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Otan reforça forças de defesa no Leste da Europa, e secretário-geral diz que aliança enfrenta 'novo normal'

Stoltenberg afirma que EUA, Canadá e aliados europeus mobilizaram milhares de soldados, com aliança tendo colocado 100 aviões em alerta máximo em mais de 30 locais
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, anuncia novas medidas após reunião extraordinária da aliança para tratar da invasão da Ucrânia Foto: KENZO TRIBOUILLARD / AFP
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, anuncia novas medidas após reunião extraordinária da aliança para tratar da invasão da Ucrânia Foto: KENZO TRIBOUILLARD / AFP

BRUXELAS — Líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte ( Otan , aliança liderada pelos EUA) anunciaram, nesta sexta-feira, o envio de mais forças de defesa para o Leste Europeu como resposta à invasão da Rússia pela Ucrânia e acusaram Moscou de mentir sobre suas intenções. Segundo o secretário-geral Jens Stoltenberg, a Otan está "enfrentando um novo normal na segurança europeia".

"Ninguém deve ser enganado pelo pacote de mentiras do governo russo", disseram os 30 líderes em um comunicado conjunto, após uma cúpula virtual presidida por Stoltenberg, que contou com a presença do presidente dos EUA, Joe Biden, e outros chefes de Estado e de governo.

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Em entrevista a jornalistas após a reunião, confirmou que EUA, Canadá e aliados europeus mobilizaram milhares de soldados no Leste da aliança, com 100 aviões em alerta máximo em mais de 30 locais, além de três porta-aviões. Também disse que as forças de resposta serão enviadas principalmente dos EUA, mas também de países europeus. As forças de resposta rápida são compostas por forças terrestres, aéreas e da Marinha.

— Estamos agora destacado a força de resposta da Otan pela primeira vez no contexto da defesa coletiva — afirmou.

Stoltenberg, que declarou que o objetivo da Rússia é depor o governo ucraniano, também afirmou que a aliança continuará enviando armas para a Ucrânia, incluindo defesa aérea. Ele não detalhou que tipo de armamentos serão enviados.

— Vemos a retórica, as mensagens, que fortemente indicam que o objetivo [russo] é remover o governo democraticamente eleito de Kiev —afirmou.

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Mais cedo, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, disse que a Itália estava disposta a enviar 3.400 soldados. Várias centenas de soldados italianos já se encontram destacados na Lituânia e na Romênia. A França, por sua vez, anunciou que planeja enviar quatro aviões de guerra para a Estônia, além de 200 soldados que também seriam destacados ao lado de tropas dinamarquesas e britânicas no país. A planejada implantação de um grupo tático na Romênia seria acelerada com 500 soldados, de acordo com um comunicado da Presidência francesa.

Acuado por uma avassaladora invasão russa, que chegou a Kiev , o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu negociações ao Kremlin em dois pronunciamentos diferentes nesta sexta-feira. Em um deles, o líder ucraniano afirmou que seu país pode adotar um “status neutro” — o que, na prática, significaria o abandono da ambição de entrar na Otan. Quatro países vizinhos e ex-satélites soviéticos já são membros da aliança.

— A Rússia abalou a paz da Europa, causando um sofrimento humano enorme e destruição. Pedimos que a Rússia pare com essa guerra sem sentido imediatamente, retire todas as forças da Ucrânia e retome o caminho do diálogo. Putin cometeu um erro e vai pagar — disse Stoltenberg, reiterando que vai proteger "cada milímetro do território da Otan". — Esse ataque é também um ataque contra a segurança da Europa e temos que evitar que a guerra se alastre para países aliados. Não deve haver espaço para um erro de cálculo. A crise demonstra a importância de que Europa e Otan estejam unidas.

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Stoltenberg disse ainda que as forças ucranianas estariam opondo resistência e causando perdas às tropas russas em seu avanço pelo país:

— Ainda se trata de uma situação instável. Mas o que estamos vendo é que as forças ucranianas estão lutando com coragem e continuam tendo capacidade para causar perdas às forças invasoras russas.

Um possível erro de cálculo, segundo o ministro das Forças Armadas britânico, pode se tornar "existencial".

— Todos devem deixar claro que as tropas britânicas e da Otan não devem (e) não têm que desempenhar um papel ativo na Ucrânia — disse James Heappey ao Parlamento.

Mais cedo, a União Europeia (UE) decidiu incluir o presidente russo, Vladimir Putin, e o chanceler, Sergei Lavrov, em uma lista de pessoas sujeitas às sanções ligadas à invasão da Ucrânia pela Rússia. Com isso, bens de ambos em território europeu serão congelados, mas não há sinais de que eles terão suas entradas no bloco impedidas.