Mundo Política Externa

Secretário de Estado dos EUA cobra ações ambientais concretas do Brasil

Recado foi dado em telefonema ao chanceler Carlos França para parabenizar país por cooperação em projeto da Nasa
Jair Bolsonaro participa da cerimônia de assinatura do Acordo Brasil e Estados Unidos, no Programa Artemis, no Palácio do Planalto, em Brasília Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS/15-06-2021
Jair Bolsonaro participa da cerimônia de assinatura do Acordo Brasil e Estados Unidos, no Programa Artemis, no Palácio do Planalto, em Brasília Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS/15-06-2021

O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, cobrou ações ambientais concretas do Brasil nesta quinta-feira, citando as metas para alcançar a neutralidade de carbono e eliminar o desmatamento, informou o Departamento de Estado. O recado foi dado em telefonema ao chanceler brasileiro, Carlos França, para parabenizar o país pela assinatura de um acordo de cooperação em projeto da Agência Espacial Americana (Nasa).

“Eles discutiram as metas encorajadoras do presidente Bolsonaro para alcançar a neutralidade de carbono até 2050, dobrar o financiamento para combater o desmatamento ilegal e eliminar o desmatamento ilegal até 2030, e a necessidade de sustentar essas metas com etapas de implementação concretas no curto prazo”, disse o Departamento de Estado em nota.

Contexto: Pressionado por ações ambientais, Bolsonaro antecipa para 2050 meta de neutralizar gases poluentes

Ainda segundo o Departamento, Blinken também parabenizou o chanceler pela eleição do Brasil para o Conselho de Segurança das Nações Unidas e por se tornar o primeiro signatário latino-americano do Projeto Artemis, que pretende levar a primeira mulher e o próximo homem à superfície lunar em 2024. O acordo de cooperação entre os países foi oficializado na terça-feira pelo presidente Jair Bolsonaro em cerimônia no Palácio do Planalto.

Apesar das promessas feitas pelo governo brasileiro na Cúpula de Líderes sobre o Clima , em abril, a previsão inicial de orçamento para o Ministério do Meio Ambiente em 2021 era a menor desde o início do século, incluindo cortes de 29,1% nos recursos do Ibama e de 40,4% nos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).  Por causa desse esvaziamento, em 2019 e 2020 — os dois primeiros anos do governo Bolsonaro —  o desmatamento da Amazônia atingiu os maiores números desde 2008, chegando a 10.129km² e 11.088km², respectivamente, segundo o sistema de monitoramento oficial Prodes.

Entenda: Ártemis, o ambicioso projeto de volta à Lua da Nasa

No Twitter, Blinken também parabenizou o governo brasileiro pela assinatura no Projeto Artemis:

“Valorizo nossa forte parceria com o Brasil e estou ansioso para aprofundar nossa cooperação econômica, ambiental e de segurança”.

O programa Artemis marcará o retorno dos humanos à superfície lunar pela primeira vez desde 1972. A NASA afirmou que a missão estará focada em “alcançar a meta de um pouso tripulado inicial até 2024 com riscos técnicos aceitáveis, enquanto trabalha simultaneamente para a exploração lunar sustentável para o final dos anos 2020.”

O Brasil é o único país da América Latina e o 12º no mundo a entrar para a lista de parceiros do projeto.

A primeira fase do plano da NASA inclui um voo de teste de um mês ao redor da Lua, sem astronautas, chamado Artemis 1, previsto para o outono de 2021. Artemis 2 então completaria o mesmo voo de teste em 2023 com uma tripulação, e Artemis 3 começaria a missão tripulada com pouso em território lunar no ano seguinte.

Corrida: Rússia deve se manter uma potência espacial e nuclear, diz Putin no 60º aniversário do voo de Gagarin ao espaço

Os astronautas da Artemis 3 passarão cerca de uma semana na superfície da Lua coletando amostras, conduzindo experimentos e procurando recursos, de acordo com o plano da NASA. No final da década, o plano prevê que a agência estabeleça uma base para humanos, chamada de acampamento-base Artemis, que apoiaria expedições mais longas na Lua e em Marte.

O cronograma da NASA, no entanto, depende de o Congresso liberar US$ 3,2 bilhões para construir um sistema de aterrissagem. No geral, o programa pede US$ 28 bilhões em financiamento até 2025.

De acordo com a NASA, 65 mulheres viajaram ao espaço até março de 2020. No ano passado, astronautas da agência americana fizeram história ao completar a primeira caminhada espacial comandada por uma tripulação 100% feminina.