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Por O Globo e agências internacionais — Washington

RESUMO

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GERADO EM: 13/09/2024 - 17:24

Autorização dos EUA para Ucrânia divide Otan

A possível autorização dos EUA para a Ucrânia usar armas ocidentais contra a Rússia divide a Otan. Enquanto alguns apoiam, há resistência de países como Itália e Alemanha. Putin alerta que tal ação envolveria a Otan no conflito. Pressões por armas de longo alcance aumentam devido à situação no campo de batalha.

A possibilidade de que os EUA autorizem o uso, pela Ucrânia, de armas de longo alcance contra alvos dentro do território russo está causando fissuras na Otan, que tem sido relativamente consistente em seu apoio a Kiev. Alguns apontam que a liberação poderia jogar a aliança militar no conflito entre ucranianos e a Rússia, um temor ressaltado pelas ameaças do Kremlin. Ao mesmo tempo, outros apontam que os mísseis teriam efeito crucial em uma guerra que hoje é mais favorável a Moscou.

Nesta sexta-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, se encontrou com o premier britânico, Keir Starmer, na primeira visita do trabalhista à Casa Branca desde que foi eleito, em julho. Na abertura da reunião, o líder americano afirmou que "[Vladimir] Putin [presidente da Rússia] não prevalecerá" na Ucrânia. Biden e Starmer não falaram com a imprensa antes das portas serem fechadas.

Nos dias que antecederam a conversa, os americanos sinalizaram que poderiam rever sua objeção ao emprego mais amplo das armas fornecidas pelo Ocidente — hoje, equipamentos como o sistema de mísseis ATACMS só podem ser usados em solo ucraniano ou áreas próximas à fronteira. Contudo, fontes da Casa Branca dizem que o sinal verde seria apenas para armas produzidas por outros países, como o Storm Shadow, de tecnologia anglo-francesa, e não incluiria os itens feitos nos EUA.

Antes de uma visita a Kiev, na terça, o secretário de Estado, Antony Blinken, sinalizou que os EUA e aliados “se adaptaram de forma contínua” às condições no campo de batalha, e não descartou uma mudança nas orientações. No mesmo dia, Biden disse que “estava trabalhando nisso”, sem dar detalhes, levantando a hipótese de que um anúncio poderia ser feito ao final da reunião com Starmer.

Mas as expectativas não se confirmaram.

Ao sair da reunião, o premier britânico disse que ele e Biden tiveram uma "discussão ampla" sobre estratégias, e que apesar das conversas incluírem temas técnicos, elas não trataram de nada "específico". Em comunicado, a Casa Branca disse que ambos "reafirmaram seu apoio inabalável à Ucrânia enquanto ela continua a se defender contra a agressão da Rússia", e que "expressaram profunda preocupação com o fornecimento de armas letais pelo Irã e pela Coreia do Norte à Rússia e o apoio da República Popular da China à base industrial de defesa da Rússia".

O maior obstáculo à liberação chama-se Vladimir Putin, o presidente da Rússia que lançou a guerra em grande escala há quase três anos, e que tem feito repetidas ameaças à Otan para que não amplie a cooperação com os ucranianos. Para ele, se Biden der o sinal verde, a principal aliança militar do Ocidente estará automaticamente dentro do conflito.

— Não é uma questão de permitir que o regime ucraniano ataque a Rússia com essas armas ou não. É uma questão de decidir se os países da Otan estão ou não diretamente envolvidos em um conflito militar — disse Putin na quinta-feira, em entrevista à TV russa. — Se essa decisão for tomada, significará nada menos que o envolvimento direto dos países da Otan, dos Estados Unidos e dos países europeus na guerra na Ucrânia. Essa será a participação direta deles, e isso, é claro, mudará significativamente a própria essência, a própria natureza do conflito.

Horas depois da fala de Putin, o chanceler da Itália, Antonio Tajani, disse a jornalistas que não autorizou o uso de seus equipamentos em áreas distantes das zonas de combate ou das fronteiras, e que os italianos “não estão em guerra com a Federação Russa”.

