Mundo
PUBLICIDADE

Por O Globo com agências internacionais — Territórios palestinos

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 27/08/2024 - 11:05

Guerra em Gaza ameaça campanha de vacinação contra pólio

A guerra em Gaza ameaça a campanha de vacinação contra a pólio. Preparativos foram feitos, mas ataques e condições precárias preocupam autoridades. Infraestrutura de saúde devastada dificulta a distribuição de vacinas. Israelenses protestam por um cessar-fogo. O poliovírus foi detectado no território, aumentando o temor de epidemias. Os desafios incluem a garantia de energia para refrigeração das doses e a entrada das vacinas controlada por Israel.

Os Ministérios da Saúde de Gaza e da Cisjordânia anunciaram na segunda-feira que os preparativos para vacinar mais de 640 mil crianças da Faixa de Gaza contra a poliomielite foram concluídos: mais de um milhão de doses foram enviadas e estão sendo armazenadas sob refrigeração em Khan Younis, no sul de Gaza, cerca de 2,7 mil profissionais foram treinados, e o cronograma — definido em conjunto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Agência da ONU para Refugiados Palestinos no Oriente Médio (UNRWA) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) — está marcado para começar no próximo sábado. Contudo, as autoridades alertaram que, caso não haja um cessar-fogo, será difícil realizar a campanha.

— É extremamente difícil realizar uma campanha de vacinação desta magnitude enquanto chovem bombas — disse à AFP Juliette Touma, porta-voz da UNRWA, na última quinta-feira.

Sem uma trégua, as pastas, citadas pelo jornal israelense Haaretz, temem que a equipe médica e as crianças possam correr riscos frente a bombardeios israelenses, combates urbanos, além das ordens para deslocamento, que levaram a própria ONU a anunciar a interrupção de suas operações de ajuda humanitária em Gaza. A medida tomada pela organização é uma tentativa de "equilibrar a necessidade da população com a necessidade de segurança dos (seus) funcionários", segundo um alto funcionário à Reuters, e não significou a retirada total de suas equipes.

Duas pausas de sete dias foram solicitadas pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, há duas semanas, após o vírus ter sido detectado nas águas residuais de Gaza e a Autoridade Nacional Palestina (ANP) confirmar o primeiro caso da doença em 25 anos. Isso porque, a vacinação contra a pólio ocorre em duas etapas e, para sua eficácia seja preservada, a equipe médica precisaria completar cada estágio em quatro a sete dias. Além disso, os deslocamentos constantes dificultam a distribuição de vacinas e a garantia de duas doses.

Um trabalhador descarrega uma remessa de vacinas contra a poliomielite fornecida com o apoio da UNICEF para a Faixa de Gaza — Foto: EYAD BABA/AFP
Um trabalhador descarrega uma remessa de vacinas contra a poliomielite fornecida com o apoio da UNICEF para a Faixa de Gaza — Foto: EYAD BABA/AFP

A expectativa é de que a primeira fase comece no sábado e a segunda, daqui a cerca de três semanas. Se atendida, a trégua seria a segunda pausa na guerra que se estende por dez meses (a primeira ocorreu em novembro, mediante um acordo entre as partes). No momento, porém, parece difícil de acontecer: os mediadores do conflito — EUA, Egito e Catar — continuam se reunindo para tentar alcançar um acordo, mas Israel e Hamas seguem em um cabo de guerra, dessa vez, sobre a permanência de tropas israelenses durante a trégua.

As condições do enclave

Para além do receio dos combates, há ainda os problemas de infraestrutura decorrentes do conflito. Serão pelo menos 400 postos destinados à vacinação, e a coordenadora do programa pelo Ministério da Saúde em Ramallah, a doutora Nancy Falah, afirmou à Rádio al-Shams em Nazaré, citada pelo jornal Haaretz, que a pasta forneceu refrigeradores e instalações de armazenamento para Gaza a serem instalados nesses pontos.

Equipamentos, incluindo refrigeradores, começaram a chegar ao aeroporto de Tel Aviv, no centro-oeste de Israel, na quarta-feira, e entraram através do posto fronteiriço de Kerem Shalom, ponto de passagem entre Israel e a Faixa de Gaza. Depois foram distribuídas em hospitais, abrigos para deslocados e centros de atendimento de ONGs em todos os cantos da faixa de 360 km² de terreno, "em caminhões frigoríficos ou caixas frigoríficas", informou o porta-voz da OMS, Jonathan Crickx, acrescentando que a cadeia de frio tem sido assegurada pela Unicef.

