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Presidente que fugiu do Afeganistão pede desculpas e nega ter levado dinheiro do povo em novo comunicado

Ashraf Ghani deixou o país quando o Talibã assumiu o controle. 'Deixar Cabul foi a decisão mais difícil da minha vida'
Ashraf Ghani, ex-presidente do Afeganistão Foto: Wakil Kohsar / AFP PHOTO
Ashraf Ghani, ex-presidente do Afeganistão Foto: Wakil Kohsar / AFP PHOTO

CABUL — Ashraf Ghani, ex-presidente que fugiu do Afeganistão em 15 de agosto, o dia em que o Talibã assumiu o poder em Cabul , divulgou um novo comunicado nesta quarta-feira justificando sua decisão de deixar o país. Ele pediu desculpas  por não ter conseguido resolver a questão de outra maneira e negou que tenha levado consigo "milhões de dólares que pertenciam ao povo afegão", informação compartilhada nas redes sociais.

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"Saí a pedido da segurança do palácio, que me aconselhou que ficar seria arriscado e desencadearia os mesmos confrontos nas ruas que a cidade sofreu durante a guerra civil dos anos 1990. Deixar Cabul foi a decisão mais difícil da minha vida, mas eu acredito que era a única maneira de evitar um conflito armado e salvar a cidade e seus 6 milhões de cidadãos", escreveu, acrescentando que devotou 20 anos de vida ao país e jamais teve a "intenção de abandonar o povo".

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Ao refutar a acusação de que teria levado consigo verbas públicas, ressaltou que "a corrupção é uma praga que prejudicou o Afeganistão por décadas" e afirmou que lutou contra esse problema durante o tempo em que foi presidente.

"Eu aprecio profundamente e respeito o sacrifício que todos os afegãos, especialmente os soldados e suas famílias, enfrentaram nos últimos 40 anos. Sinto um arrependimento profundo por ver que meu capítulo terminou de forma trágica como ocorreu com meus predecessores — sem garantir estabilidade e prosperidade. Peço desculpas ao povo afegão por não ter conseguido um final diferente. Nunca hesitei do meu comprometimento com o povo e isso me guiará para o resto da vida", finalizou Ghani.

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Novo governo

A União Europeia (UE) lamentou nesta quarta-feira que o governo de transição anunciado pelo Talibã na véspera não seja  "inclusivo e representativo" como prometido pelo grupo fundamentalista que assumiu o poder no Afeganistão em 15 de agosto. Em contrapartida, a China anunciou ajuda em alimentos e remédios ao país da Ásia Central.

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O Gabinete anunciado, que o Talibã disse ser provisório, é formado por nomes da velha guarda do grupo e inclui um ministro considerado terrorista pelos EUA e outro que aparece na lista de sancionados do Conselho de Segurança da ONU. Não há representantes de outras organizações políticas, de minorias étnicas e nem mulheres na equipe.