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Por O Globo e agências internacionais — Caracas

RESUMO

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GERADO EM: 14/09/2024 - 12:39

Tensões aumentam entre Venezuela e Espanha

Venezuela rejeita intervenção espanhola em crise por reeleição de Maduro. Tensões diplomáticas crescem, com asilo a opositor. Espanha minimiza convocação de embaixadores. Uniao Europeia e EUA impõem sanções. Maduro condecora militares sancionados. Disputa eleitoral gera atritos internacionais.

A Venezuela não vai permitir "nenhuma ação intervencionista por parte do governo da Espanha", disse o chanceler Yván Gil, na sexta-feira, em meio a uma crise diplomática provocada por questionamentos por parte de autoridades espanholas à reeleição do presidente Nicolás Maduro e o asilo concedido a seu adversário, o diplomata aposentado e ex-candidato presidencial Edmundo González Urrutia, em Madri.

A declaração acontece após a Venezuela convocar o embaixador da Espanha em Caracas, Ramón Santos, para dar explicações sobre atitudes de seu governo, e a representante venezuelana em Madri, Gladys Gutiérrez, para consultas — um importante gesto de descontentamento na diplomacia. Segundo Gil, a Chancelaria expressou a "postura contundente do governo venezuelano".

Na sexta-feira, o ministro espanhol das Relações Exteriores, José Manuel Albares, minimizou as convocações e fez um aceno de cooperação para evitar uma escalada das tensões.

— Convocar um embaixador, eu já fiz isso em diversas ocasiões, e chamar para consulta são decisões soberanas de cada Estado e, portanto, não há o que comentar — disse Albares. — O que posso dizer é que trabalhamos para ter as melhores relações possíveis com o povo irmão da Venezuela.

Parlamento quer reconhecer vitória da oposição

A tensão nas relações bilaterais aumentou nos últimos dias depois que González Urrutia chegou à Espanha para pedir asilo após um mês na clandestinidade em seu país. Na esteira da sua ida ao país, o Parlamento espanhol aprovou uma medida, sem caráter vinculativo, pedindo ao governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez que o reconheça como vencedor das eleições de 28 de julho — algo que o premier socialista tem sido cauteloso, acompanhando a posição da União Europeia.

Em resposta, o presidente do Parlamento venezolano, Jorge Rodríguez, propôs a ruptura de relações diplomáticas, consulares e comerciais.

— Que vão embora daqui todos! — clamou.

O ministro do Interior e número dois do regime, Diosdado Cabello, foi mais contundente ao comentar a decisão do Parlamento espanhol:

— Que caralho tem o Congresso da Espanha a ver com os assuntos internos da Venezuela? — disse Cabello, segundo relato da Europa Press. — Os expulsamos daqui há 300 anos e vamos expulsá-los novamente sempre que tentarem se envolver nos assuntos internos da Venezuela.

Soma-se à tensão um discurso feito no início da semana ela ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, em que chamou o governo de Maduro de "ditadura" durante um evento público em Madri. Na ocasião, Robles fez uma homenagem a “todos os homens e mulheres da Venezuela que precisaram sair de seu país, precisamente por causa da ditadura em que vivem”.

Saia justa para Espanha e União Europeia

O governo do socialista Pedro Sánchez não reconhece a vitória que Maduro reivindica nas eleições e tampouco a de seu adversário. Ele tem insistido, em consonância com a posição da União Europeia, em reivindicar a publicação das atas eleitorais.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou a vitória do chavista por 51%, mas não mostrou os boletins das urnas que comprovariam o resultado alegando ter sido vítima de um ataque hacker. A oposição, liderada pela ex-deputada María Corina Machado, publicou em um site mais de 80% das supostas atas as quais tiveram acesso que atestariam, por meio de estimativas feitas por acadêmicos de diferentes países, a eleição de González Urrutia por 67%.

Estima-se que vivam na Espanha cerca de 280 mil venezuelanos, entre eles vários líderes opositores. O número não inclui aqueles com dupla nacionalidade. Na Venezuela, por sua vez, moram 136 mil espanhóis.

Na quinta-feira, Pedro Sánchez recebeu González no Palácio de La Moncloa, sede do governo em Madri e assegurou, pela rede X, que a "Espanha segue trabalhando a favor da democracia, do diálogo e dos direitos fundamentais do povo irmão da Venezuela".

O alto representante da diplomacia europeia, Josep Borrell, reiterou, na sexta-feira, que "as eleições não foram vencidas por Maduro", embora não tenha reconhecido a vitória de González, a quem convidou para ir a Bruxelas.

— Infelizmente, nestes temas não há varinhas mágicas — disse em coletiva de imprensa em Madri. — Os reconhecimentos podem ter um valor simbólico, mas não mudam a realidade.

Apesar da tensão, a vice-presidente Delcy Rodríguez, recentemente nomeada ministra do Petróleo, reuniu-se na sexta-feira com Luis García Sánchez, diretor da transnacional energética espanhola Repsol no país caribenho.

"Ambas as partes discutiram alianças estratégicas [para a] exploração e o aproveitamento de hidrocarbonetos líquidos e gasosos", segundo uma mensagem da estatal venezuelana PDVSA.

Novas sanções americanas

A subida de tom com a Espanha coincide com o anúncio do governo dos Estados Unidos de sanções contra 16 funcionários do regime venezuelano, incluindo a presidente do Tribunal Supremo de Justiça, Caryslia Rodríguez, além de autoridades eleitorais e integrantes da cúpula militar e dos serviços de inteligência. Entre os alvos das sanções estão o chefe do Comando Estratégico Operacional das Forças Armadas, general Domingo Hernández Lárez, encarregado das operações militares.

— Não somos chantageáveis, nem nos deixamos intimidar — reagiu, na sexta, a Força Armada venezuelana em um comunicado lido na TV estatal pelo ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, acompanhado do alto comando militar, que costuma declarar "lealdade absoluta" a Maduro.

Washington, que também exige a divulgação das atas de votação da eleição presidencial venezuelana, afirma que os funcionários afetados pelas sanções "impediram um processo eleitoral transparente e a publicação de resultados eleitorais precisos".

Maduro condecorou os quatro militares alvos de sanções, as quais chamou de "ridículas".

— O que eles [EUA] nunca vão poder entender é que suas sanções são condecorações na alma dos patriotas que amam nossa Venezuela — disse o presidente.

A Suprema Corte, o CNE e o Parlamento também condenaram as sanções dos Estados Unidos, que por sua vez ameaçaram tomar "decisões adicionais" se não for publicado o escrutínio detalhado de 28 de julho.

— Maduro tem opções e decisões que só ele pode tomar [e] já deixamos muito claro [que o primeiro que se deve fazer] é publicar todos os dados eleitorais e os resultados [das eleições] — afirmou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.

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