Mundo Guerra na Ucrânia

Suíça abandona neutralidade e adota todas as sanções da UE contra Rússia

Medidas incluem sanções contra o presidente russo, Vladimir Putin, envolvendo o congelamento de fundos
Manifestantes seguram faixas em apoio a Ucrânia, em frente ao Escritório das Nações Unidas em Genebra, Suíça Foto: PIERRE ALBOUY / REUTERS
Manifestantes seguram faixas em apoio a Ucrânia, em frente ao Escritório das Nações Unidas em Genebra, Suíça Foto: PIERRE ALBOUY / REUTERS

BERNA — A Suíça deixou sua posição de neutralidade e anunciou que vai retomar de forma "integral" as sanções econômicas adotadas pela União Europeia (UE) em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia, na última quinta-feira. As medidas incluem sanções contra o presidente russo, Vladimir Putin; seu ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov; e o primeiro-ministro Mikhail Mishustin, e terão efeito imediato.

— Trata-se de um grande passo para a Suíça, um país tradicionalmente neutro —  disse o presidente Ignazio Cassis, nesta segunda-feira. — O Conselho Federal [o órgão executivo suíço] tomou essa decisão com convicção, de uma forma reflexiva e inequívoca.

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As sanções significam congelar imediatamente os ativos de pessoas e empresas que figuram na lista de personalidades russas classificadas pelo Ocidente como cúmplices de Putin no ataque à Ucrânia. A ministra da Justiça, Karin Keller-Sutter, por sua vez, informou que cinco magnatas russos, "muito próximos de Vladimir Putin" e com vínculos muito importantes na Suíça, "estão proibidos de entrar" no país. Suas identidades não foram divulgadas.

— Essas pessoas não têm visto de residência na Suíça, mas contam com importantes vínculos econômicos, sobretudo, nas finanças e no negócio de matérias-primas — afirmou Keller-Sutter.

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Dados do Banco de Compensações Internacionais (BIS) indicam que residentes russos têm cerca de US$ 24 bilhões depositados em bancos suíços. Alguns analistas, no entanto, estimam que as somas podem ser bem mais significativas.

Ainda na sexta-feira, o presidente  Cassis havia deixado claro que desejava manter o caminho da moderação em relação a Moscou, mesmo que as sanções, que se baseiam nas da UE, tenham sido endurecidas. Mas nos últimos dias, autoridades suíças estiveram sob forte pressão para se alinharem com o bloco e com os Estados Unidos.

No sábado, a Comissão Europeia, França, Alemanha, Itália, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos anunciaram medidas econômicas sem precedentes. Nas ruas, milhares de pessoas se manifestaram na capital, Berna, e em diferentes cidades suíças para pedir ao Conselho Federal que se envolvesse mais.

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A mudança de postura foi comemorada pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

— Estou muito feliz que a Suíça tenha se unido a nós nas sanções contra a Rússia.

Também nesta segunda, Estados Unidos proibiram todas as transações com o Banco Central da Rússia, sanção de efeito imediato e de uma gravidade sem precedentes, que limitará consideravelmente a capacidade de Moscou para defender sua moeda e apoiar sua economia. Dois dias antes, EUA, União Europeia e Reino Unido já haviam anunciado a remoção de alguns bancos russos do sistema de transações internacionais Swift .

A cotação do rublo desabou e registrou valores mínimos em relação ao dólar e ao euro na abertura no mercado de câmbio em Moscou, nesta segunda.