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Trump conversa com líder talibã enquanto disputa de prisioneiros ameaça plano de paz no Afeganistão

Ligação ocorreu três dias após Baradar e o enviado especial dos EUA, Zalmay Khalilzad, assinarem acordo para retirada das forças americanas do país islâmico
Mulá Abdul Ghani Baradar, líder da delegação talibã, e Zalmay Khalilzad, enviado dos EUA, firmam acordo de paz para o Afeganistão, em Doha Foto: IBRAHEEM AL OMARI / REUTERS/29-02-2020
Mulá Abdul Ghani Baradar, líder da delegação talibã, e Zalmay Khalilzad, enviado dos EUA, firmam acordo de paz para o Afeganistão, em Doha Foto: IBRAHEEM AL OMARI / REUTERS/29-02-2020

CABUL/WASHINGTON — O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversou por telefone com o principal negociador do Talibã, mulá Abdul Ghani Baradar , nesta terça-feira. Foi a primeira comunicação direta conhecida entre um líder americano e uma importante autoridade do movimento fundamentalista islâmico.

A ligação, que durou cerca de 35 minutos, ocorreu três dias após Baradar e o enviado especial dos EUA, Zalmay Khalilzad, assinarem um acordo para a retirada das forças americanas do Afeganistão . Desde então, teve início uma disputa sobre a libertação de prisioneiros talibãs, que pode criar obstáculos para o esforço de paz liderado pelos EUA no país.

Em um comunicado, o porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, disse que Trump garantiu a Baradar que em breve o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, entrará em contato com Ghani, “para que as barreiras contra as negociações interafegãs sejam removidas”.

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Segundo Mujahid, Baradar disse a Trump que "é um direito inerente dos afegãos que todos os pontos deste acordo sejam implementados o mais rapidamente possível para que a paz chegue ao Afeganistão”.

Já o presidente americano Donald Trump deu poucos detalhes da conversa.

— Eles estão lidando com o Afeganistão, mas veremos o que acontece. Tivemos uma conversa muito boa com o líder do Talibã. Nós não queremos violência — disse a repórteres na saída da Casa Branca.

Esse acordo de paz é um passo importante para acabar com a guerra mais longa dos EUA e pode ajudar a aumentar a força de Trump para um segundo mandato nas eleições de novembro.

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O presidente americano pede a retirada gradual das tropas internacionais lideradas pelos EUA e o início, em 10 de março, de negociações entre o Talibã e uma delegação afegã que incluiria funcionários do governo em um acordo político para resolver o conflito.

Mas o esforço de paz rapidamente encontrou um obstáculo: o presidente afegão, Ashraf Ghani, se recusou a implementar uma disposição do acordo, do qual seu governo não faz parte. O pacto pede a libertação até 10 de março de 5 mil prisioneiros pelo governo afegão, em troca da soltura de mil presos pelo Talibã.

Ghani disse que o assunto deveria ser negociado. O Talibã, no entanto, diz que só negociará com governo afegão após soltura dos 5 mil prisioneiros.