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Por O Globo com agências internacionais — Caracas

As ruas de Caracas e de outras grandes cidades venezuelanas foram palco nesta terça-feira de novos protestos contra os resultados contestados da eleição presidencial de domingo, que deu a vitória a Nicolás Maduro em meio a acusações de falta de transparência e fraude. No entanto, o chavismo também convocou seus partidários a saírem às ruas, o que aumentará a tensão do dia.

A líder da oposição, María Corina Machado, convocou assembleias de cidadãos em todo o país a partir das 11h (12h em Brasília) para “defender civicamente a vitória de Edmundo González Urrutia”, o candidato da oposição que alega ter vencido a eleição com mais de 70% dos votos. A manifestação central, prevista para durar até meia-noite, ocorre em frente à sede das Nações Unidas.

— Sabíamos que eles iriam fazer todos os tipos de armadilhas, e é por isso que construímos uma rede cidadã durante meses (...) As atas oficiais que foram salvaguardadas e escaneadas estão disponíveis para que todos saibam que Edmundo González Urrutia venceu — declarou María Corina após a publicação de um portal onde todos podem consultar os resultados da votação que estão nas mãos da oposição.

Ela falou sobre a incerteza que reina no setor oposicionista no momento, mas pediu cautela:

— Confiem no que vem a seguir, nós vamos cobrar — afirmou, diante de milhares de apoiadores reunidos nos arredores da sede da ONU. — Acreditamos no direito à liberdade de expressão, mas vamos fazer isso de forma pacífica e cívica. Não vamos cair nas provocações que eles fazem.

Líderes da oposição venezuelana chegam a comício para pedir transição pacífica de poder

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O chavismo, por sua vez, também convocou a população para ir às ruas. O presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, instou os membros do Partido Socialista da Venezuela (PSUV) a se mobilizarem em Caracas em apoio a Maduro e em “defesa da paz”. Rodríguez incentivou as marchas a serem repetidas em todas as cidades do país.

O presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, pediu ao Ministério Público que prenda María Corina e Edmundo González, a quem acusou mais uma vez de serem fascistas.

— Com o fascismo não há diálogo, eles não recebem benefícios processuais, não são perdoados — disse o principal operador político de Maduro, diante do Parlamento controlado pelos chavistas. — As leis são aplicadas a eles e o Ministério Público tem de agir não apenas com os bandidos viciados em drogas que são pagos para aterrorizar, mas também com seus chefes. E não estou me referindo apenas a María Corina Machado, mas também a Edmundo González, porque ele é o chefe da conspiração fascista.

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) proclamou Nicolás Maduro vencedor da eleição presidencial com 51,2% dos votos contra 44,2% do oposicionista Edmundo González Urrutia. A autoridade eleitoral, controlada pelo chavismo, calculou que o comparecimento às urnas foi de 59%, com 80% dos votos apurados, e descreveu a tendência como “irreversível”.

Maduro defendeu sua vitória, enquanto a oposição, liderada por María Corina Machado, rejeitou o resultado, alegando ter provas de que seu bloco recebeu 73,2% dos votos.

— É um ultraje à verdade — María Corina, denunciando irregularidades na transmissão das cédulas.

O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, expressou nesta terça-feira "absoluta lealdade e apoio incondicional" das Forças Armadas ao presidente Nicolás Maduro, assegurou que os protestos "são um golpe de Estado" que promovem "a extrema direita" e prometeu que as forças não irão permitir isso.

Forças policiais e coletivos pró-Chávez têm atuado na repressão aos protestos em partes de Caracas. Balanços apresentados por ONGs atuantes no território venezuelano apontam ao menos 11 mortos, 44 feridos, 46 detidos e 25 desaparecidos durante — com um jornal espanhol afirmando que há ao menos sete mortos.

o Ministério Público afirma que 749 pessoas foram detidas, 48 militares e policiais ficaram feridos e um oficial da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) morreu. Segundo o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, aqueles que foram flagrados destruindo o patrimônio público serão processados por “atos de terrorismo”, acusação que pode ser estendida a líderes opositores que "instigaram" a população sair às ruas — em referência a María Corina Machado.

As vítimas fatais incluem dois jovens identificados como Antoni Cañizales, de 19 anos, e Jeison Javier Bracho Martínez, 22, informou o jornal venezuelano Efecto Cocuyu.

Martínez foi morto às 20h de segunda-feira no setor El Limón, em Caracas, por dois motoristas que passaram pela área e atiraram contra os manifestantes. Já Cañizales foi morto no bairro de San Andrés, no oeste da capital, quando foi levar comida para um parente hospitalizado no Hospital Infantil de El Valle. Parentes do jovem disseram que ele não estava protestando, mas foi baleado por desconhecidos após manifestações no bairro contra os resultados das eleições.

Entre os detidos estão os líderes opositores Ricardo Estévez, do partido Vem Venezuela(VV), fundado por María Corina, e Freddy Superlano, do Vontade Popular (VP), que alertou nesta terça-feira para uma “escalada da repressão” em meio aos protestos contra a reeleição de Maduro.

Em um vídeo divulgado nas redes sociais é possível ver Superlano sendo levado por agentes da Inteligência Bolivariana e se desfazendo de seu celular.

“Devemos denunciar responsavelmente ao país que há poucos minutos nosso coordenador político nacional Freddy Superlano foi sequestrado”, disse o partido VP no X.

Vídeo mostra líder de oposição na Freddy Superlano sendo detido na Venezuela, diz partido

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O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, disse estar “extremamente preocupado” com as tensões pós-eleitorais na Venezuela e pediu às autoridades que respeitem o direito a “protestos pacíficos”.

“A Venezuela está em um momento crítico. Peço às autoridades que respeitem os direitos de todos os venezuelanos de se reunirem e protestarem pacificamente e de expressarem suas opiniões livremente e sem medo”, afirmou em comunicado.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, instou o governo de Maduro a contar os votos “com total transparência” e a liderança política a agir “com moderação”. O Brasil, a maior democracia da América Latina, solicitou, por meio de seu Ministério das Relações Exteriores, a publicação das apurações para dar “transparência e legitimidade” à contagem dos votos. Estados Unidos e Chile também questionaram os resultados.

O Centro Carter, que atuou como observador internacional, pediu ao CNE na segunda-feira que publicasse “imediatamente” os registros eleitorais. Nesta terça-feira, cancelou a declaração preliminar que havia programado para o mesmo dia em Caracas e antecipou sua saída do país. O Centro Carter tinha uma missão muito pequena no dia da votação, com apenas 17 pessoas, 11 em Caracas e outras seis em Barinas, Maracaibo e Valência.

China e Irã, por sua vez, aplaudiram a “realização bem-sucedida” das eleições. Rússia, Cuba, Nicarágua, Honduras, Coreia do Norte, Síria e Bolívia também parabenizaram Maduro pela reeleição. (Com El País)

Mais recente Próxima Oposição da Venezuela cria portal com supostos dados de atas eleitorais e afirma que vantagem de González sobre Maduro é inalcançável

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