Apesar disso, um funcionário da pasta disse ao Haaretz que não há condições razoáveis no enclave para que a campanha ocorra, uma vez que quase toda sua infraestrutura médica foi destruída. Até o dia 20 de agosto, a OMS registrou 505 ataques á saúde do enclave, que resultara em 32 hospitais e 63 ambulâncias danificadas. Do total de 36 unidades de saúde, apenas 16 continuam em funcionando parcialmente, informou o porta-voz da Unicef.

Há ainda os temores quanto à garantia do fornecimento de energia, pensando na refrigeração das doses. Entre as 36 unidades de saúde do enclave, apenas 11 conseguem garantir a continuidade da cadeia de frio. Os outros não têm combustível nem geradores potentes o suficiente para compensar a total falta de eletricidade, uma vez que a única central elétrica de Gaza foi desligada e a conexão com Israel foi cortada.

Outro ponto é a entrada da vacina em Gaza, uma vez que os pontos de chegada são controlados pelo Exército de Israel. Os trabalhadores humanitários já queixaram-se diversas vezes de obstáculos administrativos, alterações na lista de produtos autorizados ou atrasos que criam escassez no pequeno território, já pobre e dependente da ajuda humanitária antes da guerra. Israel, por sua vez, afirma não impedir a entrada e acusa as ONGs e a ONU de não terem a capacidade necessária para realizar as suas distribuições.

Durante meses, a ONU e várias ONGs também manifestaram preocupação com a situação sanitária no território, onde água parada, montanhas de escombros e lixo, calor opressivo e falta de espaço criam um terreno fértil ideal para epidemias. No mês passado, foi anunciado que o poliovírus tipo 2 havia sido detectado em amostras coletadas em Gaza em 23 de junho.

O poliovírus, mais frequentemente disseminado por esgoto e água contaminada, é altamente infeccioso. Pode causar deformidades e paralisia, e é potencialmente fatal. Afeta principalmente crianças menores de cinco anos. A campanha de vacinação será destinada a crianças menores de 10 anos.

Mais recente Próxima Israel anuncia resgate de refém em Gaza, o oitavo a ser recuperado com vida; vídeo

Inscreva-se na Newsletter: Guga Chacra, de Beirute a NY

Mais do Globo

Trabalhador de 28 anos tentava salvar máquinas da empresa e foi cercado pelo fogo

Brasileiro morre carbonizado em incêndio florestal em Portugal

Marçal prestou depoimento nesta segunda-feira (16) sobre o episódio

Novo vídeo: ângulo aberto divulgado pela TV Cultura mostra que Datena tentou dar segunda cadeirada em Marçal

Polícia Civil deve cumprir mandados de prisão contra os suspeitos ainda esta semana

Incêndios florestais no RJ: 20 pessoas são suspeitas de provocar queimadas no estado

Além de estimativas frustradas, ministro diz que comunicação do BC americano levou analistas a vislumbrar possibilidade de subida na taxa básica americana

Haddad vê descompasso nas expectativas sobre decisões dos BCs globais em torno dos juros

Ministro diz que estes gastos fora do Orçamento não representariam violação às regras

Haddad: Crédito extraordinário para enfrentar eventos climáticos não enfraquece arcabouço fiscal

Presidente irá se reunir com chefes do STF e Congresso Nacional para tratar sobre incêndios

Lula prepara pacote de medidas para responder a queimadas

Birmingham e Wrexham estão empatados na liderança da competição

'Clássico de Hollywood': time de Tom Brady vence clube de Ryan Reynolds pela terceira divisão inglesa

Projeto mantém medida integralmente em 2024 e prevê reoneração a partir de 2025

Lula sanciona projeto de desoneração da folha de pagamento de setores intensivos em mão de obra

Empresas de combustível foram investigadas pelo Ministério Público por esquema de fraudes fiscais

Copape e Aster pedem recuperação judicial para tentar reverter cassação de licenças pela ANP