Mundo
PUBLICIDADE

Por O Globo com agências internacionais

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 11/09/2024 - 14:55

Manifestantes pedem a Lula intervenção por presos políticos na Venezuela

Manifestantes pedem a Lula intervenção por presos políticos na Venezuela. Com aumento da repressão de Maduro, carta endereçada ao presidente é entregue em protesto na Embaixada do Brasil em Caracas. Internacionalmente, apoiadores se unem. Oposição busca apoio da ONU e TPI enquanto Brasil mantém diálogo com Maduro. Refugiados políticos venezuelanos buscam asilo, incluindo ex-candidato acusado de crimes. Pressão internacional cresce em meio à crise política e violações dos direitos humanos no país.

Poucos dias após a Venezuela ser sacudida com a partida do ex-candidato Edmundo González e a revogação da custódia da Embaixada argentina em Caracas pelo Brasil, centenas de pessoas reuniram-se e marcharam nesta quarta-feira até a Embaixada do Brasil em Caracas para pedir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que "interceda" ao governo do ditador Nicolás Maduro pelos 2,5 mil presos políticos no país, que incluem os detidos em meio ao aumento da repressão após as eleições presidenciais em 28 de julho. A Plataforma Unitária Democrática (PUD), principal coalizão opositora da Venezuela e quem convocou a manifestação, também estendeu a marcha à "cada sede diplomática do governo brasileiro no mundo".

Familiares dos presos, organizações de direitos humanos e membros da sociedade civil começaram a se reunir na Praça Bolívar, no município venezuelano de Chacao, a partir das 10h (horário local). Eles seguravam faixas estampadas com os rostos dos detidos e cartazes em que se podiam ler frases como "Lula, interceda pela Venezuela". Também gritavam palavras de ordem como "Libertem todos os presos políticos", "Chega de tortura na Venezuela" e "Fechem os centros de tortura". Dali, partiram até a Embaixada brasileira, onde entraram por volta de 11h40 para entregar aos representantes diplomáticos uma carta endereçada ao presidente do Brasil com as demandas e denúncias da manifestação.

— Essa manifestação é para pedir a mediação do presidente Lula, porque na Venezuela a dissidência continua sendo criminalizada, há 2.500 famílias ameaçadas e os presos políticos são torturados. O presidente Lula sabe o que é estar preso — afirmou Adreína Baduel, uma das organizadoras do ato e filha do general Raúl Baduel, ex-aliado de Hugo Chávez, que morreu na prisão em 2021 após romper com o governo. — [Estamos protestando para] lembrar ao mundo que na Venezuela continuamos a ser vítimas de violações dos direitos humanos.

O Escritório de Direitos Humanos da ONU estimou em meados de agosto que mais de 2,4 mil venezuelanos foram detidos após as eleições. A ONG Foro Penal, por sua vez, registrou até esta quarta-feira 1.808 presos políticos na Venezuela, com 1.673 tendo sido detidos após o dia 29 de julho, informou o vice-presidente da organização, Gonzalo Himiob. Desse total, 60 são adolescentes, com idades entre 14 e 17 anos. E, até o momento, 150 pessoas foram condenadas.

Já entre os principais presos políticos detidos pelo regime antes da crise pós-eleições está Rocío San Miguel, advogada e principal especialista venezuelana em temas militares. Em fevereiro, ela foi acusada pelo procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, de realizar atividades de espionagem, usar informações estratégicas do Estado venezuelano e fazer parte de uma conspiração militar descoberta pelas autoridades.

Manifestantes seguram cartazes contra o governo do presidente Nicolás Maduro e exigem liberdade para presos políticos, durante protesto na embaixada brasileira em Caracas — Foto: JUAN BARRETO/AFP
Manifestantes seguram cartazes contra o governo do presidente Nicolás Maduro e exigem liberdade para presos políticos, durante protesto na embaixada brasileira em Caracas — Foto: JUAN BARRETO/AFP

Sol Ocariz, irmã de Edward Ocariz, militante do partido Primeiro Justiça (PJ), contou que "nunca" teve permissão para ver o irmão, ficando restrita a levar apenas "roupas e remédios". Ela relatou ao site que Edward foi levado de sua casa, em Caracas, após os protestos contrários à reeleição de Maduro. O irmão foi mantido na Zona 7 da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) na cidade de Boleíta, no estado de Miranda, mas foi transferido para a prisão de Tocuyito, no estado de Carabobo. A prisão, assim como Tocorón, ambas de segurança máxima, teria sido preparada para receber os manifestantes.

