O chefe do gabinete político do Hamas, Ismail Haniyeh, foi morto nesta quarta-feira em Teerã, onde participava da posse do novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, anunciaram as autoridades iranianas e do grupo, atribuindo o ataque a Israel, que ainda não se pronunciou. A morte eleva os tremores de uma guerra ampliada e abalou o Hamas, mas tampouco significa uma desestabilização do grupo, que agora busca um sucessor para Haniyeh.
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O próximo chefe político do Hamas provavelmente será uma figura que esteja fora da Cisjordânia e Gaza porque a posição geralmente exige muitas viagens. Entre os principais cotados para substituir Haniyeh estão Khaled Meshal, Mousa Abu Marzouk e Khalil al-Hayya, pontuou Azzam Tamimi, autor de um livro sobre o grupo palestino.
Khaled Meshal
Meshal é ex-chefe do gabinete político. Ele está há muito tempo baseado em Doha e costumava sentar-se ao lado de Haniyeh em reuniões com ministros e representantes visitantes.
— Ele pode reunir mais unanimidade no Hamas do que qualquer outra pessoa — explicou Tamimi, que é amigo de Meshal há décadas.
O ex-chefe de gabinete foi caçado por Israel durante boa parte do período em que ficou longe dos territórios palestinos. No fim da década de 1990, chegou perto da morte pelas mãos do Mossad, o serviço secreto israelense, em Amã, na Jordânia, mas foi salvo por intervenção do governo americano, que considera o grupo uma organização terrorista.
Os agentes do serviço secreto teriam implantado um dispositivo de envenenamento na sua orelha e, ao saber da situação, o rei jordaniano exigiu que o primeiro-ministro israelense, que já era Benjamin Netanyahu, entregasse o antídoto. O premier recusou, mas foi pressionado pelo então presidente americano, Bill Clinton.
Mousa Abu
Membro sênior da direção do Hamas, Marzouk também vive em Doha. Segundo o laboratório de ideias Conselho Europeu de Relações Internacionais (ECFR, na sigla em inglês), ele nasceu em Gaza em 1951, na cidade de Rafah, no extremo sul, e ajudou a fundar o grupo em 1987.
Foi preso nos EUA em julho de 1995 com base em um mandado de prisão internacional. Ficou detido sem acusação até 1997, segundo o ECFR, quando foi enviado para a Jordânia. Dois anos depois, foi deportado para a Síria, e só deixou o país em 2012, alternando entre Gaza, Egito e Catar.
Khalil al-Hayya
Nasceu em 1960 em Gaza e atua como vice-chefe do gabinete político do grupo desde 2017, segundo o ECFR. Serviu como figura sênior no Hamas desde pelo menos 2006, de acordo com o Projeto Contra-Terrorismo.
O laboratório europeu pontuou que al-Hayya foi fundamental na negociação de um cessar-fogo com Israel durante a guerra em Gaza de 2014. Sua esposa e seus três filhos foram mortos durante uma tentativa de assassinato por Israel em 2007.
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