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Nova cúpula da União Europeia toma posse

Alemã Ursula Von der Leyen e belga Charles Michel assumem liderança das principais instâncias executiva e política do bloco

Os novos dirigentes do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, do Conselho Europeu, Charles Michel, e do Parlamento Europeu, David Sassoli, posam para fotógrafos segurando uma cópia do Tratado de Lisboa, que mudou a estrutura de direção da União Europeia, após a cerimônia de posse dos respectivos cargos neste domingo em Bruxelas
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KENZO TRIBOUILLARD/AFP
Os novos dirigentes do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, do Conselho Europeu, Charles Michel, e do Parlamento Europeu, David Sassoli, posam para fotógrafos segurando uma cópia do Tratado de Lisboa, que mudou a estrutura de direção da União Europeia, após a cerimônia de posse dos respectivos cargos neste domingo em Bruxelas Foto: KENZO TRIBOUILLARD/AFP

BRUXELAS – A alemã Ursula von der Leyen e o belga Charles Michel assumiram neste domingo a liderança da União Europeia (UE), prometendo enfrentar o desafio das mudanças climáticas com a esperança de um “novo tempo” no Velho Continente .

— Nossa responsabilidade é chegar a uma União mais forte que a que herdamos — disse Von der Leyen na cerimônia de posse da presidência da Comissão Europeia , o braço executivo do bloco, em Bruxelas, que contou com a presença do presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli , da nova presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde , e de Charles Michel, novo presidente do Conselho Europeu , a mais alta instância política da UE.

A nova liderança da Comissão Europeia pretende apresentar em 11 de dezembro suas propostas para combater as mudanças climáticas em uma sessão extraordinária do Parlamento Europeu e na véspera da reunião do Conselho Europeu, anunciou Sassoli.

Von der Leyen, primeira mulher a ocupar a presidência da Comissão Europeia , sucede o luxemburguês Jean-Claude Juncker, que fez do New Green Deal (“Novo Pacto verde”) um dos eixos prioritários de seu mandato de 5 anos. Nesta segunda, ela viaja para Madri para participar da 25ª Conferência do Clima da ONU ( COP-25 ).

— Vamos pôr foco no que já estamos fazendo, mas Madri será o ponto de partida do Pacto Verde europeu — afirmou durante encontro com jornalistas em Bruxelas.

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Segundo a nova líder da UE, o objetivo é alcançar a neutralidade nas emissões de carbono do bloco em 2050, com um aumento das metas de redução das emissões de gases do efeito estufa em 50% ou até 55% já em 2030 frente aos níveis de 1990, contra a meta atual de 40% de redução nas emissões. Von der Leyen disse ainda estar convencida de poder recrutar Polônia, Hungria e República Tcheca para esta causa, já que os três países ainda relutam em assumir este objetivo de longo prazo. Para elevar a meta, é preciso unanimidade dos governos dos países integrantes do bloco.

— Reduzir nossas emissões de gases do efeito estufa é um interesse comum (da UE) — afirmou. — Quero que este Pacto Verde, que se converterá em nossa estratégia de crescimento, tenha êxito.

Ursula von der Leyen também acolheu positivamente a decisão da China de introduzir um sistema de cotas de emissões de gases do efeito estufa como o adotado pela União Europeia. Este mecanismo deve estabelecer um alto custo para as emissões de carbono de forma que poluir fique caro e estimule a indústria a investir em energias limpas.

Von der Leyen também anunciou a sua primeira viagem oficial fora do bloco. Após a ida à COP-25, a alemã visitará a Etiopia, onde deve se reunir com o primeiro-ministro Abiy Ahmed, laureado com o Prêmio Nobel da Paz deste ano, e o representante da União Africana Moussa Faki.

Os quatro novos altos dirigentes da UE se reuniram na Casa da História Europeia, em Bruxelas, para uma foto conjunta e breve cerimônia de posse, que também serviu para comemorar os 10 anos do Tratado de Lisboa, que mudou a estrutura institucional do bloco, em especial com a criação do cargo de presidente do Conselho Europeu.

— É um bom lugar para retomar as atividades europeias, que as quatro instituições estejam juntas aqui hoje simboliza este novo tempo — comentou David Sassoli, que também destacou a importância do combate às mudanças climáticas para o bloco. — É o momento de passar à ação para transformar as promessas em resultados.

Já a nova presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, disse que os dez últimos anos foram de “reparações e mudanças profundas” no continente europeu, citando como exemplos as crises de dívidas enfrentadas por alguns países do bloco e também o desafio das mudanças climáticas.

— Minha esperança como presidente do BCE e em coordenação com meus três colegas e amigos é, evidentemente, passar desta era de reparações a uma nova era de renovação e esperança — afirmou.

— Os europeus esperam muito de nós — concluiu o novo presidente do Conselho Europeu e ex-primeiro-ministro da Bélgica Charles Michel.