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Por O Globo — Caracas, Venezuela

O diplomata Edmundo González Urrutia, opositor do presidente venezuelano Nicolás Maduro na disputa do último domingo, agradeceu ao Brasil e a outros países e organizações internacionais por pedirem ao governo da Venezuela a publicação das atas eleitorais. Os resultados anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que deram a vitória ao atual presidente, são contestados em meio a acusações de falta de transparência e fraude.

“Agradecemos à ONU, à OEA, à União Europeia, aos Estados Unidos, ao Brasil, à Colômbia, ao Chile, ao México, à Argentina, à Espanha, à Itália, a Portugal, ao Peru, à Costa Rica, a El Salvador, ao Uruguai, ao Panamá, à Guatemala, à República Dominicana e ao Paraguai, por solicitarem o respeito à vontade dos venezuelanos expressa em 28 de julho, exigindo a publicação por tabelas dos registros de votação pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral), conforme expresso em nosso sistema jurídico e na declaração emitida pelo Carter Center, um observador internacional convidado pelo CNE”, escreveu González em publicação no X.

Com 80% das urnas apuradas, o CNE anunciou no último domingo a reeleição de Maduro para um terceiro mandato de seis anos com mais de 5,1 milhões de votos (cerca de 51,2%) contra 4,4 milhões (44,2%) obtidos pelo candidato opositor, González Urrutia.

Segundo a oposição, no entanto, González teria recebido 73% dos votos, o equivalente a 6 milhões, contra apenas 2,7 milhões de votos de Maduro, menos de 30%. O grupo político acusa o CNE de esconder parte dos boletins das urnas e justificou a contabilização a partir das atas das seções eleitorais obtidas até o momento e pesquisas de boca de urna de quatro institutos de pesquisa independentes.

Diversas organizações internacionais e representações diplomáticas cobraram uma auditoria do resultado e a divulgação dos dados totais das urnas. O secretário-geral da ONU, António Guterres, instou o governo de Maduro a contar os votos “com total transparência” e a liderança política a agir “com moderação”.

O Itamaraty também tenta atuar com outros países para pressionar a Venezuela a dar maior transparência aos resultados da votação presidencial. Porém, nesta terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou a eleição no país como “um processo normal”.

— É normal que tenha uma briga. Como resolve essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com um recurso e vai esperar na Justiça o processo. E vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar — afirmou o presidente, em entrevista à TV Centro América, afiliada da TV Globo no Mato Grosso. — O Tribunal Eleitoral reconheceu o Maduro como vitorioso, e a oposição ainda não. Há um processo. Eu vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a Terceira Guerra Mundial, mas não tem nada de anormal. Não tem nada de grave, não tem nada de assustador.

Lula falou horas depois da divulgação de uma nota da executiva nacional do PT afirmando que a eleição foi “uma jornada pacífica, democrática e soberana” e tratando Maduro como presidente reeleito. O chefe do Executivo brasileiro negou que o partido tenha se precipitado na nota, mas disse que a sigla não fala pelo governo. Oficialmente, o Brasil ainda não reconheceu a vitória de Maduro e defende aguardar “a apuração final” das atas eleitorais.

Na noite de terça-feira, Lula conversou com o presidente dos EUA, Joe Biden, e ambos concordaram ser necessário “que as autoridades eleitorais venezuelanas divulguem de forma imediata informações eleitorais completas, transparentes e detalhadas de cada centro de votação”, segundo comunicado da Casa Branca. Também se comprometeram a manter "estreita coordenação" sobre o assunto.

Nesta quarta-feira, a Organização dos Estados Americanos (OEA) se reúne para analisar a situação na Venezuela. Na véspera, a organização acusou Caracas de tomar “ações destinadas a distorcer completamente o resultado eleitoral, fazendo com que esse resultado ficasse à disposição da manipulação mais aberrante”.

Também é elevado o tom das críticas à decisão do governo venezuelano, anunciada anteontem, de expulsar diplomatas de sete países que criticaram as eleições. O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, chamou a decisão de “injustificada e desproporcional”. Já o Peru foi além: tornou-se o primeiro país a reconhecer o diplomata Edmundo González, candidato da oposição, como presidente eleito. A Chancelaria peruana anunciou que iria reforçar os controles migratórios para evitar um novo êxodo de venezuelanos.

Por outro lado, alguns conhecidos aliados do regime de Maduro o parabenizaram pela vitória: a lista inclui a Rússia, onde Vladimir Putin foi reeleito em março em uma votação questionada pela comunidade internacional; além de China, Coreia do Norte, Nicarágua, Cuba, Bolívia, Honduras e Irã.

Mais recente Próxima Eleições na Venezuela: Oposição divulga supostos resultados que indicam derrota de Maduro em todos os estados; veja

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