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Por O Globo, com agências internacionais — Caracas

O Ministério Público da Venezuela abriu uma investigação para apurar um suposto ataque hacker que teria tentado invadir o sistema de transmissão de votos durante as eleições presidenciais de domingo, com o procurador-geral da República, Tarek William Saab, acusando os opositores do regime chavista María Corina Machado, Leopoldo López e Lester Toledo de estarem por trás da tentativa, com objetivo de adulterar o resultado da votação — atualmente, apenas María Corina está no país.

— De acordo com as informações sigilosas que recebemos, o principal envolvido neste ataque seria o cidadão Lester Toledo, infame fugitivo da justiça que está no exterior. Junto com ele, parecem estar envolvidos os fugitivos da justiça venezuelana Leopoldo López e María Corina Machado. Os promotores estão coletando evidências dessas ações que tentaram adulterar os resultados — afirmou Saab, em um pronunciamento ao país nesta segunda-feira, acrescentando que o ataque teria partido de um servidor hospedado na Macedônia do Norte.

O presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Elvis Amoroso, referiu-se a uma suposta tentativa de interferência no sistema de transmissão de votos ao anunciar o resultado da contagem, que deu vitória a Maduro, com 51,2% dos votos. O próprio Amoroso, um ex-controlador-geral da República e chavista veterano, afirmou que os ataques não tiveram sucesso em interferir nas informações.

O sistema de votação na Venezuela conta com um duplo registro do voto, por via digital e impressa, que são simultaneamente registrados na seção eleitoral. Em tese, se um hackeamento do sistema eletrônico ocorresse — algo que observadores dizem ser extremamente difícil, uma vez que as urnas eletrônicas não são conectadas à internet e transmitem os dados ao CNE por linhas telefônicas criptografadas —, seria possível contar os votos somando as atas de votação que computam os votos de cada seção eleitoral ou mesmo recontando os votos manualmente. A oposição, contudo, afirma que só teve acesso a 40% das atas de votação, embora tivesse observadores em 95% das seções eleitorais — questionamento que virou alvo do regime.

No pronunciamento, o procurador afirmou que o Ministério Público observa com preocupação "o desconhecimento do resultado [da eleição] por um setor do radical com longo histórico de violência", acrescentando que o órgão vai monitorar "qualquer ato" que pretenda iniciar uma escalada de violência.

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— Advertimos que os atos de violência e chamados a desconhecer os resultados oficiais podem configurar os delitos de instigação pública, artigo 285 do Código Penal, com uma pena de 3 a 6 anos de prisão — disse Saab.

A oposição — assim como uma série de países estrangeiros, incluindo o Brasil — não reconheceram o resultado das eleições venezuelanas imediatamente. María Corina Machado, principal opositora de Maduro, afirmou que uma contagem realizada com base nas atas recolhidas por seus apoiadores nos centros de votação apontavam uma larga vantagem de Edmundo González Urrutia, candidato pela Plataforma Unitária.

— Vencemos e todos sabem disso. Queremos dizer a toda a Venezuela e ao mundo que a Venezuela tem um novo presidente eleito e é Edmundo González Urrutia — disse María Corina, em uma entrevista coletiva ao fim da jornada eleitoral.

Entre os opositores citados pelo procurador como supostos responsáveis pela tentativa de interferir na eleição, María Corina é a única que permanece na Venezuela, tendo participado de toda a campanha eleitoral e mobilizado multidões em comícios. Leopoldo López, que concorreu contra Hugo Chávez e é acusado de patrocinar uma tentativa de golpe contra o então presidente em 2002, vive exilado em Madri.

Lester Toledo, um ativista político ligado a figuras como López e o Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente em 2013, também deixou o país, após virar alvo do oficialismo chavista por tentar denunciar casos de corrupção da cúpula do regime.

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