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'Profundo remorso', diz imperador japonês sobre atuação do país na Segunda Guerra

No 73º aniversário de rendição, homenagem de primeiro-ministro enfurece China e Coreia do Sul
Imperador Akihito e imperatriz Michiko, curvam-se perante memorial em 73º aniversário de rendição japonesa na Segunda Guerra Mundial: monarca expressou 'profundo remorso' Foto: TORU HANAI / REUTERS
Imperador Akihito e imperatriz Michiko, curvam-se perante memorial em 73º aniversário de rendição japonesa na Segunda Guerra Mundial: monarca expressou 'profundo remorso' Foto: TORU HANAI / REUTERS

TÓQUIO — O imperador japonês Akihito expressou nesta quarta-feira um "profundo remorso" pelas ações de seu país durante a Segunda Guerra Mundial, no dia do 73º aniversário da rendição do Japão em 1945.

"Refletindo sobre nosso passado e levando em consideração os sentimentos de profundo remorso, espero fervorosamente que os estragos da guerra nunca se repitam", disse o monarca de 84 anos diante de 6 mil pessoas no salão Nippon Bukoan, no centro de Tóquio.

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Foi a última participação nessa cerimônia do imperador, que deve abdicar em abril de 2019 e será substituído por seu filho Naruhito, por meio de uma lei especial que permitirá sua ascensão ao trono antes da morte do pai.

Akihito, filho de Hirohito, imperador do Japão durante a guerra e que anunciou a rendição em 15 de agosto de 1945, usou a expressão "profundo remorso" pela primeira vez em 2015 e desde então a repetiu a cada cerimônia.

Mais cedo, o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe enviou uma oferenda ao controverso santuário Yasukuni, em Tóquio, mas não visitou o local pessoalmente. Ao invés de entregar a homenagem pessoalmente, Abe enviou um assistente em seu lugar, permanecendo mais uma vez afastado do santuário que homenageia os mortos pela pátria, incluindo criminosos de guerra condenados.

A decisão de Abe foi tomada no momento em que o primeiro-ministro tenta melhorar os laços com a China, já que suas visitas e as de outros políticos japoneses a Yasukuni provocaram no passado a irritação de Pequim e outros vizinhos que foram invadidos e ocupados pelo Japão.

O santuário privado presta homenagem a quase 2,5 milhões de soldados e outras pessoas que morreram pelo Império Japonês do início da era Meiji (1868) até o fim da Segunda Guerra Mundial.

No entanto, desde 1978 o local também conta em seus registros com os nomes de japoneses condenados por crimes de guerra pelos Aliados após a rendição do Japão, que aconteceu depois das bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos sobre Hiroshima (6 de agosto de 1945) e Nagasaki (9 de agosto), deixando mais de 210 mil mortos.

As relações da China com o Japão são complicadas há décadas pelo desejo de Pequim de ver um pedido de desculpas do governo japonês pelas ocupações realizadas antes e durante a Segunda Guerra em solo chinês. O Japão também ocupou a Península Coreana de 1910 até 1945, o que motiva uma tensão histórica. Citando palavras de Abe, o assessor Masahiko Shibayama declarou:

— Por favor, rezem pelas almas dos mortos. Sinto muito não poder comparecer pessoalmente.

Apesar de Abe não ter comparecido pessoalmente ao polêmico santuário, o Ministério das Relações Exteriores da Chinacriticou a atitude japonesa: "O santuário de Yasukuni homenageia criminosos de guerra que foram diretamente responsáveis pela guerra de agressão. Nós nos colocamos firmemente contra as práticas do lado japonês", afirmou a instituição em um comunicado.

Já a contraparte sul-coreana fez coro às declarações de Pequim. "Nosso governo exige que os líderes políticos do Japão façam considerações sérias e tomem sinceras atitudes de autorreflexão sobre o passado histórico", afirmou o governo de Seul em um comunicado.