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Príncipe Andrew anuncia retirada da vida pública após escândalo sexual envolvendo bilionário

Filho de Elizabeth II era amigo do empresário americano acusado de comandar rede de tráfico de mulheres e encontrado morto na prisão
O príncipe Andrew do Reino Unido é o segundo filho da Rainha Elizabeth II Foto: Sang Tan / AP
O príncipe Andrew do Reino Unido é o segundo filho da Rainha Elizabeth II Foto: Sang Tan / AP

LONDRES — O príncipe Andrew, de 59 anos, anunciou nesta quarta-feira sua retirada da vida pública, após o escândalo causado por sua amizade com o empresário americano Jeffrey Epstein , acusado de agressão sexual e que foi encontrado morto na prisão. O relatório oficial do legista afirma que ele cometeu suicídio .

Segundo filho da rainha Elizabeth II, Andrew é irmão de Charles, o primeiro na linha de sucessão ao trono britânico. Em comunicado, o duque de York reconheceu que sua ligação com Epstein acabou se tornando "um grande estorvo" para a família real e as associações de caridade que trabalham com a mesma.

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"Perguntei a Sua Majestade se poderia me retirar das atividades públicas por tempo indeterminado, e ela me concedeu sua permissão", anunciou o príncipe em comunicado. "Sigo lamentando sem rodeios minha relação errônea com Epstein".

Epstein era um dos bilionários mais bem relacionados dos EUA, visto com frequência ao lado de artistas e autoridades — como o ex-presidente Bill Clinton e o bilionário, hoje presidente, Donald Trump —, além de figuras da realeza europeia, como Andrew. Ele começou a ser investigado em 2005, após denúncias de que teria abusado sexualmente de menores de idade. Três anos depois, fechou um acordo com a promotoria do estado, assumindo a culpa por crimes considerados menos graves.

Em julho deste ano, ele foi preso em Nova York, acusado de comandar uma rede de tráfico de mulheres, incluindo menores de idade. Algumas das vítimas tinham 14 anos. No dia 10 de agosto, Epstein foi encontrado morto em sua cela.

Segundo o comunicado, "o suicídio deixou perguntas sem resposta, principalmente para suas vítimas".

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"Expresso minha compaixão mais profunda com qualquer um que tenha sido afetado e esteja buscando uma forma de virar a página", manifesta. "Só posso esperar que, com o tempo, sejam capazes de reconstruir suas vidas. Estou totalmente disposto a colaborar com a Justiça em qualquer investigação, caso seja necessário".

O anúncio acontece dias após uma polêmica entrevista concedida à BBC, quando Andrew falou sobre suas relações com o bilionário americano. Sobre um encontro em 2010, quando já havia ocorrido sua primeira condenação, o príncipe disse que fez a visita para explicar que a amizade deles havia terminado.

— Achei que fazer isso por telefone não era a maneira adequada. Eu tinha de ir vê-lo e conversar com ele — afirmou à BBC.

Ele também negou ter feito sexo com Virginia Giuffre , que diz ter sido forçada a ter relações sexuais quanto tinha apenas 17 anos . A conduta de Andrew se espalhou para o debate político antes das eleições parlamentares de 12 de dezembro. O líder do Partido Trabalhista de oposição, Jeremy Corbyn, disse que há perguntas a serem respondidas, embora o primeiro-ministro Boris Johnson tenha dito que a monarquia estava "irrepreensível".