Mundo
PUBLICIDADE

Por O Globo e agências internacionais — Cidade de Gaza

Dois jornalistas da al-Jazeera foram mortos num ataque aéreo israelense no norte da Faixa de Gaza, anunciou a rede catari nesta quarta-feira. Segundo o veículo, o repórter Ismail al-Ghoul, de 27 anos, e o cinegrafista Rami al-Rifi morreram após um bombardeio atingir o carro em que eles estavam. Ambos tinham acabado de fazer uma reportagem perto da casa do chefe político do grupo terrorista Hamas, Ismail Haniyeh, que foi assassinado no Irã também nesta quarta.

A rede de notícias acusou o Exército de Israel de ter atingido os jornalistas com um “ataque direto” e informou que o carro bombardeado “estava claramente marcado como um veículo de imprensa”. Em comunicado, a al-Jazeera Media Network afirmou que o “assassinato de Ismail e Rami, ocorrido enquanto documentavam os crimes das forças israelenses, ressalta a necessidade urgente de uma ação legal imediata contra as forças da ocupação para garantir que não haja impunidade”.

O conflito em Gaza é considerado o mais mortal para jornalistas desde que os dados sobre o tema começaram a ser recolhidos, em 1992. As mortes de al-Ghoul e al-Rifi elevaram para 111 o número de profissionais da imprensa que perderam a vida cobrindo a guerra no enclave desde que ela eclodiu, em outubro. Desses, 106 eram palestinos, de acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, órgão que contabiliza as vítimas. Os demais eram dois libaneses e três israelenses.

Mohammed Moawad, editor-chefe da al-Jazeera, elogiou a coragem de al-Ghoul numa publicação nas redes sociais. Ele escreveu que o repórter era “conhecido pelo seu profissionalismo e dedicação” e que chamava a atenção do mundo “para o sofrimento e as atrocidades cometidas em Gaza”. Mowad compartilhou uma mensagem que disse ter sido escrita por al-Ghoul. Nela, o jornalista dizia ser assombrado pelo sofrimento e morte de civis que ele havia testemunhado ao reportar a guerra.

“Devo dizer, meu amigo, que já não conheço o sabor do sono”, escreveu al-Ghoul. “Os corpos das crianças, os gritos dos feridos e suas imagens ensanguentadas nunca saem da minha vista. Os gritos das mães e os lamentos dos homens que perderam seus entes queridos nunca desaparecem da minha audição. Estou cansado, meu amigo”.

Os corpos dos dois jornalistas da al-Jazeera foram levados para o hospital al-Ahli. O repórter Anas al-Sharif, que estava na unidade de saúde para onde seus colegas foram levados, disse que os dois estavam “transmitindo o sofrimento dos palestinos deslocados”. Num vídeo da rede catari feito do lado de fora da unidade de saúde é possível ver os dois corpos em macas vestindo coletes designados a proteger jornalistas – ambos marcados com a palavra “imprensa”.

Diretora executiva do Comitê para a Proteção dos Jornalistas, Jodie Ginsberg disse em comunicado que a organização estava “consternada” com as mortes dos jornalistas, que, afirmou, “nunca devem ser alvos”. Ginsberg declarou que “Israel deve explicar por que mais dos jornalistas da al-Jazeera foram mortos em um aparente ataque direto”. O Exército israelense não respondeu a pedidos de comentários feitos nesta quarta.

Histórico de violência

Israel tem uma relação conturbada com a al-Jazeera. Em maio, o governo do Estado judeu encerrou as operações locais do veículo – uma medida que os críticos denunciaram como antidemocrática e parte de uma repressão mais ampla. O premier israelense, Benjamin Netanyahu, também já acusou sem provas a rede catari, uma das principais fontes de informação do mundo árabe, de prejudicar a segurança de Israel e de incitar a violência contra seus soldados.

O New York Times e outras grandes publicações internacionais retiraram jornalistas palestinianos que trabalhavam para eles do enclave. Israel e Egito, por sua vez, restringiram a entrada de jornalistas internacionais em Gaza – com exceção de visitas coordenadas a locais específicos com o Exército israelense. Com isso, as histórias que emergem da guerra têm sido frequentemente deixadas para repórteres palestinos documentarem sozinhos, trabalhando em condições perigosas.

— É claro que os jornalistas precisam ser protegidos — disse Stéphane Dujarric, porta-voz da ONU, a jornalistas nesta quarta-feira. — Estes e outros incidentes semelhantes devem ser investigados de forma completa e transparente, e deve haver responsabilização.

Esta não foi a primeira vez que jornalistas da al-Jazeera foram mortos em ataques de Israel à Faixa de Gaza. Em janeiro, Hamza Wael Dahdouh, repórter do canal catari, morreu enquanto viajava num veículo com Mustafa Thuria, um cinegrafista independente que trabalhava para a agência AFP desde 2019. Antes disso, o pai de Hamza, Wael al-Dahdouh, editor-chefe do escritório da al-Jazeera no enclave, foi ferido em um bombardeio. A esposa dele e outros dois filhos foram mortos nas primeiras semanas da guerra. (Com AFP e New York Times)

Mais recente Próxima Brasileiros que vivem na Cisjordânia temem escalada da violência na região com morte de líder do Hamas

Inscreva-se na Newsletter: Guga Chacra, de Beirute a NY

Mais do Globo

Especialistas preveem que regras sejam publicadas ainda este ano. Confira o que está para sair

Depois do CNU: Banco do Brasil, Correios e INSS, veja os concursos com edital previsto

Em 2016, com recessão e Lava-Jato, rombo chegou a R$ 155,9 bilhões. Pressão política para investir em infraestrutura preocupa analistas, que defendem regras de gestão mais rígidas

Fundos de pensão de estatais ainda têm déficit de R$ 34,8 bi e acendem alerta sobre ingerência política

Ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, afirmou que Madri atendeu a um pedido de González ao conceder asilo e disse que portas estão abertas para outros opositores

Espanha não ofereceu 'contrapartida' a Maduro para retirar González Urrutia de Caracas, diz chanceler da Espanha

Dispositivos finalmente ganharão atualizações relevantes, depois de dois anos sem novidades

Além do iPhone 16: veja os novos Apple Watch e AirPods que serão lançados hoje

Suspeito do crime, Tiago Ribeiro do Espírito Santo foi preso momentos depois e autuado por feminicídio

Garota de programa é morta estrangulada em hotel no Centro do Rio

Fazendeiro receberá compensação anual de R$ 54 mil, pois a aeronave impede o plantio de grãos no terreno

Empresa aérea começa a desmontar avião preso em campo de trigo na Sibéria um ano após pouso de emergência

Gorki Starlin Oliveira conta como uma estratégia de aquisições garantiu a sobrevivência de sua empresa em meio ao colapso das grandes redes de livrarias do Brasil

‘Compramos editoras para brigar por prateleira’, diz CEO da Alta Books

Homem foi descredenciado sob a alegação de que tinha anotações criminais em seu nome

Uber é condenado a pagar R$ 40 mil a motorista de aplicativo por danos morais

Texto ainda depende de aval do presidente para ser enviado ao Congresso; proposta também prevê reduzir negativas a pedidos via LAI

Governo discute projeto para acabar com sigilo de 100 anos após críticas a Lula por veto a informações