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Ucrânia e separatistas pró-Rússia começam a retirar tropas do leste do país

Medida é pré-condição de Moscou para início de negociações de paz, que devem incluir também Macron e Merkel
Tropas ucranianas retiram tanques na região de Bogdanivka, na região de Donetsk, dominada por separatistas pró-Rússia Foto: OLEKSANDR KLYMENKO / REUTERS
Tropas ucranianas retiram tanques na região de Bogdanivka, na região de Donetsk, dominada por separatistas pró-Rússia Foto: OLEKSANDR KLYMENKO / REUTERS

BOGDANIVKA, Ucrânia — A Ucrânia e os separatistas pró-russos começaram neste sábado a retirar suas tropas de um setor-chave da linha de frente no leste do país, o passo prévio a uma cúpula internacional destinada a relançar o processo de paz. A retirada das tropas e do armamento começou entre os povoados de Petrivske e Bogdanivka, segundo o Exército ucraniano.

A agência de imprensa oficial dos separatistas, DAN, informou em seu site que "as autoridades da República Popular de Donetsk (DNR) comemoram o começo da retirada das armas e dos soldados" desta zona.

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A movimentação dos militares começou pouco depois das 12h (7h no horário de Brasília). Os separatistas e os ucranianos lançaram foguetes luminosos brancos para indicar que ambos os campos estavam preparados e depois um verde, que significava que começavam a se retirar.

O fim do processo de retirada, segundo autoridades ucranianas, será em 12 de novembro, quando tropas e equipamentos estarão posicionados em outros locais. Depois disso, serão dedicados 25 dias à limpeza da zona e ao desmantelamento das trincheiras e fortificações.

As aldeias de Petrivske e Bogdanivka, a primeira controlada pelos separatistas e a segunda por Kiev, estão situadas perto da "capital" rebelde de Donetsk. A operação estava prevista inicialmente para segunda-feira e depois, sexta, mas foi adiada por disparos na zona. A retirada deste sábado é "a última condição prévia para organizar a cúpula quadripartite", explicou nesta semana o chanceler ucraniano, Vadym Prystaiko.

Cúpula inédita

Na cúpula participarão representantes da Ucrânia e da Rússia com a mediação da França e da Alemanha. Prystaiko espera que este encontro entre o russo Vladimir Putin, o ucraniano Volodymyr Zelensky, o francês Emmanuel Macron e a alemã Angela Merkel possa ocorrer ainda em novembro, em Paris.

Seria o primeiro encontro nesse nível para buscar uma saída para o conflito, que começou em 2016 no leste da Ucrânia, opondo o governo ucraniano e rebeldes separatistas apoiados por Moscou. A realização da cúpula não foi concretizada até agora porque a Rússia condicionava o diálogo à retirada das tropas ucranianas em três pequenos setores da linha de frente.

A retirada de tropas, iniciada pelo novo presidente ucraniano em maio, gera preocupação na Ucrânia, sobretudo entre os ex-combatentes. Zelensky prometeu dar um status especial à região separatista de Donbass, gerando protestos de forças nacionalistas do país.

O conflito deixou cerca de 13.000 mortos desde que começou, há cinco anos, um mês depois da anexação por parte de Moscou da Península da Crimeia, que pertencia à Ucrânia. Ucranianos e ocidentais acusam Moscou de apoiar financeiramente e militarmente aos separatistas e de controlar de fato a zona, acusação que Moscou nega.