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Por O GLOBO — Buenos Aires

A ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, afirmou nesta sexta-feira que o principal candidato da oposição da Venezuela, Edmundo González Urrutia, é o vencedor da eleição venezuelana do último domingo, cujos resultados do Conselho Nacional Eleitoral dando vitória ao presidente Nicolás Maduro são contestados pela oposição e por parte da comunidade internacional.

“Todos podemos confirmar, sem dúvida, que o legítimo vencedor e presidente eleito é Edmundo González”, escreveu a chanceler em uma rede social, compartilhando na mesma publicação o link para o site em que a oposição reuniu dados de atas eleitorais que disse ter obtido na maioria das seções de votação — ainda não há, porém, validação independente do material compilado pelos opositores.

A declaração de Modino, que ainda não é um reconhecimento oficial do governo de Javier Milei de González como presidente, foi feita um dia depois de o Brasil assumir a custódia da embaixada argentina em Caracas após a expulsão dos diplomatas do país da Venezuela. Em nota separada, o Ministério de Relações Exteriores da Argentina disse que a "República Argentina segue com extrema atenção e preocupação os acontecimentos na Venezuela a fim de pronunciar-se de maneira definitiva".

No domingo, Milei contestou o anúncio de vitória de Maduro pelo CNE, afirmando que "a Argentina não vai reconhecer outra fraude". Nesta sexta, o porta-voz da Presidência, Manuel Adorni, criticou a demora na apresentação das atas eleitorais.

— A comunidade internacional vai concordar em aceitar efetivamente que tudo foi uma grande fraude e que o ditador Maduro tem de sair do poder. O povo venezuelano quer viver em paz e democracia — disse Adorni, citado pelo Clarín. — A posição do presidente foi sempre muito clara. Sempre dissemos que Maduro era simplesmente um ditador. Falsificou dados eleitorais de forma óbvia. Eles foram grosseiros até mesmo para apresentar dados de maneira tão óbvia. O tempo confirmou que o que Maduro diz não tem base ou documentação.

Também nesta sexta-feira, o chanceler do Uruguai, Omar Paganini, afirmou no X que, "em função da evidência esmagadora, fica claro para o Uruguai que Edmundo González Urrutia obteve a maioria dos votos nas eleições presidenciais da Venezuela".

Esperamos que a vontade do povo venezuelano seja respeitada", escreveu Paganini, citando ainda uma frase publicada por Edmundo González na rede social: "A verdade é o caminho da paz". A publicação foi compartilhada pelo presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, que na quarta-feira havia dito que "a pressão internacional é extremamente importante para que a Venezuela recupere a democracia".

Até agora, só Estados Unidos e Peru reconheceram como verdadeira a contagem paralela feita pela oposição. Um bloco maior de países, incluindo Brasil, Colômbia e México, pediu que o CNE divulgue os dados detalhados dos votos, mas não reconheceu a vitória de nenhum dos candidatos.

Na quinta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que González venceu a eleição de domingo, citando "evidências esmagadoras".

"A oposição democrática publicou mais de 80% das folhas de contagem recebidas diretamente das seções eleitorais em toda a Venezuela. Essas folhas de contagem indicam que Edmundo González Urrutia recebeu a maioria dos votos nesta eleição por uma margem intransponível", disse Blinken, em comunicado. Um dia antes, o subsecretário de Estado para o Hemisfério Ocidental, Brian Nichols, havia apontado que essa seria a posição do governo americano, durante reunião na Organização dos Estados Americanos.

— Com toda a clareza, Edmundo González é o presidente eleito da Venezuela. Esta posição é partilhada por numerosos países, governos e organizações internacionais — disse o chanceler peruano, Javier González-Olaechea.

A decisão argentina veio um dia depois de o Brasil assumir a custódia da embaixada da Argentina em Caracas: no domingo, mesmo dia da votação, a Venezuela ordenou que diplomatas de sete países — Argentina, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana, Uruguai e Chile — deixassem Caracas, assim como determinou o retorno de seus funcionários baseados nessas nações. Os argentinos, ao lado dos peruanos, fizeram um pedido para que o Brasil assumisse seus interesses em solo venezuelano, e o Itamaraty concordou. A decisão levou a uma rara demonstração amistosa do governo de Milei às autoridades brasileiras sob comando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Agradeço enormemente a disposição do Brasil em assumir a custódia da Embaixada argentina na Venezuela. Também agradecemos a representação momentânea dos interesses da República Argentina e dos seus cidadãos", escreveu Milei em uma publicação nas redes sociais, destacando também que "os laços de amizade que unem a Argentina ao Brasil são muito fortes e históricos".

Na quinta-feira, a bandeira brasileira foi hasteada na representação argentina, e a imagem foi compartilhada por Diana Mondino em suas redes sociais.

A maior preocupação de Buenos Aires é com o destino de seis dissidentes venezuelanos que estão abrigados na embaixada desde o dia 20 de março, e cuja saída do local, acompanhados pelos diplomatas argentinos, foi negada por Caracas, algo considerado pelo governo Milei de violação da Convenção de Caracas sobre asilo. Entre os seis colaboradores estão Magalli Meda, chefe de campanha de María Corina, e Pedro Urruchurtu, coordenador de relações internacionais. Todos foram acusados de participação em supostos planos para promover violência no país.

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