— Eles deveriam interceder porque todas essas pessoas são inocentes, aqui não temos assassinos, estupradores ou ladrões — disse Sol Ocariz, prosseguindo: — Aqui temos presos políticos por causa de um esforço, por causa de um interesse, e não sei qual deles, de minimizar a expressão e os direitos que a Constituição nos dá de ter livre pensamento e livre arbítrio.

A PUD também convocou seus apoiadores em países como Argentina, Peru, Equador, El Salvador, Panamá, Estados Unidos, França, Holanda e Reino Unido, através de uma publicação no X. Para além dos detidos, os protestos também resultaram em 27 mortes e 192 feridos. O procurador-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, disse estar "acompanhando ativamente" os acontecimentos na Venezuela, e a ONU denunciou as "detenções arbitrárias" e "clima de medo" no país.

O Brasil mantém canais de diálogos com Maduro desde a posse de Lula e, junto com a Colômbia, tem tentado construir um canal de diálogo entre a oposição e o governo, o que parece cada vez mais distante no cenário atual. Lula afirma que não reconhece nem a vitória de Maduro, nem a da oposição, e pressiona pela publicação das atas eleitorais detalhadas o que, até o momento, o governo chavista não fez. Ao contrário: o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou Maduro vencedor sem publicar os comprovantes. O mesmo fez o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) ao validar o resultado.

Brasília também assumiu há pouco mais de um mês a custódia da Embaixada da Argentina em Caracas, onde estão abrigados seis colaboradores da líder da oposição, María Corina. A estrutura foi cercada por homens encapuzados na sexta-feira e, no dia seguinte, a autorização de custódia do Brasil foi revogada "de maneira imediata", mesmo dia em que González deixou o país. A medida foi recebida com "surpresa" pelo governo. O cerco foi suspenso no domingo.

Também nesta quarta-feira, Lulas prometeu tratar "com grande responsabilidade" e "respeito" a questão dos migrantes venezuelanos que, segundo a ONU, são mais de sete milhões. O Brasil é um dos quatro países que mais recebem imigrantes venezuelanos, grupo liderado pela Colômbia.

— O governo federal tem a obrigação de ajudar a cuidar da situação dessas pessoas. Não queremos que venham para cá e sofram mais necessidades do que já vivenciaram na Venezuela — afirmou o presidente brasileiro em entrevista à Rádio Norte FM.

Furacão político

A manifestação ocorre dias após González desembarcar na Espanha, onde receberá asilo político. O ex-diplomata é acusado pelo Ministério Público por cinco crimes — usurpação de funções, falsificação de documentos públicos, instigação à desobediência às leis, conspiração, "sabotagem de danos aos sistemas" (sic) e associação —, além de ser alvo de um mandado de prisão após ignorar três intimações para depor. A intimação tem como foco o site organizado pela oposição para publicar as atas a que alegam terem tido acesso e que comprovam, argumentam, sua vitória nas urnas.

"Hoje, 7 de setembro, o cidadão oposicionista Edmundo González Urrutia, refugiado voluntário na Embaixada do Reino da Espanha em Caracas há vários dias, deixou o país e solicitou asilo político a esse governo", afirmou a vice-presidente da Venezuela Delcy Rodríguez através das redes sociais na madrugada de domingo. A vice acrescentou que, após contatos entre os dois governos, "a Venezuela concedeu os salvo-condutos necessários para o bem da tranquilidade e da paz política do país". A Chancelaria espanhola nega qualquer negociação e argumenta que partiu de González o pedido para asilo.

