comunicou, segundo fontes em Caracas, com seu par brasileiro, Mauro Vieira, para transmitir o otimismo do governo de Nicolás Maduro. Vendo tudo o que aconteceu depois, não se observam muitas razões para ser otimista sobre o futuro da Venezuela, que tem agora um chefe de Estado declarado oficialmente vencedor, e um candidato opositor que se declarou extra-oficialmente presidente eleito. Com algumas diferenças, já vimos esse filme, e ele trouxe para o país — e para os venezuelanos — mais sanções econômicas, crise, pobreza, êxodo de milhares de pessoas e isolamento internacional.

A Venezuela anda em círculos, há 25 anos. Desde que Hugo Chávez foi eleito presidente, em 1998, a dinâmica política no país é um fator que afugenta investimentos, dificulta a vida dos empresários locais e, em consequência, afeta de forma negativa sua economia. Quando o petróleo estava em alta, o chavismo teve períodos de vacas gordas que permitiram financiar uma política social clientelista, pilar dos primeiros governos de Chávez. Mas Maduro assumiu o comando do país em circunstâncias muito diferentes, e a isso somaram-se conflitos internos — encarados com uma estratégia repressora não vista nos anos de Chávez — e externos que levaram países e blocos como a União Europeia a imporem quase mil sanções contra a Venezuela.

Em seus governos, Maduro enfrentou hiperinflações e recessões econômicas dramáticas. Foram esses motivos os que, principalmente, expulsaram milhões de venezuelanos do país. A perseguição política pesou, em muitos casos, mas na grande maioria foi o desastre econômico, pelo qual o chavismo responsabiliza as sanções externas. A oposição que agora canta vitória apoiou e apoia essas sanções.

A narrativa do chavismo após a eleição será a de que o povo votou a favor de Maduro em sua luta contra o imperialismo que busca sufocar a Venezuela. Assim o expressou o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López:

— Podemos dizer, antes mesmos de conhecer os resultados, que o povo da Venezuela se levantou com força e contundência para rejeitar e exigir o fim das sanções criminais contra a Venezuela.

Mas as sanções não apenas vão continuar, elas vão aumentar. E a tragédia venezuelana vai se aprofundar. Ouvi isso de defensores do chavismo, que, após a divulgação do resultado não se sentiram aliviados. São pessoas que, como milhões de opositores, têm seus filhos morando longe, não estão vendo seus netos crescerem de perto, e a tela de um celular é sua principal conexão com uma família dinamitada pelas guerras políticas e econômicas do país. São chavistas que votaram por Maduro, mas querem mudanças. Querem, em suas palavras, “sair desse buraco no qual ninguém aguenta mais viver”.

Maduro foi declarado vencedor, mas até agora conta com o reconhecimento de países como Rússia, Cuba, Honduras e Bolívia. Os governos do Brasil e Colômbia, seus principais vizinhos, estão conversando, querem ter certezas e poderão, eventualmente, parabenizar o presidente. Mas não o fizeram imediatamente, e isso já é um sinal. Não bastou o anúncio do CNE. Os Estados Unidos expressaram, através do secretário de Estado Antony Blinken, “sérias preocupações de que os resultados não reflitam o desejo que os venezuelanos expressaram com seu voto”. O presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou que "o regime de Maduro deve entender que os resultados que publicou são difíceis de acreditar. A comunidade internacional e, sobretudo, o povo venezuelano, incluindo os milhões de venezuelanos no exílio, exigimos total transparência com as atas, o processo e os observadores".

Antes da divulgação tardia dos resultados por parte do CNE, fato que causou preocupação na comunidade diplomática em Caracas, inclusive entre representantes do governo brasileiro, o desejo expressado por representantes do governo chavista a interlocutores externos era o de que esta eleição não terminasse como a de 2018, na qual a oposição decidiu não participar. Ou seja, que esta eleição trouxesse legitimidade interna mas, principalmente, externa. Isso, diziam os chavistas, os fortaleceria nas negociações para suspender sanções. Mas não aconteceu.

Maduro poderia anunciar um novo diálogo nacional, até mesmo a liberação de alguns presos políticos, mas há dúvidas sobre as chances de este tipo de iniciativas prosperarem. O papel de Brasil e Colômbia será importante, mas nenhum dos dois países conseguirá mudar rumos. A eleição venezuelana não normalizou a situação no país, como esperava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As tragédias continuarão, e suas consequências também.

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