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Por O Globo e agências internacionais — Washington

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que o candidato de oposição na Venezuela, Edmundo González, venceu a eleição presidencial de domingo, contrariando o anúncio oficial das autoridades eleitorais venezuelanas, que declararam a reeleição de Nicolás Maduro. As palavras de Blinken jogam ainda mais pressão sobre Caracas, que é cobrada para a divulgação das atas das urnas usadas na votação.

"A oposição democrática publicou mais de 80% das folhas de contagem recebidas diretamente das seções eleitorais em toda a Venezuela. Essas folhas de contagem indicam que Edmundo González Urrutia recebeu a maioria dos votos nesta eleição por uma margem intransponível", disse Blinken, em comunicado. "Dadas as evidências esmagadoras, está claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano que Edmundo González Urrutia obteve a maioria dos votos nas eleições presidenciais da Venezuela em 28 de julho."

Blinken ainda parabenizou o diplomata aposentado pela "campanha bem sucedida", afirmando que o momento é de dar início a uma transição pacífica de poder e de consolidar "o processo de restabelecimento das normas democráticas na Venezuela".

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Maduro venceu com 51,2% dos votos, mas a oposição diz que González recebeu cerca de 67% dos votos. O Tribunal Superior de Justiça, de viés governista, convocou os candidatos para "o processo de investigação e verificação para certificar de maneira irrestrita os resultados do processo eleitoral", nesta sexta-feira, após atender a um pedido da campanha de Maduro.

Segundo o secretário de Estado, "a rápida declaração do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) de Nicolás Maduro como vencedor da eleição presidencial veio sem nenhuma evidência de apoio", apontando que não foram publicados "dados desagregados ou nenhuma das folhas de contagem de votos, apesar dos repetidos apelos dos venezuelanos e da comunidade internacional para fazê-lo".

"Como a missão de observação independente do Carter Center relatou, a falha do CNE em fornecer os resultados oficiais em nível de distrito, bem como irregularidades ao longo do processo, tiraram qualquer credibilidade do resultado anunciado pelo CNE", declarou o secretário de Estado.

Apesar dos EUA não terem declarado Edmundo González como o presidente legítjmo da Venezuela, como o fez o Peru na terça-feira, o país tem elevado o tom sobre a votação de domingo. Na quarta-feira, o representante americano na Organização dos Estados Americanos (OEA), Brian Nichols, também havia declarado que González venceu as eleições, citando as atas obtidas pela oposição e publicadas na internet.

O Brasil, que também cobra de Caracas a divulgação dos documentos das urnas, evita corroborar os números fornecidos pela oposição e espera a que eles sejam apresentados de forma oficial pelo CNE. Nesta quinta-feira, o governo brasileiro, ao lado da Colômbia e do México, divulgou uma nota conjunta fazendo um chamado às autoridades da Venezuela para que sejam divulgados os documentos que mostrem como foi a votação.

"Acompanhamos com muita atenção o processo de escrutínio dos votos e fazemos um chamado às autoridades eleitorais da Venezuela para que avancem de forma expedita e divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação", diz um trecho da nota.

No comunicado do Departamento de Estado, Antony Blinken disse ver com preocupação as declarações de autoridades, incluindo Maduro, com ameaças a figuras de oposição — o presidente venezuelano, além de seus aliados, tem sugerido que os oposicionistas estão incitando atos de violência ao redor do país, e tentando levar adiante um "golpe de Estado". Nesta quinta-feira, Maduro afirmou que está preparando prisões de segurança máxima para receber os manifestantes detidos.

"As ameaças de Maduro e seus representantes de prender os líderes da oposição, incluindo Edmundo González e María Corina Machado, são uma tentativa antidemocrática de reprimir a participação política e manter o poder. A segurança dos líderes e membros da oposição democrática deve ser protegida", pontuou Blinken. "Todos os venezuelanos presos enquanto exerciam pacificamente seu direito de participar do processo eleitoral ou exigir transparência na tabulação e anúncio dos resultados devem ser libertados imediatamente. As forças policiais e de segurança não devem se tornar um instrumento de violência política usado contra os cidadãos que exercem seus direitos democráticos."

Sem citar a declaração de Blinken, Maduro propôs nesta quinta-feira "retomar" o diálogo com os EUA, afirmando, no X, que "se o governo dos Estados Unidos está disposto a respeitar a soberania e deixar de ameaçar a Venezuela, podemos retomar o diálogo". Contudo, ele disse que esse eventual contato estaria condicionado ao "cumprimento" do memorando de entendimento firmado em setembro do ano passado em negociações diretas entre Caracas e Washington no Catar.

Segundo o texto do acordo, publicado por Maduro no X, Venezuela e EUA se comprometem “a estabelecer um plano de ação visando a libertação de pessoas privadas de liberdade, de interesse mútuo, de forma acordada”, e “não sugere de forma alguma que a Venezuela aceite ou apoie as sanções”. O acordo foi firmado em meio às negociações que levaram ao Acordo de Barbados, firmado entre governo e oposição, com mediação da Noruega, e que pavimentou o caminho para a eleição presidencial de 28 de julho.

O governo americano não respondeu.

(Com AFP)

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