O Estado Islâmico (EI) reivindicou neste sábado a autoria de um ataque a faca que deixou três mortos no oeste da Alemanha na sexta-feira, afirmando que agiu "para vingar os muçulmanos da Palestina e de todas as partes [do mundo]". Segundo o ministro regional do Interior, Herbert Reul, o suspeito do crime foi preso. Mais cedo, a polícia alemã já havia prendido um adolescente de 15 anos por supostas ligações com o atentado.
“O autor do ataque de ontem contra uma reunião de cristãos na cidade de Solingen é um soldado do EI”, disse um comunicado divulgado pelo órgão de propaganda jihadista Amaq.
O ataque ocorreu por volta das 16h40m de sexta-feira, quando milhares de pessoas se reuniram em frente a um palco para marcar a abertura das festividades da cidade de Solingen. O festival onde ocorreu o esfaqueamento foi um dos vários eventos planejados para marcar o 650º aniversário da fundação da cidade, de cerca de 150 mil habitantes, localizada na região mineradora do Ruhr, entre Düsseldorf e Colônia.
Segundo o ministro regional do Interior, Herbert Reul, "um homem armado com uma faca esfaqueou pessoas aleatoriamente e as matou". A polícia não revelou sua identidade, nem deu detalhes sobre seu possível envolvimento nos fatos. O suspeito foi encontrado em um centro de alojamento para imigrantes solicitantes de asilo em Solingen, que foi alvo de uma operação das forças especiais. O local fica no centro de Solingen, perto da praça onde ocorreu o ataque.
Três indivíduos morreram e oito ficaram feridos, quatro com gravidade, aponta o último relatório da polícia. Os mortos são dois homens de 56 e 67 anos e uma mulher de 56 anos.
“Foram ataques que tinham como alvo o pescoço” das vítimas, concluiu o chefe de polícia local, Thorsten Fleiss, após analisar as primeiras imagens. Os investigadores informaram que tinham um vídeo da sequência.
Mais cedo, a Promotoria anunciou a prisão de um adolescente de 15 anos foi preso por "deixar de relatar" o ato criminoso. Os investigadores acreditam que ele pode ter estado em contato com o autor do ataque. Testemunhas disseram que o viram, pouco antes dos fatos, discutindo o ataque com um homem, que poderia ser o assassino, informou o procurador-geral de Düsseldorf, Markus Caspers.
"O ataque brutal durante o festival municipal de Solingen nos comoveu profundamente", disse a ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, que visitou hoje a cidade e pediu que os alemães permaneçam unidos. Ela denunciou "aqueles que querem semear o ódio".
O partido de extrema direita AfD atribuiu o ataque a supostas deficiências na política de segurança regional e federal.
A coalizão do chefe de governo social-democrata, Olaf Scholz, enfrentará daqui a uma semana eleições regionais-chave no leste do pais, onde o AfD lidera com folga as pesquisas, frente aos partidos governistas. Antes do suspeito ser detido, Scholz publicou na rede social X que "o culpado deve ser preso rapidamente e punido com todo o rigor da lei".
O prefeito de Solingen, Tim-Oliver Kurzbach, disse que a cidade está "chocada, horrorizada e com muita dor".
— Todos queríamos celebrar juntos o aniversário da nossa cidade, e agora sofremos pelos mortos e feridos — acrescentou o prefeito. — Parte o coração saber que houve um ataque em nossa cidade. Tenho lágrimas nos olhos quando penso naqueles que perdemos. Rezo por aqueles que ainda lutam por suas vidas.
As autoridades municipais esperavam receber até 75 mil visitantes nos três dias de atividades do festival, com música ao vivo, teatro de rua e espetáculos de variedades e comédia.
Vários ataques a faca foram registrados no último ano na Alemanha, o que levou a ministra do Interior, Nancy Faeser, a prometer acabar com esse tipo de crime. O país enfrenta uma dupla ameaça à sua segurança: os atentados jihadistas e as ações de grupos de extrema direita.
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