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Pandemia levou a aumento de tráfico de pessoas, diz documento dos EUA

Relatório do Departamento de Estado americano aponta que gastos direcionados à crise sanitária levaram a negligência com aumento de tráfico humano
Documento do Departamento de Estado dos EUA aponta que pandemia levou a aumento de tráfico humano Foto: KEN CEDENO / AFP
Documento do Departamento de Estado dos EUA aponta que pandemia levou a aumento de tráfico humano Foto: KEN CEDENO / AFP

WASHINGTON — O governo dos Estados Unidos apontou, nesta quinta-feira, que a pandemia criou o "ambiente ideal" para o aumento do tráfico de pessoas. Informações do "Relatório de Tráfico de Pessoas 2021", desenvolvido pelo Depatarmanto de Estado americano, mostramque seria devido ao direcionamento de recursos para a contenção da pandemia, o que teria facilitado a atuação de traficantes sob a população mais vulnerável.

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O secretário de Estado americano Antony Blinken estimou que quase 25 milhões de pessoas no mundo sejam vítimas de tráfico, com funções como trabalho forçado no ramo de sexo comercial, em fábricas ou campos, ou mesmo obrigados a ingressar em grupos armados.

O documento aponta que, em alguns países, como os próprios Estados Unidos, os proprietários de apartamentos obrigavam inquilinos, geralmente mulheres, a fazer sexo quando não tinham como pagar pelo aluguel. Em outros países, as consequências se manifestam na forma de ataques arquitetados por gangues, em campos de deslocados.

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"Os governos de todo o mundo desviaram recursos para a pandemia, muitas vezes às custas dos esforços de combate ao tráfico", diz o texto. "Ao mesmo tempo, os traficantes de seres humanos se adaptaram rapidamente para capitalizar as vulnerabilidades expostas e exacerbadas pela pandemia".

Entre os 11 países categorizados com o Nível 3, ou seja, ter "política ou padrão" de tráfico de pessoas patrocinada pelo Estado, está Cuba, país caribenho que vive sob regime comunista desde 1959. De acordo com o documento formulado em Washington, Havana, a capital cubana, "não cumpre plenamente os padrões mínimos para o fim do tráfico e não empreende esforços significativos para fazê-lo".

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Em resposta, o chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez, rebateu que as acusações dos EUA contra o país eram "desonestas e ofendem os funcionários da área de saúde cubanos", e que o documento repete "mentiras fabricadas" durante o governo o ex-presidente Donald Trump, o que classifica como "amostra da corrupção política".

A diretora interina do Escritório de Monitoramento e Combate ao Tráfico de Pessoas Kari Johnstone afirmou que a confluência de fatores encontrados durante a pandemia pavimentou um amviente favorável para o desenvolvimento de práticas de tráfico humano.

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"Na Índia e no Nepal, estima-se que as meninas em áreas rurais pobres abandonem a escola para ajudar a sustentar suas famílias durante dificuldades econômicas. Algumas foram obrigadas a se casar em troca de dinheiro, enquanto outras foram obrigadas a trabalhar para complementar a perda de renda", observa o relatório a título de exemplo.