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Papa Francisco deixa o hospital em Roma dez dias após cirurgia

Pontífice passou por um procedimento para retirar parte do seu intestino grosso no dia 4 de julho; alta estava inicialmente prevista para 'cerca de uma semana' após operação
Após ter alta do hospital, Papa Francisco sai brevemente do carro para cumprimentar guardas do Vaticano e policiais Foto: CRISTIANO CORVINO / REUTERS
Após ter alta do hospital, Papa Francisco sai brevemente do carro para cumprimentar guardas do Vaticano e policiais Foto: CRISTIANO CORVINO / REUTERS

ROMA — O Papa Francisco deixou nesta quarta-feira a Policlínica Gemelli, em Roma, onde foi submetido a uma cirurgia no intestino grosso há 10 dias. A alta estava originalmente prevista para "cerca de uma semana" após o procedimento, o mais sério em seus oito anos no comando da Igreja Católica, que precisou ser alterado dentro do centro cirúrgico . A recuperação do Papa, dizem seus representantes, segue conforme o esperado.

Francisco chegou ao Vaticano no assento da frente de um Ford Focus, o carro que geralmente usa para se locomover em Roma, e saiu com certa dificuldade para saudar a guarda da Igreja e os policiais que realizaram sua escolta, segundo imagens transmitidas ao vivo pela televisão italiana.

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Sorridente, o Papa retornou ao veículo após alguns instantes e ingressou por uma entrada lateral na Casa Santa Marta, a residência de hóspedes da Santa Sé. Francisco mora no prédio desde o início do seu pontificado, quando optou por não se mudar para os apartamentos papais no Palácio Apostólico.

Fotógrafos viram dois carros escoltados pela segurança do Vaticano saírem por uma entrada lateral da Policlínica Gemelli pouco antes das 11h (6h, horário de Brasília), após a equipe pôr uma cadeira de rodas no porta-malas de um dos veículos.

Assim que saiu do hospital, Francisco parou para rezar na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, informou seu porta-voz em um comunicado. A visita à igreja é algo que o Pontífice habitualmente faz antes e após suas viagens ao exterior.

"Ele agradeceu pelo bom resultado da intervenção cirúrgica e rezou por todos os enfermos, em particular aqueles que cumprimentou durante sua estadia no hospital", diz a nota assinada por Matteo Bruni.

Papa Francisco rezando em frente à imagem de Nossa Senhora na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, após ter alta do hospital Foto: VATICAN MEDIA / Via REUTERS
Papa Francisco rezando em frente à imagem de Nossa Senhora na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, após ter alta do hospital Foto: VATICAN MEDIA / Via REUTERS

Na segunda, Bruni havia dito que alta do Papa, originalmente prevista para cerca de uma semana após o procedimento cirúrgico, levaria "mais alguns dias" para que seus remédios e reabilitação fossem ajustados, mas não detalhou um prazo. Na terça, o Vaticano divulgou várias fotos do Papa caminhando e cumprimentando crianças na ala oncológica da Gemelli.

Como o GLOBO revelou na semana passada, a operação à qual o Papa foi submetido sofreu uma drástica mudança no centro cirúrgico , já durante sua realização. O plano original era realizar uma cirurgia robótica, técnica sofisticada e pouco invasiva.

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Poucos minutos depois do início, no entanto, a equipe identificou que o problema — um estreitamento no intestino provocado por diverticulite — era mais grave do que o previsto e tiveram de optar na hora pela operação chamada "a céu aberto", quando a barriga é cortada.

No domingo, o Pontífice apareceu em público pela primeira vez desde que foi submetido à cirurgia intestinal . Ele saiu em uma varanda da Policlínica Gemelli, em Roma, no qual está internado, para conduzir sua oração semanal diante de centenas de pessoas.

A diverticulite que levou o Papa a passar pela cirurgia é uma inflamação na parede do intestino grosso que causa espessamento do órgão, que fica mais estreito  —  o que é chamado de estenose, em linguagem médica. É um problema comum em idosos e que provoca dores ao evacuar.

Ela é corrigida com a remoção da parte afetada e a junção das pontas do intestino que ficaram soltas. O Papa teve metade do cólon removido no procedimento, que foi anunciado no próprio dia da cirurgia, 3 de julho, e, segundo o Vaticano, já estava agendado com antecedência.

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Toda a informação sobre o quadro de saúde do Papa está sendo divulgada pelo Vaticano, diferentemente do que ocorria com João Paulo II, seu antecessor, quando os médicos divulgavam boletins detalhados. De acordo com a agência Reuters, acredita-se que a orientação partiu diretamente de Francisco, que gosta de preservar sua privacidade.

Francisco não tem compromissos previstos para o resto deste mês, além de sua tradicional de domingo. O Vaticano, contudo, toca normalmente os preparativos para uma visita papal à Eslováquia e à Hungria no meio de setembro.

O Papa ficará apenas algumas horas em Budapeste, onde assistirá ao encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional. Será uma visita delicada, durante a qual é possível que se reúna com o ultraconservador Viktor Orbán, um polêmico opositor da abertura da Hungria aos migrantes e da comunidade LGBT.

Na segunda, bispos da Escócia anunciaram que o Papa participará presencialmente da COP-26, a conferência da ONU que acontecerá em novembro em Glasgow, se sua saúde permitir.

O Papa retirou parte de um dos pulmões na juventude, mas raramente precisou cancelar compromissos ao longo dos oito anos de pontificado por causa de problemas de saúde. No final do ano passado, ele não participou das missas de 31 de dezembro à noite e de 1º de janeiro pela manhã devido a uma dor no nervo ciático.

Em março de 2020, antes da Semana Santa, ele cancelou sua participação em uma jornada de orações em um convento na periferia de Roma após contrair um resfriado forte.