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Procurador francês investiga Le Pen após relatório da UE com denúncias de fraude

Líder ultraconservadora é acusada de usar verbas do Parlamento Europeu para bancar despesas do próprio partido
A líder de extrema direita e candidata presidencial francesa Marine Le Pen em um evento de campanha em Avignon, na França, na última quinta-feira Foto: CHRISTIAN HARTMANN / REUTERS
A líder de extrema direita e candidata presidencial francesa Marine Le Pen em um evento de campanha em Avignon, na França, na última quinta-feira Foto: CHRISTIAN HARTMANN / REUTERS

PARIS — A promotoria de Paris abriu uma investigação relacionada às alegações de que a líder nacionalista Marine Le Pen e vários membros de seu partido usaram indevidamente centenas de milhares de euros de fundos da União Europeia entre 2004 e 2017, quando ela era membro do Parlamento Europeu. A informação surge a menos de uma semana da eleição presidencial francesa, na qual ela enfrenta o atual presidente francês, Emmanuel Macron, no segundo turno.

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A promotoria disse que, em 11 de março, recebeu um relatório produzido pelo Organismo Europeu de Luta Antifraude (Olaf), e que as denúncias atualmente estão sob análise. O site francês Mediapart revelou a existência do relatório neste sábado.

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O advogado de Le Pen, Rodolphe Bosselut, negou qualquer irregularidade em entrevista à emissora de TV BFM TV. Um porta-voz de Le Pen não respondeu a pedidos de comentário.

De acordo com Mediapart, o relatório aponta que várias despesas políticas apresentadas por Le Pen e aliados de seu partido quando eram deputados eram fictícias.

As despesas incluem a aquisição de equipamentos promocionais para a realização de uma conferência em 2014, pagamentos a vários prestadores de serviços e organizações, compras pessoais de vinho e financiamento para eventos do partido não relacionados a responsabilidades parlamentares.

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O valor total da suposta fraude é superior a € 617 mil (R$ 3,13 milhões). Le Pen seria pessoalmente responsável por cerca de € 137 (R$  696 mil) e seu pai, Jean-Marie Le Pen, por cerca de € 303 mil (R$ 1,54 milhões), segundo a Mediapart..

Um porta-voz do Olaf disse que a agência finalizou a sua investigação em setembro de 2021, oferecendo uma série de recomendações, e enviou seu relatório final ao Parlamento Europeu e às autoridades judiciais francesas e belgas. A investigação levantou suspeitas sobre várias pessoas e entidades. O porta-voz acrescentou que “os relatórios finais dos casos não são tornados públicos pelo Olaf”.

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As pesquisas apontam para uma vitória de Macron no segundo turno no próximo domingo (24 de abril), e a diferença entre o presidente e Le Pen aumentou na semana passada, de acordo com um agregador de pesquisas. Mas ainda é provável que a disputa seja muito mais acirrada do que na eleição de 2017, quando Macron derrotou Le Pen por mais de 30 pontos percentuais.