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ONU quer investigação ampla e imparcial sobre acusações de abuso sexual na República Centro-Africana

Alto comissário para os Direitos Humanos questiona razões para que soldados não tenham sido investigados por autoridades francesas
Zeid Ra'ad Al Hussein. Alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu indiciamentos contra soldados e investigação sobre comportamento das autoridades francesas Foto: FABRICE COFFRINI / AFP
Zeid Ra'ad Al Hussein. Alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu indiciamentos contra soldados e investigação sobre comportamento das autoridades francesas Foto: FABRICE COFFRINI / AFP

GENEBRA — A embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas pediu uma investigação imparcial sobre a forma como as alegações de abuso sexual contra crianças por parte de soldados franceses na República Centro-Africana foram conduzidas. Enquanto isso, o chefe de direitos humanos da ONU questiona por que a França não se moveu mais rapidamente para investigar as alegações.

Um relatório interno da ONU detalhou o alegado abuso por tropas da França, Chade e Guiné Equatorial, entre dezembro de 2013 e junho 2014 em um centro para pessoas deslocadas no aeroporto M'Poko na capital da República Centro Africano, Bangui.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Raad al-Hussein, fez seus primeiros comentários públicos sexta-feira sobre o caso desde que as acusações foram relatadas pela primeira vez no mês passado.

— A França tem agora a oportunidade de impor um padrão de conduta realmente alto — afirmou Hussein em coletiva. — Não são apenas indiciamentos que devem ser realizados, mas sim uma investigação séria sobre a estrutura das forças de paz e o porquê dessas acusações não terem sido investigadas pelas autoridades francesas na época.

As perguntas permanecem sobre por que foram necessários tantos meses para que as investigações da ONU e da França viessem à luz e sobre o atual paradeiro dos soldados franceses acusados.

A embaixadora dos EUA, Samantha Power, disse a repórteres que as acusações são “completamente horríveis” e disse que “quando as alegações como estas são feitas, a velocidade é essencial”.

— Se estas alegações se provarem verdadeiras, é uma profunda violação, não apenas da dignidade e da segurança física das pessoas em seu estado mais vulnerável, mas também uma anulação completa da confiança.

A França interveio na República Centro-Africana, uma ex-colônia francesa, cerca de 18 meses atrás para ajudar uma força de paz da União Africana a tentar conter a violência entre milícias cristãs e rebeldes muçulmanos Seleka. A ONU assumiu o lugar da força de paz africana em setembro.