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Por que os coletes amarelos são assim chamados na França

Movimento apartidário surgiu com protestos contra imposto sobre combustível
Foto: REGIS DUVIGNAU / REUTERS
Foto: REGIS DUVIGNAU / REUTERS

PARIS - O movimento que se tornou o maior desafio para o governo de Emmanuel Macron até agora começou no interior e na periferia das grandes cidades francesas, regiões em que a população mais se locomove de carro para suas atividades diárias. Sem liderança clara e articulado pelas redes sociais, teve adesão sobretudo da classe média baixa, que ganha pouco, mas não tão pouco a ponto de se beneficiar de transferências sociais.

Convocados pela internet, os coletes amarelos — cujo nome remete ao traje do kit de segurança obrigatório na França para os motoristas — fizeram o primeiro protesto em 17 de novembro, contra um imposto sobre combustíveis. Desde então, as manifestações se repetem a cada sábado.

A reivindicação inicial era o fim do imposto carbono, uma taxa que começou a ser aplicada no ano passado sobre o diesel, que é mais usado na França do que a gasolina, porém mais poluente.  Com o imposto carbono e o aumento do preço internacional do petróleo (de US$ 50 para US$ 80 o barril), o diesel ficou 23% mais caro.A ideia era aumentar o imposto em janeiro de 2019 e de novo em 2020, de modo a equiparar o preço dos dois combustíveis e reduzir o uso do diesel — mas diante da reação das ruas, o governo recuou.

Os protestos foram engrossados pela percepção de que as medidas tributárias implementadas por Macron desde o início do seu governo, no ano passado, prejudicaram os mais pobres e favoreceram principalmente os ricos. No fim de semana, uma pauta de 42 reivindicações foi divulgada em nome do movimento, incluindo o aumento do salário mínimo e a volta do imposto sobre fortunas, abolido por Macron.

Nos dois últimos fins de semana, protestos em Paris haviam posto o governo contra a parede. O movimento começou a ser disputado pela França Insubmissa, de extrema esquerda, e a Reunião pela República (antiga Frente Nacional), de extrema direita.

No último sábado, os protestos tiveram a adesão de grupos da direita radical e de black blocs e foram os mais violentos em Paris em décadas, com mais de 300 presos e 100 feridos, incluindo 20 integrantes das forças de segurança. A prefeita de Paris, Anne Hildago, afirmou que a destruição provocada na cidade no sábado custará entre € 3 e € 4 milhões para ser reparada.