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Por O Globo, com agências internacionais — Washington

RESUMO

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GERADO EM: 13/09/2024 - 12:06

Biden avalia uso de mísseis pela Ucrânia contra Rússia

Biden avalia autorizar uso de mísseis de longo alcance pela Ucrânia contra a Rússia em encontro com premier britânico. Tensão cresce, Putin alerta para guerra com a Otan. Questão debatida em reunião com representantes ucranianos e americanos. Decisão pode impactar presença militar dos EUA no Oriente Médio. Putin alega que autorização seria entrada da Otan na guerra. Encontro Biden-Starmer focado na Ucrânia.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, desembarcou em Washington para uma reunião de cúpula com o presidente americano, Joe Biden, nesta sexta-feira, com a polêmica autorização para a Ucrânia utilizar mísseis de longo alcance cedidos pelo Ocidente contra o território russo em pauta — um tema que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, advertiu que seria recebido como uma declaração de guerra da Otan por Moscou. Fontes ouvidas pelo New York Times apontam que Biden estaria disposto a concordar com o uso de mísseis europeus, mas não americanos, em ataques contra o país.

A discussão sobre o uso de armas ocidentais em ações ofensivas ucranianas contra o território russo é antiga, ganhando e perdendo tração no decorrer da guerra. O tema esquentou nas últimas semanas, quando representantes ucranianos tentaram demonstrar aos governos ocidentais que as armas são um trunfo estratégico importante e que a recente invasão da região russa de Kursk demonstrou que a capacidade russa de uma represália é limitada. Uma série de reuniões foi organizada, incluindo uma em Kiev, com participação do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o chanceler britânico, David Lammy.

Embora outros temas estejam na agenda da reunião entre Biden e Starmer — incluindo a guerra no Oriente Médio —, fontes americanas e britânicas confirmam que o assunto central será a Ucrânia. Fontes consultadas pelo New York Times afirmam que o presidente americano ainda não tomou uma decisão final sobre o assunto, mas sinalizou que estaria disposto a fazer alguns avanços. A imprensa britânica, por sua vez, informou que democrata estaria disposto a permitir que Kiev usasse mísseis britânicos e franceses, mesmo que com tecnologia americana acoplada, mas não projéteis de fabricação americana.

A principal hesitação de Biden, segundo as mesmas fontes, seria expor as tropas americanas no Oriente Médio, sobretudo no momento final de sua Presidência. Estrategistas ligados a Washington acreditam que mais do que uma guerra direta com a Rússia, como a sugerida por Putin na quinta-feira, Moscou poderia reagir ampliando o envio de equipamentos militares ao Irã, que por sua vez poderia alimentar suas milícias espalhadas pela região e atacar bases americanas.

Keir Starmer deixou Londres com destino a Washington — Foto: Justin Tallis/AFP
Keir Starmer deixou Londres com destino a Washington — Foto: Justin Tallis/AFP

Putin já advertiu que autorizar a Ucrânia a usar armamento ocidental de longo alcance contra alvos em território russo significaria que a Otan, a aliança militar ocidental, está “em guerra com a Rússia”. Na quinta-feira, em declaração a um jornalista da televisão estatal, o mandatário russo afirmou que essa decisão “mudaria significativamente a natureza do conflito”, e que Moscou tomaria as “decisões apropriadas com base nas ameaças” enfrentadas. Nesta sexta-feira, a Casa Branca disse que “esse tipo de retórica é incrivelmente perigosa”.

Em maio, o governo Biden deu permissão à Ucrânia para usar armas dos EUA em ataques transfronteiriços mais curtos contra locais russos usados em uma ofensiva contra a cidade ucraniana de Kharkiv. Desde então, autoridades americanas permitiram que o Exército ucraniano realizasse esse tipo de ataque mais curto em outros locais ao longo da fronteira. Mas a Ucrânia vem pedindo mais: a flexibilização das restrições de uso dos mísseis britânicos Storm Shadow e dos americanos ATACMS, com alcances de centenas de quilômetros, que lhe permitiriam atingir centros logísticos e aeródromos de onde decolam os bombardeiros russos.

