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Por O Globo e agências internacionais — Quito e San José

Seguindo os Estados Unidos e o Peru, Equador, Panamá, Uruguai, Guatemala e Costa Rica reconheceram ontem a vitória de Edmundo González Urrutia nas eleições na Venezuela, das quais o presidente Nicolás Maduro foi proclamado ganhador em meio a denúncias de fraude da oposição, ampla condenação internacional e pedidos por mais transparência na divulgação dos resultados. Enquanto isso, Brasil, México e Colômbia tentam conter um efeito cascata na região: após conversas sobre a crise, os chanceleres dos três países cogitam ir a Caracas nos próximos dias para tentar negociar uma saída para a crise política do país.

Os países querem que as negociações para um acordo pacífico sejam feitas diretamente com Maduro e González. Para que o diálogo avance, no entanto, a ideia é que a principal líder da oposição, María Corina Machado, não participe das discussões. A avaliação é que, inabilitada pela Justiça do país para disputar a eleição, em que era favorita, María Corina jamais seria recebida em uma mesa de negociações pelos chavistas.

Segundo fontes da diplomacia brasileira, caberá ao México fazer a aproximação para constituir a mesa de diálogo.

‘Sem interferências’

O Peru foi o primeiro país a reconhecer a vitória de González, ainda na terça-feira. Mas a declaração do secretário de Estado americano, Antony Blinken, na noite de quinta, foi o pontapé para que mais cinco países seguissem o exemplo. O posicionamento americano foi criticado abertamente pelo presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, que o classificou como uma “imprudência”.

— Com todo respeito, o que o Departamento de Estado fez é um excesso. Peço desculpas a Blinken, mas isso não lhes corresponde. Não ajuda na convivência pacífica e harmoniosa entre as nações — disse. — Quem autoriza [Blinken], se ainda não apareceram as atas? O reconhecimento não é dado por um país estrangeiro, mas pela soberania de um povo.

Na mesma linha, mas sem citar diretamente Washington, o assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, afirmou à CNN que os impasses deveriam ser resolvidos sem “interferências extrarregionais”. Integrantes do governo afirmam que, se dependesse de Amorim, o ideal seria que o assunto fosse tratado no âmbito de um organismo representado pelos vizinhos da região, como a União de Nações da América do Sul (Unasul), totalmente estagnada, devido às diferenças ideológicas.

Mas o movimento dos EUA foi o estopim para o início de uma onda regional de apoio a González. A Presidência equatoriana escreveu no X que o opositor a Maduro era o “legítimo ganhador” da eleição, enquanto o Ministério de Relações Exteriores da Costa Rica disse, em nota, que ele era o vencedor “indiscutível”.

Horas depois, foi a vez do presidente do Panamá, José Raul Mulino, anunciar “o reconhecimento de Edmundo Gonzalez como o presidente eleito da Venezuela”. Em nota oficial, a Chancelaria uruguaia, por sua vez, criticou a pressa do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em proclamar a vitória de Maduro e citou a contagem paralela da oposição: “Desta contagem, surge com total contundência (...) que Edmundo González recebeu a maioria dos votos”.

Contradição

O Ministério de Relações Exteriores da Guatemala foi o último a se posicionar. Sem reconhecer claramente a vitória do opositor, disse que o país “ignora os resultados das eleições, por não ter as garantias correspondentes e por não respeitar a vontade popular expressa pelo povo nas urnas”.

A Argentina, por sua vez, emitiu declarações contraditórias. Após a chanceler Diana Mondino, afirmar nas redes sociais que “todos podemos confirmar, sem dúvida, que o legítimo vencedor é Edmundo González”, o Ministério de Relações Exteriores disse que o país “segue com extrema atenção e preocupação os acontecimentos a fim de pronunciar-se de maneira definitiva”.

Internamente, o governo venezuelano parece alheio à pressão internacional: nesta sexta-feira, o presidente do CNE, Elvis Amoroso, ratificou a vitória do chavista com o boletim atualizado de 97% das atas apuradas, o que daria a Maduro 6,4 milhões dos votos contra 5,3 milhões de González Urrutia. A oposição, entretanto, alega ter cópia de mais de 80% das atas e diz que González Urrutia obteve 67% dos votos.

Mais recente Próxima Autoridade eleitoral da Venezuela ratifica vitória de Maduro com 97% dos votos apurados apesar de pressão internacional

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