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Príncipe Andrew chega a acordo com advogada que o acusava de abuso sexual

Valores não foram revelados, mas filho da rainha Elizabeth II pagará indenização a Virginia Giuffre e fará doação a organização de defesa dos direitos das vítimas de agressão
Virginia Giuffre acusava o Príncipe Andrew de abuso sexual há mais de duas décadas, quando tinha apenas 17 anos Foto: Reprodução da internet
Virginia Giuffre acusava o Príncipe Andrew de abuso sexual há mais de duas décadas, quando tinha apenas 17 anos Foto: Reprodução da internet

NOVA YORK — O príncipe Andrew chegou a um acordo com Virginia Giuffre, uma advogada hoje com 38 anos que o acusava de ter abusado sexualmente dela há mais de duas décadas, quando tinha apenas 17 anos.

Segundo o acordo, os representantes legais das duas partes determinaram o pagamento de uma indenização, cujo valor não foi revelado, além do compromisso feito por Andrew de realizar uma doação a uma organização de defesa dos direitos das vítimas de abuso, comandada pela própria Giuffre. Em troca, os dois lados concordaram em colocar fim à ação legal no prazo de um mês.

“O príncipe Andrew nunca quis manchar a imagem da srta. Giufre, e ele aceita que ela sofreu com o fato de ser uma vítima de abuso e como resultado de injustos ataques públicos”, diz a decisão judicial, publicada nesta quarta-feira.

A denúncia contra Andrew, terceiro filho da rainha Elizabeth II, foi apresentada em agosto de 2021: nela, Giuffre declara ter sido uma das vítimas de uma rede de exploração sexual de menores mantidas pelo financista americano Jeffrey Epstein e pela socialite britânica Ghislaine Maxwell. Ambos tinham laços com a elite econômica e política dos EUA, da Europa e do Oriente Médio e ofereciam as menores a alguns desses contatos.

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Epstein foi encontrado morto em sua cela em agosto de 2019, antes de ter sido julgado pelas acusações de tráfico sexual. No final do ano passado, Maxwell  foi considerada culpada por conspirar com ele para recrutar e abusar sexualmente de meninas menores de idade por mais de uma década. A pena dela deve ser revelada até junho.

Segundo Giuffre, Andrew era um desses clientes, e ele teria abusado dela em Londres, Nova York e nas Ilhas Virgens Americanas, onde Epstein e Maxwell mantinham residências, quando ela tinha 17 anos. No processo, Andrew rejeitava  “categoricamente” todos os pontos da denúncia e vinha tentando derrubar o caso na Justiça americana, mas o tom usado no acordo beirou um pedido de desculpas.

“O príncipe Andrew lamenta seus laços com Epstein e elogia a bravura da srta. Giuffre e de outras sobreviventes para se erguer e defender a si mesmas e a outras”, diz o texto do acordo. “Ele quer demonstrar arrependimento por seus laços com Epstein ao apoiar a luta contra os males do tráfico de pessoas e ao apoiar suas vítimas.”

Até agora, Andrew vinha colecionando uma série de derrotas judiciais . No dia 12 de janeiro, um juiz de Nova York rejeitou um pedido para que o processo civil fosse arquivado — o magistrado apontou não ser possível afirmar que um acordo preliminar, fechado por Giuffre e Epstein, em 2009, isentava pessoas que usaram a rede de abusos, o que poderia incluir o terceiro filho da rainha Elizabeth II.

No dia seguinte, 13 de janeiro, o Palácio de Buckingham declarou que , "com o aval e endosso da rainha, as afiliações militares e associações reais do duque de York serão devolvidas", usando o título oficial do príncipe de 61 anos. Na mensagem, foi confirmado o afastamento dele de suas funções oficiais, algo em vigor desde 2018, e que ele não poderá mais usar o título de "Sua Alteza Real", respondendo ao processo como um civil.

No fim de janeiro, Andrew pediu  a um tribunal de Nova York que o julgamento da ação civil fosse submetido a um júri popular, em mais  uma tentativa de limpar o próprio nome, e o julgamento da questão estava previsto para acontecer “entre setembro e outubro”, segundo o juiz Lewis Kaplan, responsável pelo caso.

Como se tratava de um processo civil, a denúncia não poderá ser convertida em um processo criminal por abuso sexual, mas, no futuro, promotores poderão iniciar uma investigação contra Andrew e decidir se o suposto crime não prescreveu.