Manifestantes seguram cartazes contra o governo do presidente Nicolás Maduro e exigem liberdade para presos políticos durante protesto na embaixada brasileira em Caracas — Foto: JUAN BARRETO/AFP
Manifestantes seguram cartazes contra o governo do presidente Nicolás Maduro e exigem liberdade para presos políticos durante protesto na embaixada brasileira em Caracas — Foto: JUAN BARRETO/AFP

O ex-candidato deixou a Venezuela com sua esposa, Mercedes, informou o Ministério das Relações Exteriores da Espanha. Seu asilo político não abrangeu sua filha mais velha, Mariana, seu genro, Rafael, e seus dois netos. A mais nova, Carolina, mora na Espanha. González estava na clandestinidade há mais de um mês, abrigado na Embaixada da Holanda em Caracas, segundo o ministro das Relações Exteriores holandês, Caspar Veldkamp. Partiu do opositor o pedido de alojamento, informou o ministro.

No sábado, quando teria tomado a decisão de deixar a Venezuela, González estava hospedado na residência do embaixador espanhol em Caracas. No mesmo dia, Maduro revogou a autorização de custódia do Brasil sobre a Embaixada argentina, alegando "planejamento de atividades terroristas e tentativas de assassinato contra o presidente" no local, o que deixou claro para o ex-diplomata e os diplomatas espanhóis que não havia mais lugar seguro no país.

De acordo com González, sua partida "foi cercada de episódios de pressões, coações e ameaças de não permitirem minha partida." Seu advogado, José Vicente Haro, afirmou que seu cliente está realizando os procedimentos necessários para regularizar sua estadia na Espanha como exilado político e que, até que tenha o estatuto oficial de asilado e os documentos que lhe devolvam seus direitos civis e políticos, não poderá dar declarações à imprensa.

O ex-diplomata é pelo menos o terceiro grande opositor venezuelano a buscar abrigo no estrangeiro. Juan Guaidó, que chegou a ser reconhecido como presidente interino da Venezuela pelos EUA e mais 50 países, incluindo o Brasil, do início de 2019 até janeiro de 2023, mudou-se para Miami após ser forçado a deixar a vizinha Colômbia, onde teria entrado a pé. Já o ex-prefeito do município de Chacao, Leopoldo López, assim como González, refugiou-se na Espanha depois de passar cerca de um ano e meio na residência do embaixador espanhol na Venezuela. (Com AFP)

Mais recente Próxima Técnico confinado com meninos em caverna na Tailândia fica preso em telhado após 'inundações repentinas'

Inscreva-se na Newsletter: Guga Chacra, de Beirute a NY

Mais do Globo

Trata-se de prática legítima, e a melhor opção, para profissionais e para a sociedade, é fazer tudo às claras

Todos podem e devem fazer lobby

Pela natureza da inteligência artificial generativa, seus modelos produzem textos e imagens inéditos, mas não criativos

IA aumenta a criatividade individual e reduz a coletiva

Cariocas e uruguaios medem forças pelo primeiro jogo das quartas de final da competição sul-americana

Flamengo x Peñarol: horário e onde assistir ao vivo ao jogo de ida das quartas de final da Libertadores

Evento começa nesta sexta-feira (13) e segue até domingo, retomando agenda na quinta-feira (19)

Água, comida e guarda-chuva: veja lista do que é ou não permitido levar para o Rock in Rio 2024

Saiba também os aparelhos e posições que mais oferecem riscos

4 dicas para não se machucar com os aparelhos na academia

Em toda sociedade as cores adquirem significados próprios

Vermelho, rosa, preto: o que a preferência da cor da roupa quer dizer sobre as características da pessoa

Apostas podem ser feitas até as 19h, em lotéricas credenciadas, na internet ou no app

Mega-Sena sorteia prêmio de R$ 3,5 milhões nesta quinta-feira

Casos envolvem pessoas da religião Testemunhas de Jeová, que não permite o recebimento de transfusão de sangue de terceiros

STF inicia julgamento para decidir se religião pode influenciar no tipo de tratamento oferecido pelo SUS

Inmet alerta para "perigo" no Sul e ar seco afetando 15 estados

Quinta-feira será de baixa umidade no centro do país e tempestade no Sul: veja previsão

Candidata pelo PSB vai ser ouvida a partir das 10h30 desta quinta-feira; Marçal e Boulos serão os próximos a participar

Sabatina O GLOBO, Valor e CBN: Tabata é a terceira entrevistada entre os candidatos a prefeito de SP; assista