O presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, disse neste sábado que "não será aceito" que a oposição "pretenda usurpar" a Presidência do país. No último domingo, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou que Maduro foi reeleito para um novo mandato. No entanto, os resultados têm sido amplamente questionados e motivado protestos pela Venezuela.
— Não será aceito, com as leis nacionais, que pretendam usurpar a Presidência novamente — disse Maduro durante um comício em Caracas, no qual comparou o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, que reivindica a vitória na eleição do dia 28, ao líder político Juan Guaidó, reconhecido internacionalmente em 2019 como "presidente interino".
— Guaidó parte dois, González Urrutia, não vai! — afirmou o atual mandatário diante de milhares de apoiadores.
— Eles querem impor novamente a triste história de Guaidó. Guaidó 2.0 (...). Hoje ele estava com medo — disse Maduro em relação à ausência de González Urrutia em um comício liderado mais cedo pela líder da oposição María Corina Machado, também na capital venezuelana. Machado reapareceu em público depois de dizer estar escondida, na quinta-feira passada.
Guaidó, atualmente exilado nos Estados Unidos, era o chefe do parlamento em 2019 quando foi reconhecido como "presidente interino" por Washington e meia centena de governos latino-americanos e europeus que consideraram fraudulenta a reeleição de Maduro no ano anterior.
Nesta sexta-feira, o CNE ratificou Maduro como o vencedor com 52% dos votos, à frente dos 43% de González Urrutia, que representa Machado, impedida de concorrer por uma desqualificação política. O Conselho ainda não publicou resultados detalhados.
Enquanto isso, a oposição denuncia fraude e alega ter cópia de mais de 80% das atas eleitoras. Segundo os documentos, publicados na internet de forma independente, González Urrutia obteve 67% dos votos. Outras análises corroboram que González recebeu mais votos do que o atual presidente.
Os EUA disseram ter "provas contundentes" de uma vitória do candidato da oposição, e vários governos latino-americanos e europeus pediram a divulgação transparente dos resultados.
Os protestos que eclodiram desde segunda-feira deixaram onze civis mortos, de acordo com organizações de direitos humanos. Maduro disse que já existem cerca de 2 mil detentos que serão mantidos em duas prisões de segurança máxima.
Além disso, o presidente advertiu que as "patrulhas militares e policiais" continuarão "em toda a Venezuela para proteger o povo". O presidente afirma que uma tentativa de "golpe de Estado" está em andamento e, nesta semana, disse que Machado e González "deveriam estar atrás das grades".
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