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Parlamento espanhol suspende deputados presos por movimento de independência da Catalunha

Quatro parlamentares separatistas catalães eleitos em abril estão sendo julgados por sedição e rebelião e não podem exercer suas funções, decide Câmara

Foto da última terça, 21 de maio, mostra os recém-eleitos deputados catalães Jordi Sanchez, Jordi Turull e Josep Rull (da direita para a esquerda, da fila frontal) durante a sessão de abertura da nova Legislatura: mandatos dos três, mais o do colega Oriol Junqueras, foram suspensos nesta sexta
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SERGIO PEREZ/AFP/21-05-2019
Foto da última terça, 21 de maio, mostra os recém-eleitos deputados catalães Jordi Sanchez, Jordi Turull e Josep Rull (da direita para a esquerda, da fila frontal) durante a sessão de abertura da nova Legislatura: mandatos dos três, mais o do colega Oriol Junqueras, foram suspensos nesta sexta Foto: SERGIO PEREZ/AFP/21-05-2019

MADRI – A Câmara dos Deputados da Espanha decidiu nesta sexta-feira suspender os mandatos de quatro parlamentares presos e em julgamento por seu envolvimento na fracassada tentativa de independência da Catalunha em 2017.

Oriol Junqueras, Jordi Sánchez, Jordi Turull e Josep Rull foram eleitos no pleito nacional realizado em 28 de abril último que resultaram em um Parlamento extremamente fragmentado. Ele chegaram a sair da prisão para tomar posse na última terça, mas após consultas à legislação espanhola e a especialistas eles não vão poder exercer suas funções, anunciou a presidente da Casa, Meritxell Batet.

— Baseados nestes elementos legais, temos que automaticamente declarar seus direitos como parlamentares suspensos — disse.

Sob pressão de representantes da extrema direita, Batet, do partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), passou os últimos dias insistindo que a decisão sobre a situação dos deputados catalães seria legal, e não política. A presença dos quatro e a posse de um grupo de 24 deputados de extrema direita tumultuaram na sessão de abertura da nova Legislatura espanhola na última terça.

Junqueras, Sánchez, Turull e Rull enfrentam acusações de rebelião, sedição e mal uso de recursos públicos relacionadas ao referendo e à subsequente declaração unilateral de independência da Catalunha em 2017. Então, o governo central de Madri havia proibido a realização do referendo e colocado a região temporariamente sob seu controle direto. Os quatro rebatem as acusações e afirmam que seu julgamento é um ato de repressão política.

Ainda não está claro o destino das cadeiras dos quatro deputados, já que cabe a eles decidir se as deixam vagas ou renunciam e as repassam para colegas. Se deixadas vagas, isso pode ser vantajoso para o atual primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, também do PSOE, já que não precisaria cortejar os parlamentares catalães a apoiar sua coalizão de governo devido à mudança no tamanho do Parlamento.

Batet disse ter pedido aos assessores legais do Parlamento que avaliassem o impacto da decisão desta sexta no número de assentos na Casa, ao que os catalães presos reagiram printamente.

“Negar a presunção da inocência não resolve nada. Da cadeia e como deputado eleito, ainda aposto no diálogo e na democracia”, escreveu Jordi Sanchez na sua conta na rede social Twitter.

Já o ex-presidente catalão Carles Puigdemont, em exílio autoimposto na Bélgica, convocou seus apoiadores a demonstrarem o rechaço à suspensão e julgamento dos deputados nas eleições para o Parlamento Europeu, iniciadas nesta quinta e que vão até domingo.

— No domingo, vamos responder a eles onde dói mais: nas urnas! — afirmou.