Mundo Guerra na Ucrânia

Putin acusa Ocidente de terrorismo e pede que Justiça seja dura com conspirações

Serviço secreto diz ter evitado assassinato de jornalista russo planejado por grupo neonacionalista ucraniano
Protesto em Colônia, na Alemanha: pôster do artista Thomas Baumgaertel mostra o presidente Vladimir Putin com uniforme de presidiário Foto: THILO SCHMUELGEN / REUTERS
Protesto em Colônia, na Alemanha: pôster do artista Thomas Baumgaertel mostra o presidente Vladimir Putin com uniforme de presidiário Foto: THILO SCHMUELGEN / REUTERS

LONDRES — O presidente russo, Vladimir Putin, acusou o Ocidente de tentar destruir a Rússia e pediu à Justiça que seja dura com o que ele chamou de conspirações planejadas por espiões estrangeiros para dividir o país e desacreditar suas Forças Armadas.

Falando para um grupo com os principais promotores da Rússia, Putin também acusou o Ocidente de incitar a Ucrânia a planejar ataques contra jornalistas russos — alegação rejeitada por Kiev.

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Putin disse que o serviço secreto russo, o FSB, que sucedeu a KGB da era soviética, conseguiu evitar o assassinato do jornalista Vladimir Solovyev, da TV russa. O crime teria sido planejado por um "grupo terrorista", de acordo com o presidente.

— Eles passaram para o terror para preparar o assassinato de nossos jornalistas — disse Putin a respeito do Ocidente.

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Ex-espião da KGB, Putin não forneceu provas das suas declarações. O chefe do FSB, Alexander Bortnikov, disse que um grupo de seis cidadãos russos neonacionalistas planejou matar Solovyev — um dos jornalistas de rádio e TV mais importantes da Rússia — a mando do Serviço de Segurança do Estado da Ucrânia (SBU).

O SBU negou as alegações, que disse serem fantasias inventadas por Moscou: "O SBU não tem planos de assassinar V. Solovyev", disse em um comunicado.

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Solovyev, apresentador de talk shows cujos convidados frequentemente criticam a Ucrânia e justificam as ações de Moscou no país invadido, agradeceu ao FSB.

Putin disse que o Ocidente percebeu que a Ucrânia não poderia vencer a Rússia na guerra, então mudou de plano: a destruição da própria Rússia.

— Outra tarefa veio à tona: dividir a sociedade russa e destruir a Rússia por dentro — disse Putin. — Não está funcionando.

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O presidente russo disse ainda que organizações de mídia estrangeira e redes sociais foram usadas por espiões do Ocidente para fazer provocações contra as Forças Armadas da Rússia. Putin pediu que promotores reajam rapidamente a notícias falsas e relatórios que minam a ordem, sem dar exemplos específicos, e combatam o extremismo "mais ativamente".

— Eles geralmente são organizados principalmente no exterior, de maneiras diferentes: ou a informação vem de lá ou o dinheiro.

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Poucos dias depois de ordenar a invasão da Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, Putin assinou uma lei que impõe uma pena de prisão de até 15 anos por divulgar intencionalmente notícias "falsas" sobre os militares .

A Rússia acusa a mídia ocidental de fornecer uma narrativa excessivamente parcial da guerra na Ucrânia que ignora amplamente as preocupações de Moscou sobre a ampliação da Otan e o que diz ser a perseguição de falantes de russo na Ucrânia.

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A invasão russa da Ucrânia já matou milhares de pessoas, deslocou outros milhões e aumentou o medo de um confronto mais amplo entre a Rússia e os EUA — de longe as duas maiores potências nucleares do mundo.

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Putin diz que a "operação militar especial" na Ucrânia é necessária porque os Estados Unidos estavam usando a Ucrânia para ameaçar a Rússia e a Ucrânia era culpada do genocídio de pessoas de língua russa.

A Ucrânia diz que está lutando contra uma apropriação de terras pela Rússia e que essas acusações de genocídio são um absurdo.