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Por O Globo e agências internacionais — Caracas

RESUMO

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GERADO EM: 02/09/2024 - 21:30

Maduro defende sucessão chavista e ataca oposição

Maduro declara que só passará cargo a outro "presidente chavista" e pede "revolução dentro da revolução". Justiça emite mandado de prisão para rival, aumentando tensões. Discurso contra EUA e oposição. Conflito por alegações de fraude eleitoral. Pressão e perseguição política intensificadas.

O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, indicou nesta segunda-feira que somente entregaria o comando do Palácio de Miraflores para outro "presidente chavista". Durante um discurso transmitido pela emissora estatal VTV, ele pediu uma “revolução dentro da revolução” para liderar o país nos próximos anos, em meio à crise instaurada após as alegações de fraude nas eleições de 28 de julho, em que foi proclamado reeleito para um terceiro mandato. A fala acontece pouco depois de a Justiça emitir um mandado de prisão contra o seu rival nas urnas, o opositor Edmundo González Urrutia, a pedido do Ministério Público.

— Eu sou o primeiro presidente chavista e, quando eu entregar o comando, quando chegar a hora, eu o entregarei a um presidente chavista — disse durante discurso. — Ninguém pode se considerar indispensável em qualquer cargo ou tarefa, nem mesmo eu. O ego é o terreno fértil para a corrupção, para a traição. Todos nós que estamos aqui estamos vacinados [contra isso].

Ao lado de aliados mais próximos do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Maduro enfatizou que ninguém está isento de uma “auto-revisão exaustiva” para que as coisas mudem para melhor, reforçando que a "revolução" vai além dele mesmo.

— Se eu acreditasse que a revolução dependesse de um só homem eu estaria jogando bola, essa revolução foi feita para não depender de ninguém. O papel que eu tiver que desempenhar eu o farei, vocês sabem que eu não sou covarde e o que eu estou fazendo com o povo de forma inabalável, eu tenho plena consciência.

O venezuelano também mandou recados para os Estados Unidos, que nesta segunda-feira apreendeu um avião de Maduro que estava na República Dominicana sob alegação de ter violado sanções americanas. A aeronave, utilizada pelo presidente em viagens oficiais, foi levada para a Flórida, marcando uma escalada nas tensões entre os dois países. O governo Maduro, por sua vez, tachou a medida de "pirataria". Durante o discurso, o ditador afirmou o "imperialismo norte-americano" não poderá se opor ao seu governo “nem com sorrisos nem com gritos”.

Maduro também destacou o caráter "fascista" da oposição venezuelana, afirmando que ela será derrotada “com mais revolução”. O grupo, liderado pela ex-deputado María Corina Machado, defende a vitória de González Urrutia no pleito de 28 de julho por 67%, a partir de supostas atas de votação aos quais obtiveram acesso, cerca de 83% do total. Maduro foi proclamado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) por 51% dos votos, mas o órgão, controlado pelo chavismo, não apresentou evidências do resultado alegando ter sido alvo de um ataque hacker não comprovado.

— Não temos apenas uma oposição golpista de 2002 que derrotamos, nem pitiyanqui [termo pejorativo que significa "pequeno yanqui", em referência aos EUA] como a de 2004 e 2006, ou a oposição violenta de 2014 e 2017 — recordou Maduro. — Agora é uma corrente fascista, criminosa, nazista que quer entregar o território nacional e encher o país de violência para levá-lo à guerra civil. Que ninguém se engane, não é que tenha surgido uma alternativa democrática, ela não existiu e não existe.

Nesta segunda, a Justiça da Venezuela acatou um pedido do Ministério Público, aparelhado pelo chavismo, para emitir um mandado de prisão contra González, depois que ele ignorou três intimações para depor. González é acusado de usurpação de funções, falsificação de documentos públicos, instigação à desobediência às leis, conspiração, “sabotagem de danos aos sistemas” (sic) e associação, de acordo com uma nota divulgada pelo MP nas redes sociais.

A intimação tem como foco o site no qual a oposição publicou cópias das atas que, segundo afirmam, comprovam a vitória de González contra Maduro. O chavismo considerada essas atas "forjadas". O Centro Carter, um dos poucos observadores internacionais do processo eleitoral na Venezuela, disse que as atas eleitorais coletadas pela oposição são "consistentes", afirmando que González venceu de maneira clara e "por uma margem intransponível".

A líder da oposição reagiu ao mandado de prisão dizendo que o governo "perdeu a noção da realidade":

“Eles perderam todo o senso de realidade. Ao ameaçar o presidente eleito, eles só conseguem nos aproximar e aumentar o apoio dos venezuelanos e do mundo a Edmundo González. Serenidade, coragem e firmeza. Estamos seguindo em frente”, escreveu María Corina no X.

Ameaçado de prisão anteriormente por Maduro e na clandestinidade há quase um mês, González é responsabilizado pelo procurador-geral da República, Tarek William Saab, juntamente com María Corina por instigar os protestos contrários à reeleição de Maduro que resultaram em 27 mortes, duas delas de militares, quase 200 feridos e mais de 2,4 mil detidos — incluindo 114 menores de idade, dos quais 86 foram libertados no final de semana.

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