Para os EUA, avaliar o quanto acreditar nas ameaças de Putin é uma tarefa difícil. Ao longo de mais de dois anos de guerra, o padrão tem sido claro: em todas as fases, Biden teme que fornecer novas armas à Ucrânia, ou permitir que os militares ucranianos ataquem o território russo, cruzaria uma das linhas vermelhas de Putin. Foi assim quando Biden cogitou se deveria enviar artilharia HIMARS à Ucrânia. Depois, o mesmo quando o foco do debate eram os tanques M1 Abrams e os caças F-16. E assim por diante.

"Amenizar as restrições [ao uso de] armas ocidentais não fará com que Moscou intensifique [a guerra]", escreveram 17 ex-embaixadores e generais em uma carta ao governo americano nesta semana. "Sabemos disso porque a Ucrânia já está atacando territórios que a Rússia considera seus — incluindo Crimeia e Kursk — com essas armas e a resposta de Moscou permanece inalterada".

Durante reunião com Blinken em Varsóvia, na quinta-feira, o chanceler polonês, Radoslaw Sikorski, também defendeu que os EUA derrubem as restrições, e fez um pedido para que Washington intensique o envio de sistemas de defesa aérea para os ucranianos. Por outro lado, dois membros-chave da Otan — Alemanha e Itália — já sinalizaram que não darão sinal verde para que Kiev use suas armas para ataques longe da fronteira com a Rússia.

Antonio Tajani, chanceler italiano, disse a jornalistas que seu país não está "em guerra com a Federação Russa, mas defende o direito da Ucrânia de ser um país independente". Em entrevista coletiva em Berlim, Olaf Scholz, chanceler alemão, também rejeitou a ideia, dizendo que "a Alemanha tomou uma decisão clara sobre o que fazemos e o que não fazemos", e que "esta decisão não mudará". Apesar da negativa sobre os ataques em território russo, os dois governos reiteraram que estão "completamente comprometidos" com a defesa da Ucrânia, "pelo tempo que for necessário".

Altos funcionários ucranianos estiveram no Pentágono há duas semanas usando um argumento semelhante. Em reunião com o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd J. Austin, o novo ministro da Defesa da Ucrânia, Rustem Umerov, argumentou que a incursão em Kursk mostrou que as linhas vermelhas da Rússia eram simplesmente blefes que retardaram o esforço ocidental de ajudar a Ucrânia.

Nesta sexta-feira, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou o Ocidente de estar “com medo” de até mesmo levantar a possibilidade de derrubar mísseis e drones russos que estão atacando a Ucrânia, apesar de estar ajudando Israel a fazer o mesmo. Em uma conferência em Kiev, o líder ucraniano questionou o motivo de seus aliados estarem unidos para defender o Estado judeu e não fazerem o mesmo “nos céus da Ucrânia” — em novembro, Zelensky reclamou que o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas em Gaza tirou o foco da guerra na Ucrânia.

Zelensky ainda anunciou que se reunirá ainda neste mês com Biden para apresentar um “plano de vitória” contra a Rússia, algo que ele explicou ser “um conjunto de soluções interligadas que darão à Ucrânia poder e elementos suficientes para conduzir esta guerra rumo à paz”.

Horas antes da reunião entre Biden e Starmer, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca tentou reduzir as expectativas em Kiev e entre alguns aliados europeus.

— Não há nenhuma mudança em nossa visão sobre o fornecimento de capacidades de ataque de longo alcance para a Ucrânia usar dentro da Rússia — disse John Kirby, em entrevista coletiva. — Eu não esperaria nenhum anúncio importante a esse respeito.

(Com NYT e AFP)

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