A oposição venezuelana denunciou a prisão de mais um dirigente político pelas forças de segurança do governo do país. Se trata de Ricardo Estévez, do partido Vem Venezuela, liderado por María Corina Machado, e que apoiou o candidato Edmundo González na eleição presidencial de domingo passado. Mais cedo, Freddy Superlano, ex-deputado e um dos líderes da oposição, também foi detido na capital venezuelana.
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Segundo informações do canal VPItv, Estévez, assessor eleitoral do partido, e que atuou na campanha de González, saía de casa no bairro de El Cafetal, em Caracas, quando dois veículos sem placas fecharam o seu veículo, o obrigaram a descer e o detiveram, aparentemente sem dar explicações. A ação foi filmada por câmeras de segurança.
As autoridades venezuelanas não confirmaram a prisão, tampouco deram detalhes sobre seu paradeiro.
“Vemos com alarme a recente prisão do líder político Ricardo Estévez, do partido Vem Venezuela, ocorrida quando ele saía de sua residência em El Cafetal, Caracas, na tarde desta terça-feira”, escreveu no X a organização de defesa dos direitos humanos Justiça, Encontro e Perdão. “O fato de ter sido interceptado por dois carros sem placa, retirado do seu veículo e detido sem explicação é uma clara violação dos seus direitos e um exemplo óbvio de abuso de autoridade.”
A detenção de Estévez ocorre em meio a uma onda de protestos, violência — até agora são 11 os mortos — e prisões de manifestantes e políticos de oposição. Horas antes da detenção do dirigente do Vem Venezuela, o ex-deputado e integrante do partido Vontade Popular, Freddy Superlano, foi preso em Caracas. Um vídeo gravado pelo próprio Superlano mostrou o momento da detenção, e o celular foi descartado pelo político, como mostram imagens feitas por câmeras de segurança.
“Alertamos a comunidade internacional sobre uma escalada repressiva da ditadura de Nicolás Maduro contra os ativistas da causa democrática, que exigem pacificamente a publicação dos resultados eleitorais que dão ao nosso presidente eleito Edmundo González uma vitória esmagadora”, afirmou no X o Vontade Popular.
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Desde a noite de domingo, quando o Conselho Nacional Eleitoral divulgou números que apontavam para uma vitória do presidente, Nicolás Maduro, integrantes da oposição exigem a divulgação das atas das seções eleitorais, algo que não aconteceu até o momento. Nas ruas, milhares de pessoas protestaram contra os resultados, e chegaram a atacar estátuas do ex-presidente Hugo Chávez — os episódios de violência se multiplicaram, assim como as detenções de manifestantes e de dirigentes de oposição.
Nesta terça-feira, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, disse que Edmundo González e María Corina Machado deveriam ser presos pelas autoridades, os acusando de integrar uma “conspiração fascista”.
— Não há diálogo com o fascismo, não são concedidos benefícios processuais, não são perdoados — disse Rodríguez. — As leis são aplicadas a eles e o Ministério Público tem que agir não só com os bandidos drogados que pagam para aterrorizar, mas também com os seus patrões. E não me refiro apenas a María Corina Machado, mas também a Edmundo González, porque ele é o chefe da conspiração fascista.
Mais cedo, Diosdado Cabello, vice-presidente do partido de Maduro, afirmou que, além das 730 pessoas detidas durante os protestos, 10 dirigentes da oposição estão na mira das autoridades.
— Temos conversas e comunicações, seja qual for o nome, seja qual for o sobrenome que tenham, eles irão para a prisão — afirmou o dirigente chavista.
(Com El País)
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