— Defendemos o direito da Ucrânia de ser um país independente. Defendemos o direito internacional, e é por isso que estamos do lado da Ucrânia — disse Tajani. — Não há nenhuma intenção hostil em relação à Rússia.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse nesta sexta-feira que não fornecerá mísseis de longo alcance para os ucranianos, e que embora uma eventual autorização americana para que armas ocidentais sejam usadas contra solo russo esteja “de acordo com o direito internacional”, seu governo não seguiria essa linha.

— A Alemanha tomou uma decisão clara sobre o que faremos e o que não faremos. Esta decisão não mudará — disse Scholz, em entrevista coletiva.

Durante uma reunião informal de chanceleres da União Europeia, no fim de agosto, os representantes da Eslováquia e da Hungria, dois governos que têm laços até certo ponto amistosos com Moscou, já tinham apresentado objeções.

“Não queremos mais armas na Ucrânia, não queremos mais mortes, não queremos uma escalada da guerra", disse, no mês passado, o chanceler da Hungria, Peter Szijjarto, em publicação no Facebook na qual rebateu o argumento pelo uso mais amplo das armas. “Hoje, continuamos a defender o bom senso e a paz.”

Mas outros países da aliança e até membros do governo dos EUA consideram que a cautela é excessiva, e citam as ameaças — inclusive com armas nucleares — feitas por Putin desde o início da guerra, e como elas não foram cumpridas, pelo menos até agora.

— Putin é um valentão. Ele vai continuar a balançar a espada de tempos em tempos —disse, em declarações à imprensa, o diretor da CIA, William Burns. — Não podemos nos dar ao luxo de ser intimidados… temos que estar atentos a isso. Os EUA deram enorme apoio à Ucrânia, e tenho certeza de que o presidente [Biden] vai considerar outras maneiras pelas quais podemos apoiá-los.

Durante encontro com Blinken em Varsóvia, na quinta-feira, o chanceler polonês, Radek Sikorski, disse que as armas de longo alcance deveriam ser autorizadas imediatamente, uma vez que, segundo ele, Moscou “está cometendo crimes de guerra ao atacar alvos civis”. Letônia e Lituânia, duas ex-repúblicas soviéticas, já anunciaram que mandarão mísseis de alta capacidade para Kiev assim que obtiverem o sinal verde.

— Mísseis que atingem esses alvos civis são disparados de aviões bombardeiros sobre o território da Rússia. Esses bombardeiros decolam de campos de pouso no território da Rússia — disse Sikorski, em entrevista coletiva. — Uma vítima de agressão tem o direito de se defender.

Argumento semelhante usado pelo próprio Starmer, pouco antes da chegada a Washington.

— A Rússia começou este conflito. A Rússia invadiu ilegalmente a Ucrânia. A Rússia pode acabar com este conflito imediatamente — disse a repórteres, citado pelo New York Times. — A Ucrânia tem o direito à autodefesa.

Em maio, ao lado de um titubeante Scholz, o presidente da França, Emmanuel Macron, já havia autorizado que seus mísseis de longo alcance fossem usados contra o território russo, mas apenas de forma retaliatória.

— Como explicamos aos ucranianos que teremos que proteger essas cidades e basicamente tudo o que estamos vendo ao redor de Kharkiv no momento, se dissermos a eles que não é permitido atingir o ponto de onde os mísseis são disparados? — questionou o líder francês. — Achamos que deveríamos permitir que eles neutralizem os locais militares de onde os mísseis são disparados.

No fim de semana passado, o New York Times revelou que o Irã concluiu o envio de um carregamento de mísseis Fateh-360 para a Rússia, através do Mar Cáspio, e que eles estão sendo usados no campo de batalha. Além de ter uma indústria militar que se fortaleceu desde fevereiro de 2022, a Rússia conta com o fornecimento (não declarado) de mísseis e drones do Irã e da Coreia do Norte, lhe dando vantagem crucial nos combates, um argumento que está sendo usado para permitir a liberação das armas ocidentais.

— Os ataques ajudariam a degradar as capacidades militares russas, e a Rússia já usa armas e componentes iranianos, chineses e norte-coreanos contra alvos na Ucrânia — disse ao New York Times Seth G. Jones, vice-presidente sênior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.

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