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Por e , Em The New York Times — Taipé

RESUMO

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GERADO EM: 26/08/2024 - 04:31

Série "Zero Day" aumenta tensões entre Taiwan e China

Taiwan se prepara para uma possível guerra com a China com a série de TV "Zero Day". A trama desencadeia debates sobre a invasão chinesa, mostrando a realidade em caso de conflito. A produção levanta questões sobre a complacência e a possibilidade de confronto, despertando tanto apoio quanto críticas, refletindo a complexidade da situação geopolítica atual.

Na praça em frente ao palácio presidencial de Taipé, neste fim de semana, o pior pesadelo de Taiwan estava se desenrolando diante de equipes de filmagem. Uma multidão de atores e figurantes encenava o tipo de caos que ocorreria após uma invasão chinesa: um protesto que terminou em violência e derramamento de sangue.

A cena estava sendo filmada para “Zero Day” (“Dia Zero”), uma nova série de TV taiwanesa que mostra uma tentativa da China para tomar a ilha, que tem um sistema democrático de governo. Pequim há muito tempo afirma que Taiwan é parte de seu território, e exige que aceite a soberania chinesa pacificamente. O líder da China, Xi Jinping, disse que não descarta o uso da força para absorvê-la.

“Zero Day” só vai ao ar no ano que vem, mas tem causado debates acalorados desde a divulgação de um trailer. Apoiadores da série dizem que ela vai encorajar uma conversa necessária sobre a ameaça apresentada pela China. Seus críticos dizem que ela quer espalhar o medo.

Cheng Hsin-mei, produtora da série, disse que queria tirar os taiwaneses do que ela vê como complacência desenfreada e reticência sobre a possibilidade de uma guerra.

— Como as pessoas encarariam uma guerra, como confrontariam essa possibilidade, ninguém está falando sobre isso — disse Cheng, que também é a roteirista da série. — Quero falar sobre isso porque é o maior medo no coração de um taiwanês.

Cheng Hsin-mei, produtora e roteirista de "Zero Day" — Foto: Lam Yik Fei/The New York Times
Cheng Hsin-mei, produtora e roteirista de "Zero Day" — Foto: Lam Yik Fei/The New York Times

A série, que tem 10 episódios, imagina como a China montaria um bloqueio a Taiwan, e depois tentaria tomá-la, algo que especialistas consideram ser cada vez mais plausível.

Ela acompanha um apresentador de TV taiwanês, uma celebridade da internet, um presidente (fictício) e um presidente eleito, além de outras pessoas que se veem diante de uma ofensiva chinesa ao longo de uma semana. O bloqueio leva à falta de produtos, saques e uma crise financeira. Estrangeiros são retirados, e quando as tropas chinesas chegam, a luta começa. Os personagens discorrem se devem fugir ou ficar, e se colaboram ou resistem. O tom é sombrio, como mostra o trailer de 17 minutos.

— Nada na verdade é branco ou preto — disse Janet Hsieh, que interpreta uma presidente eleita. — Ela vai destacar a complexidade das situações, das famílias, de muitas coisas políticas que estão acontecendo.

Janet Hsieh, que interpreta uma presidente eleita em "Zero Day" — Foto: Lam Yik Fei/The New York Times
Janet Hsieh, que interpreta uma presidente eleita em "Zero Day" — Foto: Lam Yik Fei/The New York Times

Apesar da extensa pesquisa feita sobre o risco de uma invasão de Taiwan, até agora nenhum filme ou série explorou essas questões para um público mais amplo, aparentemente por ser um tópico politicamente delicado. Alguns atores recusaram papéis, disse Cheng, por temor de serem incluídos em listas de críticos da China ou por medo de perderem patrocinadores. Os donos de algumas locações desistiram na última hora por medo de serem vistos como incitadores de controvérsias.

Os críticos, na maioria da oposição taiwanesa, dizem que a série é uma peça de propaganda do Partido Democrata Progressista, que ocupa o governo e que rejeita as visões chinesas para a ilha. Políticos do Partido Nacionalista, de oposição e que defendem laços mais próximos com Pequim, apontam que o Ministério da Cultura e um fundo de investimentos público investiram na produção, e as cenas foram filmadas em locais do Exército e dentro do palácio presidencial.

— Eles estão usando o poder do Estado para fazer propaganda para o Partido Democrata Progressista — afirmou Jaw Shaw-kong, candidato a vice-presidente pela oposição na eleição de janeiro. — É similar a um anúncio eleitoral.

Lo Ging-zim, um dos 10 diretores envolvidos na série, cada um deles responsável por um episódio, disse que era normal para produções taiwanesas, incluindo comédias e filmes de terror, receberem apoio governamental. Ele disse que o governo se comprometeu a não tentar influenciar os rumos da série.

Lo afirma que ele concordou em se juntar ao projeto depois da invasão russa da Ucrânia, Os personagens na série vão lidar com medidas que a China pode usar para desestabilizar Taiwan, como espalhar desinformação pela internet, afirmou o diretor. No trailer, assim que o bloqueio começa, rumores apontando que o presidente havia fugido começaram a ser compartilhados em redes sociais.

— Em um cenário real, Pequim vai sar ferramentas políticas, psicológicas e legais contra Taiwan, para criar divisões e causar confusão junto ao público — disse Brian Hart, integrante do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington, e autor de um novo estudo sobre como a China pode tentar bloquear Taiwan. — Acho que isso é uma grande parte do que esse programa quer enfatizar. Isso é importante, uma vez que resistir aos ataques chineses exige mais do que apenas capacidade militar.

A cena filmada diante do palácio presidencial mostrou como isso pode acontecer. Uma multidão de taiwaneses protestava a favor de um compromisso pacífico com Pequim, e infiltrados a favor dos chineses tentavam causar divisões, dando início a brigas que levaram a polícia a intervir.

— Se houvesse muito heroísmo, seria um passo muito grande rumo à fantasia — apontou Wu Zi-en, que dirigiu o episódio. — Seria escapar demais da realidade.

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