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Universidades dos EUA admitirão punidos por protestos contra armas

Instituições de prestígio como MIT e Yale reagem a ameaça de suspensão feita por autoridades educacionais locais
Em Los Angeles, manifestantes protestam contra violência armada nos Estados Unidos Foto: Richard Vogel / AP
Em Los Angeles, manifestantes protestam contra violência armada nos Estados Unidos Foto: Richard Vogel / AP

WASHINGTON - Dezenas de universidades dos EUA, incluindo pelo menos três instituições da prestigiosa Ivy League — Brown, Yale e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) —, anunciaram que seus processos de inscrição não considerarão quaisquer ações disciplinares contra estudantes do ensino médio que tiverem participado de manifestações pelo controle do porte de armas na esteira do massacre do dia 14 numa escola na Flórida. Algumas delas até encorajaram abertamente a participação nos protestos.

Várias autoridades de distritos escolares ameaçaram suspender os estudantes do ensino médio que participassem de manifestações a favor do controle de armas a nível nacional, além de outros protestos convocados por sobreviventes do ataque que matou 17 pessoas na Marjory Stoneman Douglas, em Parkland. Este tipo de ação disciplinar às vezes pode seriamente prejudicar as chances de um aluno de entrar em uma faculdade de sua preferência.

O movimento de estudantes #NeverAgain (Nunca mais) renovou o longo debate sobre o controle de armas e poderia influenciar as eleições de meio de mandato nos EUA, em novembro. Os sobreviventes exigiram que congressistas restrinjam as vendas de armas e miram em políticos financiados pela Associação Nacional do Rifle (NRA), grupo que lidera o lobby a favor de relaxamento das regulações sobre armamento no país.

"Yale NÃO vai cancelar a decisão de admitir ninguém por participar de ações pacíficas por esta ou outras causas, independentemente de qualquer política disciplinar do ensino médio", escreveu na sexta-feira em um blog Hannah Mendlowitz, diretora assistente de admissões e recrutamento na Universidade de Yale. "Eu, da minha parte, encorajarei esses alunos a partir de New Haven."

Uma reunião de estudantes apelidada de March For Our Lives (Marcha por nossas vidas) está agendada para 24 de março, em Washington. Funcionários de alguns distritos escolares alertaram contra o envolvimento em manifestações durante o horário escolar.

"Se os alunos escolherem fazê-lo, eles serão suspensos da escola por 3 dias e enfrentarão todas as consequências que acompanham uma suspensão fora da escola", advertiu estudantes em uma mensagem no Facebook Curtis Rhodes, superintendente do Distrito Escolar Independente de Needville, no Texas.

Emma González, sobrevivente do massacre da Flórida, virou voz de manifestantes Foto: RHONA WISE / AFP
Emma González, sobrevivente do massacre da Flórida, virou voz de manifestantes Foto: RHONA WISE / AFP

Além de Yale, mais de 40 universidades, incluindo Brown, Dartmouth e o MIT, emitiram declarações apoiando potenciais alunos que possam se juntar aos chamados dos sobreviventes de Parkland e arriscar uma ação disciplinar das escolas.

Stu Schmill, diretor de admissões no MIT, em Cambridge (Massachusetts), disse em uma declaração que qualquer participação "significativa e pacífica" em um protesto que resulte em ação disciplinar não afetará sua decisão sobre admissão de um futuro candidato.

Funcionários do Dartmouth College, em Hanover, New Hampshire, levaram ao Twitter na sexta-feira para dizer que também apoiam protestos pacíficos e exortaram os alunos a "falarem a verdade".

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LOBISTAS SOB PRESSÃO FINANCEIRA

Vários parceiros corporativos da NRA disseram que estão cortando os laços de marketing com a organização. Duas companhias aéreas, a Delta e a United, tornaram-se as mais recentes, dizendo no Twitter que não estavam mais oferecendo aos membros da NRA taxas de desconto e que pediriam ao grupo lobista que removesse suas informações do site.

Funcionários da NRA criticaram os defensores do controle de armas, argumentando que as "elites democratas estão politizando a fúria de Parkland para erradicar os direitos das armas".